domingo, julho 31, 2011
Comprinhas mineiras
Não basta ir à Tiradentes. Tem que se controlar. Sim, porque lá é tudo-de-bom, a gente compra sem parar, se quiser.
De móveis, a objetos de decoração e paninhos para casa, bijoux de prata incríveis, cachaças, doces em compotas, em barras, enfim... uma perdição. Tem que segurar o cartão de crédito, moçada, senão volta falido.
Antes de sair do Rio, já tinha ouvido minha mãe falar que eu devia dar uma passada no Empório Neusa Barbosa. Eu bem que procurei, mas só encontrei bem na volta, quando já estava deixando a cidade (é que ficamos hospedados no lado oposto). Do carro, me pareceu uma loja bem completa, que vende de móveis a objetos de decoração. Não deu, mas quem sabe não fica pra próxima?
Adorei os móveis da loja Âncora Móveis, na Praça da Rodoviária. Tem umas réplicas de móveis da Indonésia que são uma graça, com o preço super em conta. Eles entregam no Rio de Janeiro. Em termos de qualidade, foram os móveis mais bem acabados que eu vi. Além disso, eles trabalham com decoração também.
Ao lado dessa loja, há uma cafeteria que expõe e vende os objetos do Empório Maria Monteiro, com destaque especial para quadros feitos com ferro fundido e as bonecas de janela.
No Largo do Chafariz, há a lojinha do Romer Resende, que trabalha principalmente com imagens de santos em barro (lindíssimas, por sinal) e réplicas em miniatura do casario da cidade (não há como trazer um pra casa). Fica no Largo do Chafariz, 36, telefone (32) 9906-3332.
Incrível também é a loja do designer Gregory Somers, que trabalha com louças super requintadas. Eu amei. O mais interessante é o sistema deles. Você compra uma peça, se algo acontecer a ela, eles fazem o reparo. É quase um serviço. Está certo, as coisas são mais caras, mas vale.
Na loja "Regina Lúcia Teve Infância", você vai encontrar roupas e acessórios artesanais, bem femininos, com adereços bastante inusitados e românticos. Você pode conferir o trabalho dela em crochê e fuxicos aqui.
No atelier da Graziela Guimarães, você encontra tudo em patchwork para enfeitar a sua casa. Peças incríveis, de extremo bom gosto.
No caminho para Bichinho, próximo à entrada que leva ao restaurante Pau de Angu, há uma loja que trabalha prioritariamente com découpage, com peças incríveis, de cachepôs a caequinhas e regadores de plantas.
E há também a loja do Francisquinho, que vende luminárias marroquinas pelo terço do preço das que são vendidas no Rio de Janeiro. Aquelas de jardim, que levam uma vela dentro e deixam tudo lindo...
O que assusta quando você chega em Tiradentes, é que tudo é mais barato do que no Rio de Janeiro, e sabemos que algumas lojas daqui revendem o que compram lá. No hall do hotel, eu já me encantei com a decoração e fui logo perguntando ao recepcionista de que loja eram aqueles móveis. Para minha surpresa, não eram de Tiradentes, eram de Santa Cruz de Minas, uma cidadezinha que fica entre Tiradentes e São João Del Rei, no caminho da Estrada Real. Santa Cruz de Minas vende tudo a metade do preço de Tiradentes, e por conseguinte, a 1/4 do preço daqui... Uma loucura. Considerando-se que o frete costuma ser R$80,00 para peças até R$1000,00 e 10% do valor da peça para móveis mais caros, acho que está valendo.
De Sta. Cruz, destacamos a Forjart, loja que também vende peças em ferro forjado, a Artesanato Móveis Rústicos São José (que tem umas peças incríveis a uns preços ótimos) e a SEC Móveis (cujo forte também são os móveis). Chegando no Rio, já dei uma pesquisada em sites de lá e vi que ainda tenho muito mais para conhecer. Faz uma busca usando a query "Santa Cruz de Minas" AND "móveis de demolição", para que você veja quanta coisa aparece....
