Esta semana, estou em aula. Depois de anos, estou uma semana, de oito às cinco, em sala de aula, naquele esquema professor-falando-da-transparência-e-aluno-assistindo-passivo-e-bocejando.
Quando contei pro maridão que ia ficar fora do escritório uma semana, ele disse: "ai, que solidão boa"...
Eu me assustei hoje ao constatar que não haviam e-mails de trabalho solicitando nada, que ninguém ligou perguntando sobre algum detalhe de um projeto, que as pessoas não estão sequer se falando... depois ninguém sabe porque nosso resultado do clima organizacional está tão ruim!
Tudo bem, trabalho numa empresa controlada pelo Governo, e estamos em plena fase de transição, ninguém está se movimentando, ninguém está fazendo mesmo muita coisa. Mas, acho que assim já é demais... esse marasmo é assustador.
Antigamente, meu celular não parava... agora, ele emudeceu. E eu estou começando a ficar preocupada...
quinta-feira, março 31, 2011
domingo, março 13, 2011
Be yourself is all that you can do...
Be Yourself
Audioslave
Someone falls to pieces
Sleeping all alone
Someone kills the pain
Spinning in the silence
She finally drifts away
Someone gets excited
In a chapel-yard
and catches a bouquet
Another lays a dozen
white roses on a grave
Yeah
[Chorus]
And to be yourself is all that you can do
Hey
To be yourself is all that you can do
Someone finds salvation in everyone
Another only pain
Someone tries to hide himself
Down inside himself he prays
Someone swears his true love
Until the end of time
Another runs away
Separate or united
Healthy or insane
[Chorus]
And be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
Be yourself is all that you can do
Even when you've paid enough
Been put upon or been held up
Every single memory of the good or bad
Faces of Luck
Don't lose any sleep tonight
I'm sure everything will end up alright
You may win or lose
[Chorus]
but be yourself is all that you can do
Yeah
To be yourself is all that you can do
Oh
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can do
Audioslave
Someone falls to pieces
Sleeping all alone
Someone kills the pain
Spinning in the silence
She finally drifts away
Someone gets excited
In a chapel-yard
and catches a bouquet
Another lays a dozen
white roses on a grave
Yeah
[Chorus]
And to be yourself is all that you can do
Hey
To be yourself is all that you can do
Someone finds salvation in everyone
Another only pain
Someone tries to hide himself
Down inside himself he prays
Someone swears his true love
Until the end of time
Another runs away
Separate or united
Healthy or insane
[Chorus]
And be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
Be yourself is all that you can do
Even when you've paid enough
Been put upon or been held up
Every single memory of the good or bad
Faces of Luck
Don't lose any sleep tonight
I'm sure everything will end up alright
You may win or lose
[Chorus]
but be yourself is all that you can do
Yeah
To be yourself is all that you can do
Oh
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can do
All that you can do
To be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can
Be yourself is all that you can do
segunda-feira, março 07, 2011
Sem...
Abriu a torneira e ficou observando a água escorrer pela pia. Fria.
Tirou uma tesoura da gaveta e checou seu fio. Estava bom.
Segurou uma mecha de cabelo. Cortou. Depois outra. E mais outra.
Observou com calma sua transformação.
Não queria mais nada.
Nem a moldura do rosto.
Usou uma loção adstringente para limpar o rosto.
Nada, nem impurezas da rua.
Tirou os óculos e os colocou sob os pés, a estraçalhar suas lentes.
Não precisava mais de nitidez.
Pra quê enxergar?
Despiu-se das roupas que trazia no corpo e olhou pra ele.
Contou uma, duas, três, várias cicatrizes.
Quantas vezes lutou pela vida?
Achava que tinha algo maior pra fazer...
Que nada!
Lembrou-se de ter lido que a medida de sua importância é proporcional ao quanto se lembram de você depois que você se vai... Dez anos é um bom número.
Nos tempos de hoje, dez minutos é um bom número.
