quarta-feira, outubro 24, 2007
Secret
Secret (Maroon 5)
Watch the sunrise
Say your goodbyes
Off we go
Some conversation
No contemplation
Hit the road
Car overheats
Jump out of my seat
On the side of the highway baby
Our road is long
Your hold is strong
Please don't ever let go
Oh No
I know I don't know you
But I want you so bad
Everyone has a secret
But can they keep it
Oh No they can't
Driving fast now
Don't think I know how to go slow
Where you at now
I feel around
There you are
Cool these engines
Calm these jets
I ask you how hot can it get
And as you wipe of beads of sweat
Slowly you're saying
I'm not there yet!
I know I don't know you
But I want you so bad
Everyone has a secret
But can they keep it
Oh No they can't
Watch the sunrise
Say your goodbyes
Off we go
Some conversation
No contemplation
Hit the road
Car overheats
Jump out of my seat
On the side of the highway baby
Our road is long
Your hold is strong
Please don't ever let go
Oh No
I know I don't know you
But I want you so bad
Everyone has a secret
But can they keep it
Oh No they can't
Driving fast now
Don't think I know how to go slow
Where you at now
I feel around
There you are
Cool these engines
Calm these jets
I ask you how hot can it get
And as you wipe of beads of sweat
Slowly you're saying
I'm not there yet!
I know I don't know you
But I want you so bad
Everyone has a secret
But can they keep it
Oh No they can't
terça-feira, outubro 23, 2007
Despedida [7]
Sim, sim, já estou encerrando este tema...
Mas, falando em meu pai, lembrei-me dos dois anos de despedidas entre meu pai e minha mãe que presenciei...
Acredito que, para eles, devia ser muito difícil sustentar aquela situação. Para mim, que era pré-adolescente, ver meu pai despedir-se todos os domingos, e minha mãe triste em sequência, era algo que eu não compreendia bem, mas que me ajudou a amadurecer muito.
Depois de alguns anos desempregado e aceitando qualquer tipo de trabalho (vendedor de roupas, de uniformes, de carros etc.), meu pai finalmente havia conseguido um novo emprego na sua área. Mas, em São Paulo. Nós todas (minha mãe, eu e minha irmã) ficamos irredutíveis: não nos mudaríamos com ele para aquela cidade terrível (terrível por conta de uma fantasia nossa, afinal nenhuma de nós três sabia de fato o que era morar em São Paulo)... Ele então alugou um apartamento com uns colegas de trabalho e ficava todas as semanas na ponte rodoviária. Sim, porque o meu pai não ganhava o suficiente para viajar de avião. E o trato era que ele viria todos os finais de semana.
Quem me ouve contar não consegue imaginar o quanto ele chegava cansado e o quão duro era para ele ter que voltar para São Paulo no domingo à noite. Acho que, com o tempo, ele foi desistindo, aquele trabalho foi se tornando para ele um martírio...
Meu pai era um desenhista à moda antiga, daqueles que foram substituídos pelos "cadistas", na onda do AUTO-CAD dos anos 90. A cada despedida, minha mãe ficava rezando para que ele fizesse uma boa viagem, não fosse assaltado no ônibus, não sofresse um acidente, e depois tivesse uma boa semana, maneirasse na bebida (se bebesse) e se alimentasse direito... Eu ia para a cama da minha mãe, e dormia com ela de mãos dadas... às vezes, ela chorava. E eu deixava a minha irmã sozinha no outro quarto. Ficava preocupada, mas sabia que era muita preocupação para uma garota de 12 para 13 anos. Enfim, ninguém - nem minha mãe, nem eu, nem minha irmã, nem meu pai - merece isso!
Hoje, ele já não trabalha com desenho...não sei o que se passa pela cabeça dele. Nem na da minha mãe. Não sei se eles ainda se lembram desse tempo que vivemos. Ou se já passaram uma borracha nesse passado. Hoje, eu teria dado uma força para a família ir com ele. A gente teria ficado mais unido.
Mas sabe se lá o que o destino deseja para a vida da gente?
Mas, falando em meu pai, lembrei-me dos dois anos de despedidas entre meu pai e minha mãe que presenciei...
Acredito que, para eles, devia ser muito difícil sustentar aquela situação. Para mim, que era pré-adolescente, ver meu pai despedir-se todos os domingos, e minha mãe triste em sequência, era algo que eu não compreendia bem, mas que me ajudou a amadurecer muito.
