quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Carnaval trabalhando



Esse Carnaval foi o finalzinho das minhas férias. E eu tirei os dias de folia para me mudar. Mudar tem um significado interessante.

v.t. Remover, pôr em outro lugar, deslocar.
Alterar, modificar, transformar, converter.
Trocar, substituir.
V.i. e v.pr. Transferir a residência, trocar de domicílio.

Estou me sentindo muito assim. Como quem se transforma, se converte em outra coisa, sai do casulo, deixa de ser lagarta e vira borboleta. Como quem vai para o lugar onde tudo faz sentido, como se onde eu estivesse não fora mais meu porto seguro há muito tempo.

E assim como quem se transforma jamais fica igual, eu também tenho ganas de não levar nada comigo, nada que represente o meu passado mal passado, cozido e ensopado. Não consigo arrumar minhas roupas e quando tento, fico tentada a separar tudo para doação. Não sei o que está acontecendo comigo. Mas tenho que levá-las, não é mesmo? Pelo menos, parte dela...

Não é falta de espaço, muito pelo contrário. Mas, é como se eu não quisesse levar nada do que eu tenho comigo, nada do que eu fui, nada do que eu construí. Dá vontade de rasgar o caderno da vida, e começar tudo novo... de novo...

Por isso, escolhi esta música do Moska, que eu amo tanto, para ilustrar o post de hoje. Vamos começar? Hoje tem um sol diferente no céu...

Música do dia: "Tudo novo de novo" - Moska

terça-feira, fevereiro 21, 2012

É Carnaval! Abram alas!


Desde que vi a minissérie sobre a Chiquinha Gonzaga, fiquei impressionada com a história dela. Que mulher valente e inteligente, pois sabia usar sua valentia de todos os jeitos possíveis, mas sem apelar para a força.

Eu sei que Chiquinha gostaria de ser mais lembrada por suas músicas, mas essa é realmente famosíssima!

Ó Abre Alas
Chiquinha Gonzaga

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar.

Até mudando um pouco o ritmo da música, ela é uma graça. Viva o Zé Renato!

É Carnaval! Mas, que calor!

Alá-la-ô ô ô
Nássara

Alá-la-ô ô ô,
mas que calor ô ô.
Atravessando o deserto do Saara,
o sol estava quente
e queimou a nossa cara,
Alá-la-ô ô ô.

Viemos do Egito
e muitas vezes nós tivemos que rezar:
Alá, Alá Alá,
Meu bom Alá,
mande água para ioiô,
mande água para iaiá,
Alá, meu bom Alá...


Diz Nássara em entrevista: Eu tinha ido à RCA Victor e o chefe, Mr. Evans, me disse que era preciso adiantar a gravação do Alá-la-ô. Quem fazia as orquestrações para a RCA, na época, era o Pixinguinha. Levei a partitura para o imortal Pixinguinha, que residia na rua Chichorro, 84, em Catumbi. Sabe como é o Catumbi, ao meio-dia no verão? O sol chega a furar o asfalto. Encontrei o Pixinguinha de cuecas, no piano, suando por todo lado e mostrei-lhe Alá-la-ô juntamente com uma parte, já pronta par ao piano. Apesar de bastante atolado com inúmeros trabalhos, Pixinguinha mandou eu cantar e leu a melodia. Falou-me: Nássara, tudo errado! E rasgou a parte feita para o piano cuja linha melódica não caía perfeitamente. Chamou sua mulher, Geny, e disse: Traga papel de música. Escreveu novamente toda a melodia e fez o arranjo que todos conhecem. No dia da gravação eu e Carlos Galhardo ficamos estarrecidos, Pixinguinha tinha dividido a melodia em compassos marcantes, saltitantes, brejeiros, originais, vestindo-a com roupagem da alma popular. E eu tive uma sorte danada porque Alá-la-ô ficou sendo uma das músicas mais tocadas no carnaval. Das que fiz, foi a única música que me rendeu alguma coisa.

Veja o Eduardo Dussek cantando isso daquele jeitinho dele... e de quebra fazendo uma homenagem pra Bethânia!

