O dia estava ensolarado e ela caminhava tranqüilamente por uma trilha florida, no meio da mata. Raios de sol perpassavam as copas das árvores e iluminavam seu caminho, dando a impressão de que a chegada estava cada vez mais próxima.
Ela não pensava em nada e também não tinha idéia do que viria depois. Aos poucos, pôde perceber uma bifurcação na estrada – de um lado, um estreito caminho conduzia para noroeste; do outro, uma estrada mais larga a levaria para nordeste. Tinha que tomar uma decisão, mas não havia nada que indicasse qual a melhor.
Como lhe faltavam meios para saber o que fazer, resolveu sentar-se à sombra de uma árvore e esperar. Era o tempo que ela teria para decidir e descansar, aproveitando para comer as frutas que trouxera consigo.
De repente, algo que parecia mágica aconteceu: dois cavaleiros aproximaram-se dela simultaneamente, cada um vindo por uma estrada. O que vinha pelo caminho estreito trajava uma roupa negra, com capa, máscara e chapéu negros e montava um lindo corcel negro. O que vinha pela estrada mais larga representava o oposto, pois estava todo de branco, com o mesmo traje, sobre um lindo cavalo branco.
Ambos pararam onde a estrada bifurcava-se e olharam para ela. Eram as respostas de que ela precisava e por isso, ela logo se levantou e pôs-se a encará-los com espanto. O que estava no cavalo negro ofereceu-lhe então uma rosa vermelha, representando o amor mais puro e intenso que um homem pode sentir por uma mulher, e a convidou a trotar com ele por toda a sua vida.
Em seguida, o cavaleiro branco entregou-lhe uma adaga, dizendo-lhe que o instrumento poderia ser muito útil no futuro, e a convidou a seguir com ele pelo caminho largo e ensolarado.
Apesar do simbolismo de cada presente, ela escolheu seguir com o cavaleiro branco, optando por um caminho que pareceu menos perigoso e o parceiro, por sua vez, mais seguro e sincero. Ela montou a garupa do cavalo branco e partiu com seu cavaleiro sem olhar para trás, deixando no caminho um cavaleiro negro frustrado pela recusa ao seu amor, que ela não conhecia, mas que era verdadeiro.
O caminho, como ela previu, foi tranqüilo a maior parte do tempo. Em cada cidade que paravam, no entanto, sempre havia algo que a surpreendia. O cavaleiro branco sempre fora feliz sozinho e acostumou-se com isso. Ele sempre buscava as melhores acomodações para o casal, mas despendia um bom tempo sozinho, longe dela. Com o tempo, ela foi descobrindo, a cada demora de seu cavaleiro, uma nova mulher. Havia várias mulheres entre eles, e o que ela sentia por ele ia se transformando numa mistura de amor, mágoa e ódio. Ele precisava do desejo destas mulheres para se sentir mais confiante, e não supunha que ela sabia destes encontros. Ao final de cada jornada, ela se preocupava apenas em contabilizar com quantas mulheres ele havia estado, esquecendo-se de que isto a envelhecia, a tornava um ser sem luz. Com o tempo, o espelho revelava uma mulher mais velha, possuidora de um rosto cheio de marcas e de rugas, e que já não trazia consigo a mesma alegria do início do caminho. Ela sempre se lembrava do último olhar do cavaleiro negro, uma súplica para que não fizesse aquela escolha.
Um dia, cansada da mesma rotina, ela decidiu usar a adaga, que guardava desde o início da viagem. Segurou-a com as duas mãos e cravou-a em seu próprio peito, numa ânsia enlouquecida de acabar com aquela história infeliz.
Nos segundos que se seguiram, ela viu toda a sua vida passar na sua frente, do momento em que ela se encontrava até o ponto em que ela havia feito sua escolha na estrada, num ritmo vertiginoso que a deixou tonta. Em instantes, ela estava diante da bifurcação no meio do caminho, olhando para os presentes oferecidos pelos dois cavaleiros.
Envelhecida, cabelos brancos, mal penteados, com as costas curvadas, ela mais se parecia com uma velha senhora, que havia chegado ao seu final. Eles a reconheceram. A ela havia sido dada a chance de fazer uma pergunta apenas, devendo escolher um dos dois cavaleiros. Sem ter dúvidas, ela se virou para o cavaleiro negro e perguntou:
- Qual seria o meu destino se eu o tivesse acompanhado, o que você havia reservado para mim?