E mais não conto, porque só tivemos três dias e meio para andar por ali. Mas, quando eu voltar... ah, vou conhecer T-U-D-O!!!!
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(*) A foto que ilustra este post é da revista Casa e Jardim, online. É de um especial sobre salas montadas com móveis de Minas Gerais, feitos de madeira de demolição. Como os que eu vi nas lojas que visitei. Bom, eu amei o armário do canto, com aquela pintura de pássaros. É meu obscuro objeto do desejo atual. Quem sabe um dia eu não compro um?
Restaurantes em Tiradentes
Em Tiradentes, uma das coisas mais legais de se fazer é conhecer os restaurantes e provar da deliciosa comida mineira. Antes de viajar, pedi aos amigos no Facebook que me ajudassem com um roteiro, já que eu não conhecia a cidade.
Todos eles foram unânimes em dizer que eu tinha que ir ao Tragaluz, restaurante premiado, na Rua Direita, que é muito concorrido porque é a melhor comida da cidade.
Chegando em Tirandentes, eu pedi logo ao rapaz da recepção da pousada que ligasse pra lá e fizesse uma reserva, porque era um programa imperdível. Passadas umas duas horas, ele então voltou com a notícia de que não haviam mais lugares para o Tragaluz naquele fim de semana. E olha que nós ainda estávamos na 5a. feira.
Eu perdi uns bons 30 minutos me amaldiçoando por eu não ter feito a reserva do Rio de Janeiro mesmo, mas tudo bem, nem tudo estava perdido.
No sábado, depois de assistirmos a um Concerto de Órgão e Coral na Matriz de Santo Antônio, pedi ao maridão que fôssemos até lá, só para checar. Já eram mais de nove horas, e o restaurante não costumava fazer reservas para depois desse horário.
Não é que conseguimos? E foi rápido!
Vale a dica: é maravilhoso mesmo! Olha algumas fotos...
Tudo é inspirador. Por exemplo, o texto que ilustra o jogo americano que forra a mesa é da Zenilca, avó das donas do restaurante, e conta um pouco desse nome - Tragaluz...
Quer conhecer mais antes de ir? É só clicar aqui.
Também fomos ao Viradas do Largo (restaurante da Beth), mas acho que não fomos lá muito felizes na escolha do nosso prato, que ganhou uma nota 7,0. Fomos ao Atrás da Matriz, fantástico, do mesmo nível do Tragaluz, cuja especialidade é bacalhau, que estava DEZ! Fomos ao Cantina Perrella, sofrível, apesar de cheio, e que não recomendamos (ô servicinho)...
Em Bichinho, fomos ao Tempêro da Ângela, em detrimento do Ora pro Nobis. Comida barata (R$16,00 e você come tudo o que puder), mas de fato, é uma bagunça que não me agrada. Eu prefiro outro estilo. Talvez o segundo fosse mais a minha cara.
Mas, a vida é isso, experimentos, experimentos, experimentos... que seríamos de nós sem eles?
____________________________
PS1: Na estrada para Bichinho, nos indicaram o restaurante Pau de Angu, que só funciona para o almoço (das 11:30 às 17:30hs). Estava cheíssimo, por isso, desistimos. Quem quiser conferir, o caminho é Estrada para Bichinho, km 4, telefone (32) 9948-1692.
PS2: Também nos recomendaram o Santíssima Gula, que é bacana. Mas, recebemos uma dica erradíssima de que estaria fechado. Não estava. Para saber mais, é só clicar aqui.
Todos eles foram unânimes em dizer que eu tinha que ir ao Tragaluz, restaurante premiado, na Rua Direita, que é muito concorrido porque é a melhor comida da cidade.
Chegando em Tirandentes, eu pedi logo ao rapaz da recepção da pousada que ligasse pra lá e fizesse uma reserva, porque era um programa imperdível. Passadas umas duas horas, ele então voltou com a notícia de que não haviam mais lugares para o Tragaluz naquele fim de semana. E olha que nós ainda estávamos na 5a. feira.