Depois de alguns anos desempregado e aceitando qualquer tipo de trabalho (vendedor de roupas, de uniformes, de carros etc.), meu pai finalmente havia conseguido um novo emprego na sua área. Mas, em São Paulo. Nós todas (minha mãe, eu e minha irmã) ficamos irredutíveis: não nos mudaríamos com ele para aquela cidade terrível (terrível por conta de uma fantasia nossa, afinal nenhuma de nós três sabia de fato o que era morar em São Paulo)... Ele então alugou um apartamento com uns colegas de trabalho e ficava todas as semanas na ponte rodoviária. Sim, porque o meu pai não ganhava o suficiente para viajar de avião. E o trato era que ele viria todos os finais de semana.
Quem me ouve contar não consegue imaginar o quanto ele chegava cansado e o quão duro era para ele ter que voltar para São Paulo no domingo à noite. Acho que, com o tempo, ele foi desistindo, aquele trabalho foi se tornando para ele um martírio...
Meu pai era um desenhista à moda antiga, daqueles que foram substituídos pelos "cadistas", na onda do AUTO-CAD dos anos 90. A cada despedida, minha mãe ficava rezando para que ele fizesse uma boa viagem, não fosse assaltado no ônibus, não sofresse um acidente, e depois tivesse uma boa semana, maneirasse na bebida (se bebesse) e se alimentasse direito... Eu ia para a cama da minha mãe, e dormia com ela de mãos dadas... às vezes, ela chorava. E eu deixava a minha irmã sozinha no outro quarto. Ficava preocupada, mas sabia que era muita preocupação para uma garota de 12 para 13 anos. Enfim, ninguém - nem minha mãe, nem eu, nem minha irmã, nem meu pai - merece isso!
Hoje, ele já não trabalha com desenho...não sei o que se passa pela cabeça dele. Nem na da minha mãe. Não sei se eles ainda se lembram desse tempo que vivemos. Ou se já passaram uma borracha nesse passado. Hoje, eu teria dado uma força para a família ir com ele. A gente teria ficado mais unido.
Mas sabe se lá o que o destino deseja para a vida da gente?
sexta-feira, outubro 19, 2007
Despedidas [6]
Apesar de antiga, e fazer mais a cabeça do meu pai do que a minha, tenho que reconher que a música é linda... segue a letra:
"Moon River"
music by Henry Mancini, lyrics by Johnny Mercer
Moon River,
wider than a mile,
I'm crossing you in style some day.
Oh, dream maker, you heart breaker,
wherever you're going
I'm going your way.
Two drifters off to see the world.
There's such a lot of world to see.
We're after the same rainbow's end--
waiting 'round the bend,
my huckleberry friend,
Moon River and me.
© 1961 Paramount Music Corporation, ASCAP
"Moon River"
music by Henry Mancini, lyrics by Johnny Mercer
Moon River,
wider than a mile,
I'm crossing you in style some day.
Oh, dream maker, you heart breaker,
wherever you're going
I'm going your way.
Two drifters off to see the world.
There's such a lot of world to see.
We're after the same rainbow's end--
waiting 'round the bend,
my huckleberry friend,
Moon River and me.
© 1961 Paramount Music Corporation, ASCAP
Despedidas [5]
Das últimas coisas que vi na TV que mais me emocionaram, está o episódio do "Sex and the City" no qual Big se despede de Carrie e muda-se de Nova Iorque para Napa, na Califórnia.
Quando me lembro do episódio, não consigo esquecer a emoção que havia naquela despedida e a forma como ela foi tão bem contada!
Os que acompanharam esta série maravilhosa e que aguardam ansiosamente pelo filme devem se lembrar que Big e Carrie estiveram apaixonados desde o dia em que se conheceram, num esbarrão no meio da rua, até o último capítulo.
Big sempre foi o milionário disputado de Nova Iorque e Carrie o conquistou justamente por ser quem ela é, sem jogos de sedução, nem armações. Tão simples, assim como eu gosto que seja tudo na vida.
Para o dia da despedida, Carrie planeja um encontro inesquecível, mas quando está com Big fazendo um passeio de carruagem pelo Central Park, é interrompida por um chamado de Miranda, que está dando a luz ao seu primeiro filho. É domingo, e o trabalho de parto demora muito, o que estraga de vez o programa de Carrie e Big. Apesar da alegria do nascimento do bebê, Carrie fica um tanto decepcionada por não estar com Big aquela noite.
No dia seguinte, Big está de viagem marcada para às 17 horas. Carrie ainda corre para encontrá-lo em seu apartamento, mas quando chega, se depara com a casa fazia e...