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Quem nunca achou que a grama do vizinho era mais verde do que a sua?

Poema em linha reta

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Lindo!


    ESTATUTO DO HOMEM
    (Ato Institucional Permanente)

    A Carlos Heitor Cony

    Artigo I

    Fica decretado que agora vale a verdade.
    agora vale a vida,
    e de mãos dadas,
    marcharemos todos pela vida verdadeira.


    Artigo II

    Fica decretado que todos os dias da semana,
    inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
    têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


    Artigo III

    Fica decretado que, a partir deste instante,
    haverá girassóis em todas as janelas,
    que os girassóis terão direito
    a abrir-se dentro da sombra;
    e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
    abertas para o verde onde cresce a esperança.


    Artigo IV

    Fica decretado que o homem
    não precisará nunca mais
    duvidar do homem.
    Que o homem confiará no homem
    como a palmeira confia no vento,
    como o vento confia no ar,
    como o ar confia no campo azul do céu.


    Parágrafo único:

    O homem, confiará no homem
    como um menino confia em outro menino.


    Artigo V

    Fica decretado que os homens
    estão livres do jugo da mentira.
    Nunca mais será preciso usar
    a couraça do silêncio
    nem a armadura de palavras.
    O homem se sentará à mesa
    com seu olhar limpo
    porque a verdade passará a ser servida
    antes da sobremesa.


    Artigo VI

    Fica estabelecida, durante dez séculos,
    a prática sonhada pelo profeta Isaías,
    e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
    e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.


    Artigo VII

    Por decreto irrevogável fica estabelecido
    o reinado permanente da justiça e da claridade,
    e a alegria será uma bandeira generosa
    para sempre desfraldada na alma do povo.


    Artigo VIII

    Fica decretado que a maior dor
    sempre foi e será sempre
    não poder dar-se amor a quem se ama
    e saber que é a água
    que dá à planta o milagre da flor.


    Artigo IX

    Fica permitido que o pão de cada dia
    tenha no homem o sinal de seu suor.
    Mas que sobretudo tenha
    sempre o quente sabor da ternura.


    Artigo X

    Fica permitido a qualquer pessoa,
    qualquer hora da vida,
    o uso do traje branco.


    Artigo XI

    Fica decretado, por definição,
    que o homem é um animal que ama
    e que por isso é belo,
    muito mais belo que a estrela da manhã.


    Artigo XII

    Decreta-se que nada será obrigado
    nem proibido,
    tudo será permitido,
    inclusive brincar com os rinocerontes
    e caminhar pelas tardes
    com uma imensa begônia na lapela.


    Parágrafo único:

    Só uma coisa fica proibida:
    amar sem amor.


    Artigo XIII

    Fica decretado que o dinheiro
    não poderá nunca mais comprar
    o sol das manhãs vindouras.
    Expulso do grande baú do medo,
    o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
    para defender o direito de cantar
    e a festa do dia que chegou.


    Artigo Final.

    Fica proibido o uso da palavra liberdade,
    a qual será suprimida dos dicionários
    e do pântano enganoso das bocas.
    A partir deste instante
    a liberdade será algo vivo e transparente
    como um fogo ou um rio,
    e a sua morada será sempre
    o coração do homem.

Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

domingo, fevereiro 19, 2012

É preciso...


... esclarecer: não vou pular carnaval, nem quero ver desfiles! Mas, tô de boa! Vai brincar na fé, se esta é a tua!

É Carnaval! E elas não negam a raça...

Thalma de Freitas


Sheron Menezes


Cris Vianna


A gente não pode esquecer de "O teu cabelo não nega", uma música do Lamartine Babo e Irmãos Valença, que também é sucesso em qualquer bloco, em todos os carnavais.

Nesse vídeo, Haroldo Costa conta um pouquinho da história da música, e Eduardo Dussek e José Renato dão uma palinha fantástica, suavizando o ritmo e tornando-a mais cadenciada. Aprecie!

Aproveito para homenagear três mulatas lindíssimas, que cuidam maravilhosamente bem dos seus cabelos!