E então, sem ouvir a resposta, ela acordou.
Ela não pensava em nada e também não tinha idéia do que viria depois. Aos poucos, pôde perceber uma bifurcação na estrada – de um lado, um estreito caminho conduzia para noroeste; do outro, uma estrada mais larga a levaria para nordeste. Tinha que tomar uma decisão, mas não havia nada que indicasse qual a melhor.
Como lhe faltavam meios para saber o que fazer, resolveu sentar-se à sombra de uma árvore e esperar. Era o tempo que ela teria para decidir e descansar, aproveitando para comer as frutas que trouxera consigo.
De repente, algo que parecia mágica aconteceu: dois cavaleiros aproximaram-se dela simultaneamente, cada um vindo por uma estrada. O que vinha pelo caminho estreito trajava uma roupa negra, com capa, máscara e chapéu negros e montava um lindo corcel negro. O que vinha pela estrada mais larga representava o oposto, pois estava todo de branco, com o mesmo traje, sobre um lindo cavalo branco.
Ambos pararam onde a estrada bifurcava-se e olharam para ela. Eram as respostas de que ela precisava e por isso, ela logo se levantou e pôs-se a encará-los com espanto. O que estava no cavalo negro ofereceu-lhe então uma rosa vermelha, representando o amor mais puro e intenso que um homem pode sentir por uma mulher, e a convidou a trotar com ele por toda a sua vida.
Em seguida, o cavaleiro branco entregou-lhe uma adaga, dizendo-lhe que o instrumento poderia ser muito útil no futuro, e a convidou a seguir com ele pelo caminho largo e ensolarado.
Apesar do simbolismo de cada presente, ela escolheu seguir com o cavaleiro branco, optando por um caminho que pareceu menos perigoso e o parceiro, por sua vez, mais seguro e sincero. Ela montou a garupa do cavalo branco e partiu com seu cavaleiro sem olhar para trás, deixando no caminho um cavaleiro negro frustrado pela recusa ao seu amor, que ela não conhecia, mas que era verdadeiro.
O caminho, como ela previu, foi tranqüilo a maior parte do tempo. Em cada cidade que paravam, no entanto, sempre havia algo que a surpreendia. O cavaleiro branco sempre fora feliz sozinho e acostumou-se com isso. Ele sempre buscava as melhores acomodações para o casal, mas despendia um bom tempo sozinho, longe dela. Com o tempo, ela foi descobrindo, a cada demora de seu cavaleiro, uma nova mulher. Havia várias mulheres entre eles, e o que ela sentia por ele ia se transformando numa mistura de amor, mágoa e ódio. Ele precisava do desejo destas mulheres para se sentir mais confiante, e não supunha que ela sabia destes encontros. Ao final de cada jornada, ela se preocupava apenas em contabilizar com quantas mulheres ele havia estado, esquecendo-se de que isto a envelhecia, a tornava um ser sem luz. Com o tempo, o espelho revelava uma mulher mais velha, possuidora de um rosto cheio de marcas e de rugas, e que já não trazia consigo a mesma alegria do início do caminho. Ela sempre se lembrava do último olhar do cavaleiro negro, uma súplica para que não fizesse aquela escolha.
Um dia, cansada da mesma rotina, ela decidiu usar a adaga, que guardava desde o início da viagem. Segurou-a com as duas mãos e cravou-a em seu próprio peito, numa ânsia enlouquecida de acabar com aquela história infeliz.
Nos segundos que se seguiram, ela viu toda a sua vida passar na sua frente, do momento em que ela se encontrava até o ponto em que ela havia feito sua escolha na estrada, num ritmo vertiginoso que a deixou tonta. Em instantes, ela estava diante da bifurcação no meio do caminho, olhando para os presentes oferecidos pelos dois cavaleiros.
Envelhecida, cabelos brancos, mal penteados, com as costas curvadas, ela mais se parecia com uma velha senhora, que havia chegado ao seu final. Eles a reconheceram. A ela havia sido dada a chance de fazer uma pergunta apenas, devendo escolher um dos dois cavaleiros. Sem ter dúvidas, ela se virou para o cavaleiro negro e perguntou:
- Qual seria o meu destino se eu o tivesse acompanhado, o que você havia reservado para mim?
E então, sem ouvir a resposta, ela acordou.
(continua...)