Duas mensagens... a primeira, presa a um LP de Henry Mancini, que contém a música "Moon River", adorada por Big por fazê-lo lembrar-se de seus pais. Big e Carrie haviam dançado esta música dois dias antes, em mais um dos breves momentos em que percebiam o quanto gostavam um do outro (veja a cena completa em http://www.youtube.com/watch?v=rLAGlh1GGlY). No papel preso ao disco, Big escreveu: "If you ever feel lonely".
Big deixou ainda um envelope, com uma passagem ida-e-volta para Napa, em nome de Carrie. Na segunda mensagem, escrita no envelope, Big foi mais direto: "If I ever feel lonely".
Precisa dizer mais alguma coisa?
Big e Carrie, "Sex and The City", último episódio da quarta temporada.
http://www.hbo.com/city
Despedidas [4]
Despedidas
Álvares de Azevedo
Se entrares, ó meu anjo, alguma vez
Na solidão onde eu sonhava em ti,
Ah! vota uma saudade aos belos dias
Que a teus joelhos pálido vivi!
Adeus, minh’alma, adeus! eu vou chorando...
Sinto o peito doer na despedida...
Sem ti o mundo é um deserto escuro
E tu és minha vida...
Só por teus olhos eu viver podia
E por teu coração amar e crer...
Em teus braços minh’alma unir à tua
E em teu seio morrer!
Mas se o fado me afasta da ventura,
Levo no coração a tua imagem...
De noite mandarei-te os meus suspiros
No murmúrio da aragem!
Quando a noite vier saudosa e pura,
Contempla a estrela do pastor nos céus,
Quando a ela eu volver o olhar em pranto...
Verei os olhos teus!
Mas antes de partir, antes que a vida,
Se afogue numa lágrima de dor,
Consente que em teus lábios num só beijo
Eu suspire de amor!
Sonhei muito! sonhei noites ardentes
Tua boca beijar... eu o primeiro!
A ventura negou-me... mesmo até
O beijo derradeiro!
Só contigo eu podia ser ditoso,
Em teus olhos sentir os lábios meus!
Eu morro de ciúme e de saudade...
Adeus, meu anjo, adeus!
Álvares de Azevedo
Se entrares, ó meu anjo, alguma vez
Na solidão onde eu sonhava em ti,
Ah! vota uma saudade aos belos dias
Que a teus joelhos pálido vivi!
Adeus, minh’alma, adeus! eu vou chorando...
Sinto o peito doer na despedida...
Sem ti o mundo é um deserto escuro
E tu és minha vida...
Só por teus olhos eu viver podia
E por teu coração amar e crer...
Em teus braços minh’alma unir à tua
E em teu seio morrer!
Mas se o fado me afasta da ventura,
Levo no coração a tua imagem...
De noite mandarei-te os meus suspiros
No murmúrio da aragem!
Quando a noite vier saudosa e pura,
Contempla a estrela do pastor nos céus,
Quando a ela eu volver o olhar em pranto...
Verei os olhos teus!
Mas antes de partir, antes que a vida,
Se afogue numa lágrima de dor,
Consente que em teus lábios num só beijo
Eu suspire de amor!
Sonhei muito! sonhei noites ardentes
Tua boca beijar... eu o primeiro!
A ventura negou-me... mesmo até
O beijo derradeiro!
Só contigo eu podia ser ditoso,
Em teus olhos sentir os lábios meus!
Eu morro de ciúme e de saudade...
Adeus, meu anjo, adeus!
Encontros e despedidas
Encontros e despedidas
(1985)
Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida ....
Lara lala lele e auê
Lara lala lele e auê
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida ....
É a vida desse meu lugar
É a vida ....
(1985)
Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida ....
Lara lala lele e auê
Lara lala lele e auê
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida ....
É a vida desse meu lugar
É a vida ....
Despedidas [3]
Será que a despedida tem a ver com a intensidade do desejo pelo outro para ser inesquecível?
Uma vez, há muito tempo, tive um amigo que era como um raio de sol para o grupo do qual fazíamos parte. Um dia, o grupo viajou e ele levou um monte de coisas que ele gostava. Aos poucos, durante o final de semana, ele foi distribuindo entre os seus amigos seus objetos mais queridos, dando um boné para um, uma camiseta para outro, uma fita K7 com a seleção de suas músicas preferidas para a namorada... enfim, foi deixando um pouquinho dele com quem ele mais gostava...