Eu perdi uns bons 30 minutos me amaldiçoando por eu não ter feito a reserva do Rio de Janeiro mesmo, mas tudo bem, nem tudo estava perdido.
No sábado, depois de assistirmos a um Concerto de Órgão e Coral na Matriz de Santo Antônio, pedi ao maridão que fôssemos até lá, só para checar. Já eram mais de nove horas, e o restaurante não costumava fazer reservas para depois desse horário.
Não é que conseguimos? E foi rápido!
Vale a dica: é maravilhoso mesmo! Olha algumas fotos...
Tudo é inspirador. Por exemplo, o texto que ilustra o jogo americano que forra a mesa é da Zenilca, avó das donas do restaurante, e conta um pouco desse nome - Tragaluz...
"Primeiro eu vi a bica. Depois eu vi que ela formava pequeno poço forrado de pedras. E a água era pura, transparente. Então - neste poço enfiei os pés. Água muito fria. E logo após, na água que caía enfiei as mãos, e com elas em concha deixei que delas a água transbordasse. Foi então que lavei meus olhos, e em seguida minha boca, fazendo renascer em mim paisagens esquecidas, palavras já não ditas, projetos guardados em lugares desconhecidos. Foi nesta pia que gravei no musgo a data deste batismo, e me vi com delicioso encantamento elaborar desenhos. Desenhos de sonhos; guardando entre os dedos pequenino ramo de delicadas flores, que guardada entre os papéis secaram com o tempo, permanecendo o pedido que fiz à natureza: - Que o novo Ano me TRAGA LUZ!"
Zenilca de Navarro
Quer conhecer mais antes de ir? É só clicar aqui.
Também fomos ao Viradas do Largo (restaurante da Beth), mas acho que não fomos lá muito felizes na escolha do nosso prato, que ganhou uma nota 7,0. Fomos ao Atrás da Matriz, fantástico, do mesmo nível do Tragaluz, cuja especialidade é bacalhau, que estava DEZ! Fomos ao Cantina Perrella, sofrível, apesar de cheio, e que não recomendamos (ô servicinho)...
Em Bichinho, fomos ao Tempêro da Ângela, em detrimento do Ora pro Nobis. Comida barata (R$16,00 e você come tudo o que puder), mas de fato, é uma bagunça que não me agrada. Eu prefiro outro estilo. Talvez o segundo fosse mais a minha cara.
Mas, a vida é isso, experimentos, experimentos, experimentos... que seríamos de nós sem eles?
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PS1: Na estrada para Bichinho, nos indicaram o restaurante Pau de Angu, que só funciona para o almoço (das 11:30 às 17:30hs). Estava cheíssimo, por isso, desistimos. Quem quiser conferir, o caminho é Estrada para Bichinho, km 4, telefone (32) 9948-1692.
PS2: Também nos recomendaram o Santíssima Gula, que é bacana. Mas, recebemos uma dica erradíssima de que estaria fechado. Não estava. Para saber mais, é só clicar aqui.
Trilha sonora da viagem
Antes de sair de casa rumo à Tiradentes, passei a mão em dois packs com CDs que eu havia gravado há muito tempo (já que eu temo ficar sem os meus originais, no carro só deixo as cópias)...
No caminho, ouvimos de tudo. Muita Amy Whinehouse, que precocemente nos deixou no sábado, e eu soube da notícia entre um cochilo e outro no meio da tarde. Confesso que mal pude acreditar.
Mas, voltando à nossa playlist, o que nos colocou no clima mineiro foi o fantástico CD "Boca Livre Convida, 20 Anos", que já tem uns 13 anos, mas que é simplesmente maravilhoso... Você conhece? Não? Bom, dá uma olhada nas faixas e nos convidados...
É tão, mas tão maravilhoso, que a gente vai cantando junto! É uma pena que não haja na Internet, vídeos desses encontros. É uma pena que não tenha virado DVD, eu teria comprado.
Segue aí uma sugestão de presente!