Questionou-se do quanto já quis ser lembrada e do quanto desejava hoje ser esquecida.
Olhou praquela mulher no espelho e viu a menina que brincava com os primos de bola de gude, pique e outras artes.
Era outra mulher.
Sem vaidade, sem medo, sem...
Tirou uma tesoura da gaveta e checou seu fio. Estava bom.
Segurou uma mecha de cabelo. Cortou. Depois outra. E mais outra.
Observou com calma sua transformação.
Não queria mais nada.
Nem a moldura do rosto.
Usou uma loção adstringente para limpar o rosto.
Nada, nem impurezas da rua.
Tirou os óculos e os colocou sob os pés, a estraçalhar suas lentes.
Não precisava mais de nitidez.
Pra quê enxergar?
Despiu-se das roupas que trazia no corpo e olhou pra ele.
Contou uma, duas, três, várias cicatrizes.
Quantas vezes lutou pela vida?
Achava que tinha algo maior pra fazer...
Que nada!
Lembrou-se de ter lido que a medida de sua importância é proporcional ao quanto se lembram de você depois que você se vai... Dez anos é um bom número.
Nos tempos de hoje, dez minutos é um bom número.
Questionou-se do quanto já quis ser lembrada e do quanto desejava hoje ser esquecida.
Olhou praquela mulher no espelho e viu a menina que brincava com os primos de bola de gude, pique e outras artes.
Era outra mulher.
Sem vaidade, sem medo, sem...
domingo, março 06, 2011
Fita vermelha
I
Ela amarrou a fita vermelha nos cabelos, passou o batom, também vermelho, e saiu pela rua, no meio do bloco.
Estava exultante, orgulhosa de sua fantasia, planejada e confeccionada por ela mesma, em janeiro. Nunca tinha se permitido brincar o carnaval de rua, nunca tinha se dado o direito de "construir e viver uma fantasia".
Estava cansada de tanta caretice, queria matar as saudades de um tempo que não tinha vivido e que só conhecia pelas revistas e pela televisão.
Olhando as pessoas que estavam curtindo a festa, dentro e fora do bloco, fantasiadas ou não, ela viu, pela primeira vez, a alegria estampada, viu um sopro de felicidade nunca visto outrora. Seus cabelos rubros, cacheados, amarrados na fita vermelha compunham uma pintura com sua fantasia, e ela emanava paixão: pelos outros, por si mesma e pela vida!
As velhas marchinhas de carnaval, todas cantadas de cór, serviam de trilha sonora para aquele momento mágico, um pano de fundo para um sonho de liberdade...nem que este sonho durasse apenas os quatro dias de carnaval e se acabasse na quarta-feira de cinzas.
Pulando com o povo no bloco, sentia aquela alegria invadindo-lhe o peito, tornando-a leve, fazendo com que ela esquecesse os problemas da vida. Tanto tempo perdido...
II
Olhando nos olhos dos homens, sentia de novo o desejo surgindo, sentia que estava viva. Sentia-se bonita, tão saudável, tão cheia de amor. Há muito sentia-se cansada, mas naquele dia, estava disposta, havia se encontrado...
No meio da multidão, avistou um antigo amor, Marcos. Pensou que não poderia ser verdade, pois já não o via há mais de quinze anos. Arriscou chamá-lo, mesmo com todo aquele barulho:
- Marcos! Marcos!
Ele ouviu sua voz e abriu-lhe um sorriso escancarado, fitando-a nos olhos como fazia quando eram namorados. De braços abertos, pulando ao som da marchinha, ele caminhou em sua direção, enquanto ela tentava vencer a multidão (que insistia em estar ali se divertindo) e chegar onde ele estava.
III
O Marcos que ela conheceu era um homem alto, forte, corpulento, de cabelos negros e espessos. Hoje, havia se transformado num homem bonito, porém já meio grisalho, mas ainda era o homem mais cheiroso da face da Terra...
- Luísa, quanto tempo! Dá aqui um abraço!
- Ô, Marcos! Por que a gente ficou tanto tempo sem se ver!?