No domingo, três dos rapazes do grupo sofreram um acidente de carro... ele ficou em coma por uma semana e depois nos deixou. Foi a despedida mais inesquecível da qual eu me lembro.
Um dia, quando todos nós ainda sofríamos a sua perda, sonhei com ele. No meu sonho, ele aparecia feliz, de camisa florida (que ele tanto gostava de usar), no meio de uma festa, e me dizia para avisar ao rapaz que dirigia o carro que ele estava bem, e que era para ele não se sentir culpado, que a vida tinha que continuar...
Foi como se ele tivesse vindo se despedir de mim, e estivesse me usando como mensageira para confortar o coração do outro amigo que ele tanto gostava... até hoje eu não me esqueço do rosto daquele amigo, que perdemos tão jovem, aos 23 anos.
Contando esta história para outras pessoas, vi que muitos dos que morrem intuem que vão morrer...várias pessoas que conheço já passaram por situação semelhante. Estas despedidas costumam ser inesquecíveis.
E você, qual é a sua história?
Uma vez, há muito tempo, tive um amigo que era como um raio de sol para o grupo do qual fazíamos parte. Um dia, o grupo viajou e ele levou um monte de coisas que ele gostava. Aos poucos, durante o final de semana, ele foi distribuindo entre os seus amigos seus objetos mais queridos, dando um boné para um, uma camiseta para outro, uma fita K7 com a seleção de suas músicas preferidas para a namorada... enfim, foi deixando um pouquinho dele com quem ele mais gostava...
No domingo, três dos rapazes do grupo sofreram um acidente de carro... ele ficou em coma por uma semana e depois nos deixou. Foi a despedida mais inesquecível da qual eu me lembro.
Um dia, quando todos nós ainda sofríamos a sua perda, sonhei com ele. No meu sonho, ele aparecia feliz, de camisa florida (que ele tanto gostava de usar), no meio de uma festa, e me dizia para avisar ao rapaz que dirigia o carro que ele estava bem, e que era para ele não se sentir culpado, que a vida tinha que continuar...
Foi como se ele tivesse vindo se despedir de mim, e estivesse me usando como mensageira para confortar o coração do outro amigo que ele tanto gostava... até hoje eu não me esqueço do rosto daquele amigo, que perdemos tão jovem, aos 23 anos.
Contando esta história para outras pessoas, vi que muitos dos que morrem intuem que vão morrer...várias pessoas que conheço já passaram por situação semelhante. Estas despedidas costumam ser inesquecíveis.
E você, qual é a sua história?
segunda-feira, outubro 15, 2007
Despedidas [2]
Uma amiga acrescentou que a despedida é inesquecível quando a pessoa que se despede é alguém que tocou seu coração, que deixou uma grande marca... por um tempo, você e esta pessoa tiveram um grande encontro.
Não sei...será que é isso mesmo? Às vezes, o encontro foi grande só para você, aquela pessoa foi para você alguém muito especial, te disse coisas que fizeram refletir à beça, mas ela nem se deu conta disso...mesmo assim, a gente sofre de saudade só de pensar que ela está indo embora.
E o adeus fica pra sempre gravado na nossa mente como um momento inesquecível...
Não sei...será que é isso mesmo? Às vezes, o encontro foi grande só para você, aquela pessoa foi para você alguém muito especial, te disse coisas que fizeram refletir à beça, mas ela nem se deu conta disso...mesmo assim, a gente sofre de saudade só de pensar que ela está indo embora.
E o adeus fica pra sempre gravado na nossa mente como um momento inesquecível...
Despedidas
Bye, bye, so long farewell... Adeus também foi feito pra se dizer...
O que torna uma despedida inesquecível?
Um beijo dado no meio da rua, num lugar improvável, com um acerto de amanhã que nunca acontece...?
Um tchau por entre os lábios semi-cerrados de alguém que sabe que não vai voltar, mas que prefere te deixar no vazio?
Um papo meio amargo de quem te deseja "tudo de bom nesta vida", mas que já não quer que você faça parte da sua?
Pra você, o que torna uma despedida inesquecível?
quarta-feira, outubro 10, 2007
Olho por olho...
I
Desceu a ladeira de acesso ao morro apressado, arrumando a camisa, colocando-a para dentro da calça, pensando no quão arriscado era perambular pelo morro às 5 horas da manhã. Tinha pedido a autorização do líder do grupo que controlava o morro, explicado que precisava sair cedo de casa, que às vezes tinha que assumir o turno das 6... Eles consentiram que ele continuasse vivendo ali com sua família, mas ele ficava sempre inseguro. Pensava nas crianças, em todos os riscos que já teve que correr para garantir o “pão de cada dia”...