No caminho, ouvimos de tudo. Muita Amy Whinehouse, que precocemente nos deixou no sábado, e eu soube da notícia entre um cochilo e outro no meio da tarde. Confesso que mal pude acreditar.
Mas, voltando à nossa playlist, o que nos colocou no clima mineiro foi o fantástico CD "Boca Livre Convida, 20 Anos", que já tem uns 13 anos, mas que é simplesmente maravilhoso... Você conhece? Não? Bom, dá uma olhada nas faixas e nos convidados...
1. | Bicicleta (c/ Claudio Nucci - David Tygel) |
2. | Toada (c/ Milton Nascimento) |
3. | Feito Misterio (c/ Chico Buarque) |
4. | Misterios (c/ Djavan) |
5. | Folia (c/ Beto Guedes) |
6. | Diana (c/ Paulinho Moska) |
7. | Gotham City (c/ Zé Ramalho) |
8. | Ponta de Areia (c/ Gal Costa) |
9. | Nenem (c/ Erasmo Carlos) |
10. | Ultimo Sinal |
11. | Quem Tem a Viola (c/ Frejat) |
É tão, mas tão maravilhoso, que a gente vai cantando junto! É uma pena que não haja na Internet, vídeos desses encontros. É uma pena que não tenha virado DVD, eu teria comprado.
Segue aí uma sugestão de presente!
Conteúdo
Não é que eu não tivesse nada a dizer durante todos esses dias. É que eu estava mais para ouvir do que para contar. Li muito, ouvi músicas, fiz algumas descobertas, testei receitas, cuidei das plantas, aumentei minha horta, reencontrei amigos... enfim, aproveitei as férias...
Já, já, estou postando novamente... aguardem!
Já, já, estou postando novamente... aguardem!
domingo, julho 24, 2011
terça-feira, julho 19, 2011
Grande verdade
"O pior dos problemas da gente é que
ninguém tem nada com isso".
ninguém tem nada com isso".
Mário Quintana
Para viver com poesia
Para viver com poesia
segunda-feira, julho 18, 2011
Altas Horas
Eu não durmo mesmo. Dia desses, vendo o programa Altas Horas do Serginho Grossman, me deparei com uma festa de comemoração pelos 10 anos do programa com a presença da galera festeira dos anos 80. Era dia 26 de junho de 2011.
Estavam lá o Barão Vermelho, o George Israel, a Blitz com a Fernanda Abreu, os Titãs, o Rogério Flausino (entrando de bicão para cantar "Que país é esse?", da Legião), Negra Li, enfim, havia uma galera boa demais no programa para que se fosse dormir...
Você perdeu? Vê um pouquinho aqui...
Você sabe há quando tempo a Fernandinha não cantava com a Blitz? Muito, mas muito tempo... eu ainda era garota!
Você quer ver mais? Vê aqui ó...
Só pra registrar... eu ainda me lembrava da letra de TODAS as músicas... cantei junto... por que é que isso acontece mesmo? Pesquisas dizem que o quê nos marcou aos 14 anos define nosso gosto musical pro resto da vida. Que bom que eu fui bem servida!!!
Estavam lá o Barão Vermelho, o George Israel, a Blitz com a Fernanda Abreu, os Titãs, o Rogério Flausino (entrando de bicão para cantar "Que país é esse?", da Legião), Negra Li, enfim, havia uma galera boa demais no programa para que se fosse dormir...
Você perdeu? Vê um pouquinho aqui...
Você sabe há quando tempo a Fernandinha não cantava com a Blitz? Muito, mas muito tempo... eu ainda era garota!
Você quer ver mais? Vê aqui ó...
Só pra registrar... eu ainda me lembrava da letra de TODAS as músicas... cantei junto... por que é que isso acontece mesmo? Pesquisas dizem que o quê nos marcou aos 14 anos define nosso gosto musical pro resto da vida. Que bom que eu fui bem servida!!!
domingo, julho 17, 2011
Sonhos
Assisti novamente no DVD hoje o filme "A Origem", que havia assistido no cinema no início desse ano. Novamente, fiquei impactada pela trilha sonora perfeita, pelos efeitos visuais, pela dramaticidade do roteiro, pela tensão... Mas, o que me comove mesmo neste filme é a história de haver uma possibilidade de você não se dar conta, num dado momento, do que é realidade e o que é sonho (ficção) na vida...