O Teu Cabelo Não Nega
Marchinhas de Carnaval

O teu cabelo não nega, mulata,
Porque és mulata na cor,
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata eu quero o teu amor.

Tens um sabor bem do Brasil;
Tens a alma cor de anil;
Mulata, mulatinha, meu amor,
Fui nomeado teu tenente interventor.

Quem te inventou, meu pancadão
Teve uma consagração.
A lua te invejando faz careta,
Porque, mulata tu não és deste planeta.

Quando, meu bem, vieste à Terra,
Portugal declarou guerra.
A concorrência então foi colossal:
Vasco da Gama contra o batalhão naval.




Difícil é ficar parado, não é mesmo?

É Carnaval! E ele não poderia faltar...


Sempre o vi como um homem cultíssimo, que eu queria para meu avô, para me contar histórias com aquela dicção sensacional e aquele ar de sabedoria, apesar de ter tido dois avôs sensacionais. Se pudesse ter mais um, queria que fosse o Mário. Mário Lago, advogado, poeta, letrista, morreu aos 90 anos, atuando firme e forte (talvez não tão firme, nem tão forte, mas atuando!). E escreveu a marchinha "Aurora" que cantamos incessantemente todo carnaval. Salve ele!

Aurora
Mário Lago

Se você fosse sincera
Oh, oh, oh, Aurora
Veja só que bom que era
Oh, oh, oh, Aurora

Um lindo apartamento
Com porteiro, elevador
Um ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Oh, oh, oh, Aurora




Essa que está cantando a marchinha é nossa querida Teresa Cristina, que tive o prazer de ver cantar ao vivo no "Carioca da Gema", na Lapa. E aí? Vai dizer que não está cantando junto?

sábado, fevereiro 18, 2012

É Carnaval! E eu não estou exultante de alegria...


Sinto muito, mas cansei desse imperativo de folia. Não que eu insista em ser melancólica. Mas, eu não quero ter que esbanjar alegria ao Deus dará só porque é Carnaval. Não vou me fantasiar, nem encarar algum bloco, nem deixar a vida me levar nos cordões da folia de um domingo de Carnaval qualquer. Não quero. Simples assim. Quero o sossego da vida pacata e o distanciamento de tudo que é exagerado. Quero um silêncio profundo, para ouvir meus pensamentos e entender meu coração, que às vezes dispara apressado, sem saber muito bem onde vai chegar. Quero me curar da dor que eu vivi no passado, e que está demorando um pouco mais do que eu gostaria para passar. Quero paz!

Só isso.

Música do dia: Nem o sol, nem a lua, nem eu - Lenine

É Carnaval! E eu sinto saudades...


Hoje a minha avó Irma faria aniversário. Como ela me faz falta. Já se vão 4 anos que ela se foi e eu ainda sinto o vazio de não tê-la para conversar ao telefone quando eu chego do trabalho. Era sempre assim, uma rotina, um ritual. Quando eu achava que ia me atrasar, ligava do caminho, era bom, era quase uma terapia extra. Explicar para a vovó as modernidades da vida, o que era e-mail, o que era internet e, principalmente, o que eu fazia no meu trabalho... um sufoco, mas bem gostoso!

Eu pensei numa música de Carnaval alegre, para homenagear a Irma, que faria muitos anos hoje, se estivesse viva (90)!!! E lembrei de Fita Amarela, do Noel Rosa. Noel, sempre ele.

Fita Amarela
Noel Rosa

Quando eu morrer, não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

Não quero flores nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
Estou contente, consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer.

Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei a ninguém
Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim.


É Carnaval!


Pierrot Apaixonado
Noel Rosa

Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim

Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim



De novo!


Ouça a música aqui... e cante!

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Dica milagrosa

Pra mim, eles têm sido um verdadeiro MILAGRE. Desde que descobri este produto numa viagem a Portugal, na qual meus pés e mãos andaram muito secos por conta da água na Europa, eu nunca mais deixei de usá-los. Estou falando dos cremes Lipikar Xerand (para as mãos) e Lipikar Podologics (para os pés).



