Pelo colo dela, pendia um colar de pérolas, comprido, que denotava pureza e sensualidade ao mesmo tempo. O movimento do colar, à medida que seu corpo se mexia, o hipnotizava. Ele não conseguia tirar os olhos da dobra dos seus seios, nem da brancura da sua pele. Ela supunha que o estava encantando, mas não tinha certeza de nada.
Ele havia derrubado suas convicções no último encontro. E, por fim, depois de todas as loucuras que ouviu dele, ela tinha desistido de jogar. E ele só sabia agir assim, jogando. Ela não jogava nunca.
Ele chegou perto dela, bem perto. À medida que ele foi se aproximando, ela foi sentindo o corpo esquentar, esquentar, esquentar... e à medida que o corpo esquentava, ela suava, e os pingos de suor pelo seu rosto lhe causavam ansiedade, medo de estar sendo inaedequada, aflição... enquanto que ele só conseguia pensar em lamber aquele suor salgado, do alto da testa até onde acabava aquele colar de pérolas, entre os seios dela.
Ele falou alguma coisa com pouco sentido a respeito do calor e abriu a camisa também, deixando os pelos brancos de seu peito aparecerem pra ela. Lá estava o homem vivido por quem ela havia se encantado desde o primeiro dia. Um homem que sabe ser suave quando quer, gentil quando quer, que tem cuidado dela há tanto tempo, repetindo que ela deve buscar seu oxigênio dentro de si, sem depender de ninguém.
A seu grosso modo, ele tenta ensinar alguma coisa para ela, e mostra que se importa, daquele jeito que ninguém consegue entender bem. Nem ela. Mas, olhar aquele peito fez com que ela esquecesse das sandices dos últimos dias, fez com que ela o quisesse muito, como nos velhos tempos, como se no mundo só existissem os dois, mais ninguém.
Sentados de frente para o outro naquele sofá, sem dizer nada, eles entrelaçaram uma das mãos enquanto ele acariciava os cabelos penteados dela. Ele sabia que aqueles cabelos poderiam ser suaves e macios. Ele queria sentir aquele toque. Ela olhou bem fundo nos olhos dele e ele entendeu que era hora do tão esperado beijo. Por que aquele momento tinha demorado tanto a acontecer? Por que eles tinham tanto medo?
Foi-se o tempo que ela teria dito não àquele homem. Foi-se o tempo que ele teria aceitado o não dela. Se ela estava com medo, ele iria demovê-lo, iria espantá-lo para bem longe dali. Porque aquele era o momento deles, e eles iriam até o fim.
Ou até o início...
E da carícia naquele cabelo, ele beijou-lhe a orelha esquerda com um toque que parecia mágico de tão especial. Ela tinha medo que acabasse, que aquilo fosse só um sonho e que estivesse prestes a acordar a qualquer momento... se isso é um sonho, que ele dure.
Veio da orelha para o rosto, beijou-lhe o nariz, os olhos, a testa, o espaço entre o nariz e a boca, o queixo, ... e ela foi se derretendo... e finalmente, beijou-lhe a boca, bem devagarinho, o lábio inferior, depois sugou-lhe o lábio superior, buscou sua língua, percorreu o céu estrelado da sua boca, encantou serpentes... e ela ali, sonhando com a realidade desejada.
Até que se abraçaram, ela sentou em suas pernas e sentiu, rapidamente, ele dentro dela. Foi encantado, foi mágico, foi sua primeira vez. Mesmo tendo vivido isso com outros homens, com ele foi tão perfeito, foi um encaixe tão certo, como se tudo tivesse sido programado para ser assim desde o início, que ela só entendeu naquele momento, enquanto trotava sobre o corpo dele, que ela tinha finalmente entendido o que era aquele amor todo, aquela paixão desenfreada, aquele sentimento que não acabava, que a mantinha perto, muito perto, por tanto tempo.
Passaram a noite ali, uma, duas, três vezes, se amando, grudados, sorvendo um do outro aquilo de que mais precisavam. Viram o amanhecer, a luz entrar pela janela. Evitaram dormir, para não acordar. Evitaram dormir, para não perder um segundo daquela respiração, da respiração do outro, do suspiro do outro...
Antes de voltar a vida real, ele passou o braço por trás dela e a trouxe contra seu peito, e ficou ali com ela, alguns minutos, acalentando sua menina-mulher, desabrochada pra ele, encantada e desencantada, finalmente dele...