Ou seja, de tanto fantasiar, você pode ser tragado por uma vida de ilusões, que não necessariamente é a vida real, dura, crua, nua, boa, rica, do dia-a-dia.
Meu amigo argentino já tinha me dito que esse filme é baseado na obra de Jorge Luis Borges, e o diretor cita o Escher, quando fala da cena da escada de Penrose, que retrata aquela escada do Escher que não tem começo nem fim.
Isso acontece com todo mundo, repetições constantes. Eu me lembro de já ter passado por isso. Um sonho que se repete constantemente. Eu, na arrebentação, furando ondas e mais ondas, grandes, estou sozinha, o mar vai me puxando com força, me levando pra longe, estou sem ter para quem, nem como pedir ajuda. Por minha conta. Sempre associei este sonho à alguma mensagem do meu subconsciente, me dizendo que sou capaz de vencer qualquer desafio, seja ele de que tamanho. Mas, sempre acordo cansada quando tenho um sonho desses. Cansada, mas pronta pra luta.
Já tive a sensação de estar sonhando dentro de um sonho. Isso é muito louco. As cenas não fazem sentido, não se concatenam, parece que o tempo é muito maior quando estou dormindo do que acordada. Acho que é isso que nos liga ao filme. A gente percebe que mais do que um estudo sobre sonhos, o roteirista Christopher Nolan colocou ali, nos dez anos de pesquisa que fez para construir o roteiro, todo o tipo de percepção que tinha em relação aos seus sonhos.
Eu já me peguei dizendo pra mim mesma: "Acorda, idiota, isso é um sonho!"... ou num estado de semi-consciência, trabalhando loucamente, mas ainda dormindo, naqueles minutos cruciais que antecedem o despertar do relógio nos dias de semana. Ou tendo sonhos que mais parecem premonições.
O que realmente me aflige é não sonhar. Isso me dá a sensação de uma noite mal dormida. Bom, eu não entendo nada de sonhos, nem sei se isso é bom ou ruim mesmo. Mas, não lembrar dos meus sonhos me soa como desperdício. Eles são tão criativos...
Para quem viu o filme, recomendo que veja de novo. É ótimo para pescar detalhes que podem não ter sido compreendidos no cinema. Para quem não viu, veja!
E, afinal, aquele reencontro é sonho ou ficção no final?
Ou seja, de tanto fantasiar, você pode ser tragado por uma vida de ilusões, que não necessariamente é a vida real, dura, crua, nua, boa, rica, do dia-a-dia.
Meu amigo argentino já tinha me dito que esse filme é baseado na obra de Jorge Luis Borges, e o diretor cita o Escher, quando fala da cena da escada de Penrose, que retrata aquela escada do Escher que não tem começo nem fim.
"O propósito que o guiava não era impossível, ainda que sobrenatural. Queria sonhar um homem: queria sonhá-lo com integridade minuciosa e impô-lo à realidade. Esse projeto mágico havia esgotado completamente o espaço de sua alma; se alguém tivesse lhe perguntado seu próprio nome ou qualquer traço de sua vida anterior, não teria dado com a resposta. (...) No início, os sonhos eram caóticos; pouco depois, foram de natureza dialética. O forasteiro sonhava consigo mesmo no centro de um anfiteatro circular que era de algum modo o templo incendiado: nuvens de alunos taciturnos exauriam a arquibancada..."
Jorge Luis Borges, "As ruínas circulares", In: Ficções, 1944.
Jorge Luis Borges, "As ruínas circulares", In: Ficções, 1944.