Sinto muito dizer, mas não tem para nenhuma marca nacional: Granado, Boticário, Natura, Avon, nada, nada. Esses dois cremes são imbatíveis.

Sabe aquele pezinho com a sola rachada de tanto usar sandália no verão? Pois o Lipikar Podologics resolve, se usado toda noite, na maior disciplina.

Agora, é importante dizer que é preciso ter disciplina, porque paga-se caro, e não dá para deixar o produto estragar sem uso. O bom é que o creme é caro, mas dura bastante. A dica é só passar o produto no pé na hora de dormir, pois a pele do pé leva alguns minutinhos para absorver todo o creme. E olha que eu nem sou especialista, apenas uma curiosa. E curiosamente, esse foi o creme que a dermatologista da minha mãe receitou pra ela com a finalidade de tratar o mesmo problema. Descobrimos por acaso outro dia.

O mesmo vale para as mãos. Deixe para usá-lo quando estiver se hidratando, pois se em seguida você tiver que segurar alguma coisa, fará uma pequena meleca, pois a absorção é um pouco mais lenta que a dos nossos cremes nacionais. Mas, também, a água dos europeus é muito dura, o que resseca a pele loucamente, então o creme tem mesmo que ter mais uréia.

Eu não estou ganhando nada da La roche-Posay para falar destes produtos, mas sou fã da marca há muito tempo, então, se alguém quiser saber mais sobre eles, taí os links Lipikar Xerand e
Lipikar Podologics.

Então, essa é a minha dica milagrosa e valiosa de hoje. Estou testando um outro produto interessante, e já, já postarei alguma coisa sobre ele aqui. Bye!

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Luz


Tem gente que aparece na vida da gente pela fresta, como uma pequena abertura na janela, e vem pra trazer luz. No fundo do poço, é preciso que se tenha muita serenidade para que se consiga enxergar alguma coisa. E aí, uma mão amiga, que nem sabe de seu efeito salvador, aparece e te puxa pra cima, te dando uma energia nova. Opa, que bom o ar aqui em cima! Lá embaixo era tão difícil de respirar!

O impressionante é que quando se sai de lá, da escuridão, é possível enxergar tanta coisa. Vida, principalmente. Eu acredito em Deus, e também em karma. E acho que não passamos por tudo que passamos por mero acaso. Era pra ser assim. Toda hora, ao longo de 2011, ficava me perguntando o que é que eu tinha para aprender afinal... talvez fosse a contar mais comigo do que com os outros. De fato, nós somos, e sempre seremos, nossos melhores amigos, ou os piores inimigos.

Se nos sabotamos ou não, é por nossa conta. Nós temos que cuidar de nos proteger, ou mesmo de nos mostrar para vida. Há o tempo de se abrir para as energias do mundo, e o tempo de se guardar. Eu soube fazer isso. Que bom! Só que sofri muito. Foi o que me disseram na semana passada: "injustiça dói". E eu completei: "dói todo dia".



Aqui estou eu, de pé, como uma gata de sete vidas, determinada, consciente do que eu sou, e do que eu quero, a fim de fazer mais por mim, de conquistar meu lugar no mundo, de trazer esse mundo para perto de mim, para que eu possa usufruir de tudo que ele tem de melhor para me oferecer...

Se 2011 foi um tempo de plantar, reservadamente, com temperança, 2012 é minha hora de colher. O jardim está repleto de frutas e elas estão doces. Cabe a mim não deixá-las passar do ponto. Cabe a mim aproveitar o doce da vida.

Estou aqui, digitando isso, e enquanto escrevo, penso nessa cabeça novamente cheia de ideias, planos, esperanças pro futuro. Ah, como gosto dela assim!

E começo a me dar conta de como mudar é bom! Mudar é fantástico. Estão germinando as sementes, e os novos amigos estão chegando, para contemplar o sol comigo...

Música do dia

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Terapiando


Toda terça-feira chove. Chove bem na hora da terapia, ou começa no almoço e não pára mais. Vou anotar. Hoje choveu muito na hora que eu estava saindo de casa.

Acho que é pra testar minha força de vontade. Na maioria das vezes, dá vontade de não ir...