Num primeiro momento, eram bons amigos que se encontravam depois de anos. Um abraço, depois outro abraço...
- Vamos tomar um choppinho, para matar as saudades!
- Como nos velhos tempos? Vamos! Você está sozinho?
Isso fazia mesmo diferença? Sentaram-se num barzinho que margeava a rua e pediram dois choppinhos bem gelados. O papo se seguiu enquanto o bloco passava. Como a música era altíssima, tinham necessidade de cochichar nos ouvidos, de falar bem pertinho, encostando os rostos. Ela foi sentindo uma saudade dele, do seu toque, do seu cheiro...ainda usava o mesmo perfume...
Ele sentia o mesmo, o coração chegou a disparar algumas vezes. Não sabia se era ela ou uma sensação de voltar a ser adolescente. O fato é que seus cabelos, seu hálito, seu toque, o estavam remetendo a uma época de sua vida em que ele era livre, feliz, inconsequente até!
IV
De repente, um desejo louco por um outro abraço acometeu os dois...e do abraço veio a vontade de um beijo... e eles ficaram se perguntando por que mesmo o namoro deles tinha acabado...
E depois daquele beijo, veio outro beijo, e mais outro, e mais outro...
Ah, que carnaval! Bendita fita vermelha no cabelo da Luísa! Bendito batom...que sabor de cereja! Bendita cerveja gelada, deixando as pessoas mais descontraídas, mais à vontade!
Como eles estavam próximos da casa da Luísa, resolveram continuar o papo por lá, mais reservados, sem a presença daquele mundo de gente jogando confete e serpentina nos pierrôs e colombinas perdidos na tarde festiva...
Marcos havia ficado tão bom com o tempo, tão habilidoso com as mãos! Luísa, por sua vez, sabia o que queria, conhecia melhor o seu corpo e o seu desejo. A saudade era muito grande: o amor começou na sala, estendeu-se pelo quarto, pela cozinha, no banho gelado, e terminou numa noite estrelada, com o casal caminhando pelas ruas da cidade de mãos dadas.
V
Quando finalmente Marcos deixou Luísa de volta em casa, já no raiar do dia, um olhou bem fundo nos olhos do outro, e ambos agradeceram pelas noites vividas e revividas naquele encontro. Sem precisar de um acordo, resolveram não trocar telefones. Se o destino assim o quizesse, Marcos saberia como encontrar Luísa, como voltar àquela casa, como retomar aquele amor.
E, depois de um sono tranquilo e abençoado, foi hora da Luísa trocar de fantasia e se preparar para outro bloco, outra aventura, outro dia feliz de carnaval.
_________________
Publicado neste blog em outubro de 2006.
Ela amarrou a fita vermelha nos cabelos, passou o batom, também vermelho, e saiu pela rua, no meio do bloco.
Estava exultante, orgulhosa de sua fantasia, planejada e confeccionada por ela mesma, em janeiro. Nunca tinha se permitido brincar o carnaval de rua, nunca tinha se dado o direito de "construir e viver uma fantasia".
Estava cansada de tanta caretice, queria matar as saudades de um tempo que não tinha vivido e que só conhecia pelas revistas e pela televisão.
Olhando as pessoas que estavam curtindo a festa, dentro e fora do bloco, fantasiadas ou não, ela viu, pela primeira vez, a alegria estampada, viu um sopro de felicidade nunca visto outrora. Seus cabelos rubros, cacheados, amarrados na fita vermelha compunham uma pintura com sua fantasia, e ela emanava paixão: pelos outros, por si mesma e pela vida!
As velhas marchinhas de carnaval, todas cantadas de cór, serviam de trilha sonora para aquele momento mágico, um pano de fundo para um sonho de liberdade...nem que este sonho durasse apenas os quatro dias de carnaval e se acabasse na quarta-feira de cinzas.
Pulando com o povo no bloco, sentia aquela alegria invadindo-lhe o peito, tornando-a leve, fazendo com que ela esquecesse os problemas da vida. Tanto tempo perdido...