Isso acontece com todo mundo, repetições constantes. Eu me lembro de já ter passado por isso. Um sonho que se repete constantemente. Eu, na arrebentação, furando ondas e mais ondas, grandes, estou sozinha, o mar vai me puxando com força, me levando pra longe, estou sem ter para quem, nem como pedir ajuda. Por minha conta. Sempre associei este sonho à alguma mensagem do meu subconsciente, me dizendo que sou capaz de vencer qualquer desafio, seja ele de que tamanho. Mas, sempre acordo cansada quando tenho um sonho desses. Cansada, mas pronta pra luta.
Já tive a sensação de estar sonhando dentro de um sonho. Isso é muito louco. As cenas não fazem sentido, não se concatenam, parece que o tempo é muito maior quando estou dormindo do que acordada. Acho que é isso que nos liga ao filme. A gente percebe que mais do que um estudo sobre sonhos, o roteirista Christopher Nolan colocou ali, nos dez anos de pesquisa que fez para construir o roteiro, todo o tipo de percepção que tinha em relação aos seus sonhos.
Eu já me peguei dizendo pra mim mesma: "Acorda, idiota, isso é um sonho!"... ou num estado de semi-consciência, trabalhando loucamente, mas ainda dormindo, naqueles minutos cruciais que antecedem o despertar do relógio nos dias de semana. Ou tendo sonhos que mais parecem premonições.
O que realmente me aflige é não sonhar. Isso me dá a sensação de uma noite mal dormida. Bom, eu não entendo nada de sonhos, nem sei se isso é bom ou ruim mesmo. Mas, não lembrar dos meus sonhos me soa como desperdício. Eles são tão criativos...
Para quem viu o filme, recomendo que veja de novo. É ótimo para pescar detalhes que podem não ter sido compreendidos no cinema. Para quem não viu, veja!
E, afinal, aquele reencontro é sonho ou ficção no final?
A alma do negócio
Dizem que a propaganda é a alma do negócio. De uns tempos pra cá, tenho reparado como são criativos os publicitários que cuidam das marcas de desodorantes. Para o bem ou para o mal. Recentemente, percebi meu sobrinho de seis anos cantando uma musiquinha nojenta, e de repente, enquanto via tv, perecebi de onde via aquela musiquinha, que havia grudado na cabeça dele. É desse comercial aqui, do Rexona for men.
Ainda quando vejo isso, fico me perguntando de onde saiu o argumento para bolar uma propaganda dessas. É horrível. Trata-se da história de um cara que não consegue parar de transpirar, e sai assaltando todos aqueles que passam pelo seu caminho para roupar suas camisas / roupas / fantasias. E no final, depois que ele descobre o Rexona Men, ele deixa de transpirar e passa a ser alvo de algum outro maluco. Fico me perguntando se tem alguém que ganha para fazer isso. Ganha, né, gente, o pior é que ganha...
Em contrapartida, bolaram um comercial incrível para o desodorante Axe, também masculino, que foi chamado de Rubens. Tem uma forte relação com o trecho bíblico Gênesis 6:1, quando os anjos desejaram descer a Terra para ter relação com as filhas dos homens. É bem bolado, bem feito, e com uma trilha marcante (pelo que eu pude apurar a música é de um grupo chamado Air e se chama "Sexy Boys").
O comercial é muito criativo, diga-se de passagem. Tem até gente que diz que não gosta, que diz que ele é satânico. Mas, vamos combinar, é quase poético... Eu gostei.
Eu sei que já se fêz de tudo em matéria de propaganda de desodorantes, mas será que não dá mesmo para ser mais criativo? Ou será que precisaremos voltar ao começo e exibir corpos trabalhados em academias de ginástica se lambusando do aerosol do produto?
Ainda quando vejo isso, fico me perguntando de onde saiu o argumento para bolar uma propaganda dessas. É horrível. Trata-se da história de um cara que não consegue parar de transpirar, e sai assaltando todos aqueles que passam pelo seu caminho para roupar suas camisas / roupas / fantasias. E no final, depois que ele descobre o Rexona Men, ele deixa de transpirar e passa a ser alvo de algum outro maluco. Fico me perguntando se tem alguém que ganha para fazer isso. Ganha, né, gente, o pior é que ganha...