Mas, eu tenho ido. E tem sido bom!

Whitney


Neste sábado que passou, perdemos precocemente a estrela Whitney Houston. Ela, que estava afastada dos palcos há muito tempo por causa das drogas, tentava retornar, como tentou o Michael Jackson há dois anos (ou já são três?) atrás.

Eu adorava a Whitney. Acho que ela fez a minha cabeça muito seriamente na adolescência. Contra tudo e contra todos, eu escutava a Whitney dia e noite. E a imitava. Gostava de tremer os lábios como ela fazia quando cantava. Isso era coisa de diva negra, pensava. E os meus amigos não suportavam aquele estilo de música. Nem o assaltante que roubou nossa casa e levou todos os nossos CDs quis o da Whitney (graças à Deus!)...

Quando vi o filme "O Guarda Costas", com ela e o Kevin Costner, saí do cinema imediatamente para a loja de CDs e comprei a trilha, que ouvi incessantemente até aposentá-la definitivamente e nunca mais escutá-la na vida. Aquele ato da gente que não sabemos explicar: ouve-se um CD até cansar, para depois nunca mais conseguir ouvir uma música sequer.


Até que sábado, a Whitney faleceu. Aliás, não sei o que estão querendo investigar. As pessoas podem morrer afogadas se dormem profundamente numa banheira cheia d'água. Por isso, é tão perigoso entrar numa banheira para relaxar. Porque nem sempre a gente acorda.

E a tv começou a falar da cantora, da sua história, dos seus problemas com drogas, de seu casamento falido, de sua decadência... enfim, tudo pelo que parece têm que passar as divas da música para que sejam consideradas divas (e é por isso que eu peço a Adele que vá devagar, por favor).

Fazendo uma retrospectiva de sua vida, várias de suas músicas foram mostradas na tv... e eu me dei conta de que ainda sei contá-las todas, que ainda gosto delas, e que elas estão guardadas aqui dentro, no meu sótão intangível particular... em alguma gaveta perdida.



Fiquei me perguntando como uma pessoa que gravou "The greatest love of all" pode ter descido tão fundo...? E talvez, se ela tivesse escutado sua música todos os dias, e cantado a plenos pulmões, ela não tivesse ido tão cedo, não tivesse se entregado tão rápido... É fato que no clipe de "I look to you", ela já estava bem caidinha e sua voz não era a mesma... mas precisava ser mesmo assim? Precisa ser assim com todas elas? A vida da Etta James, por exemplo, também não foi fácil...

Uma pena!

Para quem não se lembra, aqui estão letra e música.

The Greatest Love Of All

I believe that children are our future,
Teach them well and let them lead the way.

Show them all the beauty they possess inside,
Give them a sense of pride... to make it easier,
Let the children's laughter,
Remind us how we used to be .

Everybody's searching for a hero,
People need someone to look up to.
I never found anyone who fulfilled my needs...
Lonely place to be and so i learned to depend on me.

I decided long ago, never to walk in anyone's shadow,
If i fail if i succeed at least
I'll live as i believe
No matter what they take from me.
They can't take away my dignity...
Because the greatest, love of all, is happening to me.

I've found the greatest love of all inside of me
The greatest love of all, is easy to achieve
Learning to love yourself, it is the greatest love of all

And if by chance that special place that ...
You've been dreaminf of
Leads you to a lonely place
Find your strength in love.


segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Coleções



Gosto de colecionar
livros, discos e amigos.
De alguns, eu cuido.
Tiro a poeira, revisito.
Outros, cuidam de mim.
Se desfrutam da minha companhia,
Ou abusam da minha
boa-vontade
É porque eu deixo.
Inexoravelmente, estão
no meu coração.
Tenho ciúmes.
Fazem parte da minha vida.
Os mais importantes, conto nos dedos.
Das mãos.


Música do dia

sábado, fevereiro 11, 2012

Reincidente



“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.

Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?

A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?

A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.

Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?

E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.

A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

Caio Fernando Abreu


Música do dia

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Do que a gente não pode falar...