II
Olhando nos olhos dos homens, sentia de novo o desejo surgindo, sentia que estava viva. Sentia-se bonita, tão saudável, tão cheia de amor. Há muito sentia-se cansada, mas naquele dia, estava disposta, havia se encontrado...
No meio da multidão, avistou um antigo amor, Marcos. Pensou que não poderia ser verdade, pois já não o via há mais de quinze anos. Arriscou chamá-lo, mesmo com todo aquele barulho:
- Marcos! Marcos!
Ele ouviu sua voz e abriu-lhe um sorriso escancarado, fitando-a nos olhos como fazia quando eram namorados. De braços abertos, pulando ao som da marchinha, ele caminhou em sua direção, enquanto ela tentava vencer a multidão (que insistia em estar ali se divertindo) e chegar onde ele estava.
III
O Marcos que ela conheceu era um homem alto, forte, corpulento, de cabelos negros e espessos. Hoje, havia se transformado num homem bonito, porém já meio grisalho, mas ainda era o homem mais cheiroso da face da Terra...
- Luísa, quanto tempo! Dá aqui um abraço!
- Ô, Marcos! Por que a gente ficou tanto tempo sem se ver!?
Num primeiro momento, eram bons amigos que se encontravam depois de anos. Um abraço, depois outro abraço...
- Vamos tomar um choppinho, para matar as saudades!
- Como nos velhos tempos? Vamos! Você está sozinho?
Isso fazia mesmo diferença? Sentaram-se num barzinho que margeava a rua e pediram dois choppinhos bem gelados. O papo se seguiu enquanto o bloco passava. Como a música era altíssima, tinham necessidade de cochichar nos ouvidos, de falar bem pertinho, encostando os rostos. Ela foi sentindo uma saudade dele, do seu toque, do seu cheiro...ainda usava o mesmo perfume...
Ele sentia o mesmo, o coração chegou a disparar algumas vezes. Não sabia se era ela ou uma sensação de voltar a ser adolescente. O fato é que seus cabelos, seu hálito, seu toque, o estavam remetendo a uma época de sua vida em que ele era livre, feliz, inconsequente até!
IV
De repente, um desejo louco por um outro abraço acometeu os dois...e do abraço veio a vontade de um beijo... e eles ficaram se perguntando por que mesmo o namoro deles tinha acabado...
E depois daquele beijo, veio outro beijo, e mais outro, e mais outro...
Ah, que carnaval! Bendita fita vermelha no cabelo da Luísa! Bendito batom...que sabor de cereja! Bendita cerveja gelada, deixando as pessoas mais descontraídas, mais à vontade!
Como eles estavam próximos da casa da Luísa, resolveram continuar o papo por lá, mais reservados, sem a presença daquele mundo de gente jogando confete e serpentina nos pierrôs e colombinas perdidos na tarde festiva...
Marcos havia ficado tão bom com o tempo, tão habilidoso com as mãos! Luísa, por sua vez, sabia o que queria, conhecia melhor o seu corpo e o seu desejo. A saudade era muito grande: o amor começou na sala, estendeu-se pelo quarto, pela cozinha, no banho gelado, e terminou numa noite estrelada, com o casal caminhando pelas ruas da cidade de mãos dadas.
V
Quando finalmente Marcos deixou Luísa de volta em casa, já no raiar do dia, um olhou bem fundo nos olhos do outro, e ambos agradeceram pelas noites vividas e revividas naquele encontro. Sem precisar de um acordo, resolveram não trocar telefones. Se o destino assim o quizesse, Marcos saberia como encontrar Luísa, como voltar àquela casa, como retomar aquele amor.
E, depois de um sono tranquilo e abençoado, foi hora da Luísa trocar de fantasia e se preparar para outro bloco, outra aventura, outro dia feliz de carnaval.
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Publicado neste blog em outubro de 2006.
quarta-feira, março 02, 2011
Mário Quintana, lindo...
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
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