Em contrapartida, bolaram um comercial incrível para o desodorante Axe, também masculino, que foi chamado de Rubens. Tem uma forte relação com o trecho bíblico Gênesis 6:1, quando os anjos desejaram descer a Terra para ter relação com as filhas dos homens. É bem bolado, bem feito, e com uma trilha marcante (pelo que eu pude apurar a música é de um grupo chamado Air e se chama "Sexy Boys").
O comercial é muito criativo, diga-se de passagem. Tem até gente que diz que não gosta, que diz que ele é satânico. Mas, vamos combinar, é quase poético... Eu gostei.
Eu sei que já se fêz de tudo em matéria de propaganda de desodorantes, mas será que não dá mesmo para ser mais criativo? Ou será que precisaremos voltar ao começo e exibir corpos trabalhados em academias de ginástica se lambusando do aerosol do produto?
sexta-feira, julho 15, 2011
Jardins
Como é a sua vida? Ela é como o seu jardim pessoal? Você o rega todos os dias? Aduba? Escolhe sementes de flores para espalhar por ele? Seu jardim tem luz? Atrai abelhas, borboletas? Passarinhos? Beija-flores? O quanto você investe do seu tempo para cuidar do seu jardim?
Um amigo me perguntou isso hoje... eu respondi: "É claro que eu cuido do meu jardim..."
E cuido mesmo... os passarinhos me visitam, há luz, e essa luz é intensa até... mas, eu também conto um pouco com a sorte, porque tem dias que eu nem vou lá. Fecho as cortinas da sala que dão para a varanda, onde fica o meu jardim, e esqueço que ele existe.
Às vezes, faço o mesmo com a vida. Fecho os olhos subitamente, quando chego do trabalho, e durmo pesado, até o momento em que desperto, muitas vezes perdida sem saber se ja é hora de começar um novo dia, ou se ainda há uma noite inteira pela frente. E é nessas horas em que eu esqueço do mundo, ... de regar, cultivar, podar, semear, adubar e cuidar do meu jardim pessoal.
Meu amigo ainda me disse: "Olha, na vida a gente não pode jogar as sementes displicentemente e largar o jardim aos cuidados de um espantalho abandonado. Há que se ter responsabilidade, porque um dia a vida acaba." É duro, mas ela acaba, pelo menos nesse plano.
Eu sei bem disso. Nos meus vasinhos de planta, nascem ervas daninhas e matinhos indesejáveis frequentemente. Como na vida, quando a gente menos espera, já tem um "vampirinho" querendo morder nosso pescoço. Muitos seres vivem de simbiose, outros são apenas parasitas. A gente precisa ser capaz de reconhecê-los para afastá-los de nós, porque eles roubam a nossa luz.
Meu amigo hoje usou uma metáfora para me dar uma grande lição. E para dizer, à sua maneira, que se preocupa comigo. Ele certamente vai ler esse post aqui no blog. Eu só queria dizer obrigada. De novo.
domingo, julho 10, 2011
Sem voz
Dos tempos vividos no Rio, nunca esse inverno foi tão frio. Depois de um ano sem inverno, a esquentar miolos nos 40 graus europeus, esse no Rio me parece mais castigado, mais intenso. Com uma gripe que há muito eu não tinha, só penso na minha cama e no meu cobertor. Quisera não mais falar, ficar muda, perder a voz... de vez. Falar pra quê? Gastar o meu latim em vão? São tantos os sonhos que se vão num piscar de olhos, nem adianta tentar falar deles, ou tentar registrá-los. O vento frio que invade a casa, traz com ele uma certa melancolia. Nem o sol me anima a sair. Nem o verbo me anima a agir. Estou só. Nublada, envolta de névoa. Mas, não posso parar...
Esse que está cantando é o Jack Nicholson, no filme "Alguém tem que ceder", que eu revi hoje...
Esse que está cantando é o Jack Nicholson, no filme "Alguém tem que ceder", que eu revi hoje...
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