Tem um nó aqui dentro do meu peito. Tudo que está guardado e eu não posso dizer. Eu olho nos seus olhos e suplico mentalmente que você me entenda. Que você me leia de uma vez só e consiga compreender um pouquinho do que vai aqui dentro. Só por hoje.

Well, she's walking through the clouds
with a circus mind
that's running round.
Butterflies and zebras and moonbeams
and fairy tales,

That's all she ever thinks about ...

Riding with the wind.


E toda vez que a verdade vem, e eu a soterro dentro de mim, vão se acumulando os entulhos de uma construção que desaba por dentro, frágil, um perigo para quem se aventura aqui dentro. Eu já nem gosto de examinar com cuidado o que só eu vejo. Só eu vejo, mais ninguém...

When I'm sad, she comes to me
with a thousand smiles.
She gives to me free.


Soubesse eu que a vida é assim tão complexa, que muitas vezes a gente não alcança o que gostaríamos, não temos braços para tomar para nós o que nos faria felizes, que o que temos não nos basta, que tem horas que nos falta voz, e só nos comunicamos por meio das lágrimas, teria pedido a sua presença muito antes, para caminhar junto comigo e me apoiar nas horas mais difíceis...

It's alright, she said,
it's alright.
Take anything you want from me,
You can take anything, anything.


Qual é a cor do amor que eu sinto por você? Qual a cor?

Fly on, little wing
Yeah, yeah, yeah, little wing...


Qual a cor, little wing?


Música do Dia: Little Wing - Jimy Hendrix

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Chantagista, como o Leão


Tem sido recorrente. Abrir o Segundo Caderno do jornal e cair na armadilha de ler meu horóscopo, às vezes sem muito acreditar. Na maioria das vezes, ou a astróloga recomenda que o povo do meu signo deixe de fazer o possível e o impossível para chamar a atenção, ou preste mais atenção nos desejos alheios, enfim, recomenda que deixemos de fazer chantagem emocional...

Será que eu sou chantagista?

Eu tenho me perguntado isso muito. Não sou do tipo que cobra atenção dos amigos... Não mesmo... só de alguns. E estes, estão cada vez mais restritos. Faz tempo que eu entendi que cada um tem a sua vida, e que temos mais tempo para Facebooks e Orkuts do que para encontros face-a-face. Já não sei mais muito o que as pessoas querem. Eu queria ver mais aqueles com os quais mantenho encontros bissextos, mas, fazer o quê?

Será que sou chantagista?

Ora, uma chantagista é muito egocêntrica, e eu até acho que me permito cuidar dos outros, pensar nos seus problemas, tentar ajudar... sendo assim, seria eu uma egocêntrica?

Ou só alguém muito atrapalhada com a quantidade de afazeres do dia-a-dia?

Eu sei, eu sei, são muitas perguntas para uma pessoinha só... Mas, não esqueça, minha terapeuta está de férias... é natural que eu enlouqueça um pouquinho, mas não ao ponto de me jogar da plataforma do metrô, como têm feito uns loucos por aí...

E o que me resta é perguntar ao espelho:
"Espelho, espelho meu, tem alguém mais chantagista do que eu?"

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Muito é muito pouco...


De repente, você está lá... ouvindo tudo que achou que ia ouvir um dia, ... só que muito antes.

De repente, você começa a se perguntar por que precisou passar por tanto sofrimento, se em tão pouco tempo iam perceber que você, de fato, fazia falta.

De repente, você se dá conta de que aquele que fala, que declara algo, levou tempo demais para conseguir falar, teve que vencer inúmeras barreiras para expressar algo que estava há muito guardado, represado pelo medo de ser mal interpretado...

De repente, alguém que não sabia mais quem você era, percebeu que você nunca deixou de ser aquela pessoa boa de sempre, com um bom coração, sempre disposta a ajudar...

De repente, alguém abaixa os olhos, e até com um pouco de vergonha, diz que sente muitas saudades do tempo em que vocês trilharam juntos o mesmo caminho...

De repente, tudo fica estranhamente pesado, sufocante, e você pede pra sair, muda o rumo da prosa, entorta a conversa...

De repente, muito é muito pouco...