E foi então que o galho retorcido encontrou finalmente a luz do dia...
Enquanto tentava se concentrar no trabalho, sabia que ele estava na outra mesa, olhando ela trabalhar, meio de rabo de olho. Então, mirou no painel que construía e deixou que ele se divertisse com o que via na tela de seu computador. De vez em quando, ele dava uma ou outra risada - nervosa, diga-se de passagem - e ela pensava em como ele era bobo - deliciosamente bobo.
Tinha dito que precisava sair às cinco em ponto, porque senão perderia seu ônibus. Ela já tinha avisado: são 5 para as 5. Vai perder o ônibus. Depois, percebeu que ele tinha que ir... mas não queria ir. Ela estava ali, trabalhando sentada de frente para ele, na sala dele, e ele estava incomodado...
Enquanto escrevia, ela pensava: aviso ou não aviso? Já deu cinco horas! Foi então que outro serzinho interior entrou em cena: Avisa nada, boba, ele já é bem grandinho. Se não foi, é porque não quer ir. Imediatamente, ela se viu numa cena de desenho animado em que anjinho e demônio ficam duelando como se fossem duas vozes de consciência distintas. A voz boa então replicou: mas se ele não for, vai ficar cansado. Amanhã, ele tem que estar inteiro para o evento. E a outra então retrucou: Que nada, boba, olha que delícia esse homem aí se exibindo todo pra você. Você está até gostando...
É, de fato, ela estava gostando. Tinha tanto tempo que havia esperado por esse momento, de estar assim perto. Mesmo que isso nunca desse em nada, finalmente, ela estava ali pertinho dele, usufruindo de sua companhia.
E pensando por que é mesmo que algumas pessoas insistem em fazer parte da nossa vida, não é mesmo?
Música do dia: Só Hoje - Jota Quest
-- Porque ao ouvir esta música, ela sempre se lembra dele.