Era quinta-feira, ele trabalharia dirigindo aquele ônibus até às 13 horas e depois voltaria para casa para continuar a construção da segunda laje. Era cada vez mais urgente terminar o quarto das crianças porque a patroa já não queria mais sexo na frente dos meninos, que estavam crescidos.
II
Ao chegar na garagem, encontrou os colegas e logo veio o Silveirinha falando ao pé do ouvido para pedir favor. “Ô, Moreira, preciso da tua ajuda hoje... quebra o meu galho, eu tenho um lance pra resolver!” “Não dá, Silveira...eu tenho que trabalhar na obra lá de casa...hoje não dá...” “Pó, Moreira, cobre meu turno, vai! Me ajuda, só hoje...eu juro que não te peço mais nada!”
O turno do Silveirinha começava às 16 horas aquele dia. Dia de jogo do Flamengo com o São Paulo no Maracanã. O Moreira não queria encarar este evento, ele sabia dos engarrafamentos, dos problemas, das torcidas organizadas, das galeras que invadiam e pilhavam os ônibus... O Silveirinha insistiu, insistiu, o Moreira resistiu bastante e...por fim, acabou cedendo.
Nem bem conseguiu avisar à patroa que não ia mais voltar cedo para casa, Moreira teve que assumir o volante do 433 – linha Barão de Drummond – Leblon – com um sorriso falso nos lábios e toda a paciência do mundo. Já estava na hora.
III
O dia foi comprido, parecia não passar. Moreira tinha muita competência em fazer seu trajeto no tempo estipulado pela empresa. Quase nunca havia sido advertido por este motivo. Aproximava-se a hora do jogo: 20:30h. Era incrível ver como a cidade ia parando. A Zona Norte, então, parecia que ia dando um nó. Moreira respirava fundo, enchia o peito de ar, pensava na patroa, nas crianças...
Passando pelo Estácio, Moreira sentiu um calafrio. De repente, um grupo de cinco crianças, de 9 a 15 anos, camisas do Flamengo por baixo de um uniforme municipal surrado, entraram no ônibus. Transformaram aquela viagem num aquecimento para o grande jogo. Aliás, naquele dia, todos pareciam estar em função do jogo. Afinal, era um dos lanternas contra o líder isolado do campeonato. David contra Golias, que era apoidado pela maior torcida do Brasil.
IV
O ônibus que Moreira dirigia naquele dia não era muito sofisticado, não tinha ar condicionado, mas era novo, devia ter no máximo dois anos e meio, se ele não tinha errado nas contas. Havia pouco tempo que a empresa tinha renovado a frota. Mas, era um “quentão”, como o povo chamava. Num engarrafamento como aquele, Moreira deixava as portas abertas, contrariando a recomendação da empresa de só trafegar com as portas fechadas. Grande erro esse seu.
Com aquele bando de crianças dentro do ônibus, era de se esperar que elas fossem inventar alguma coisa para passar o tempo. E criança adora brincar com o perigo. O líder do grupo, Quinzinho, decidiu que a onda era viajar pendurado na porta, segurando as alças de apoio da escada traseira. Foi rapidamente seguido pelos demais, que se alternavam na brincadeira perigosa. O vai-e-vem na porta e a algazarra começaram a perturbar os demais passageiros, que volta e meia viravam-se apreensivos para o fundo do ônibus. Afetaram também ao trocador e ao próprio Moreira, que já não sabia mais se concentrava sua atenção no trânsito engarrafado ou no que estava acontecendo dentro do ônibus.
De repente, como se encontrasse uma solução para o problema, e vendo o engarrafamento se dissipar a sua frente, Moreira decidiu fechar as portas. “Pronto, resolvi. Acabou!”
V
No meio do barulho de buzinas e roncos nervosos de motores daquele grande engarrafamento, Moreira então passou a ouvir gritos. “Meu pé, meu pé! Meu pé ficou preso! Ai, meu pé! Solta o meu pé!” “Moço, abre a porta, solta o pé dele, moço!” Os gritos passaram a ser cada vez mais altos, acompanhados de murros nas laterais do ônibus: “Motorista, abre a porta! Solta o meu pé! Meu pé ficou preso, motorista!” Moreira não queria acreditar que aquilo estava acontecendo, que um dos meninos havia ficado com o pé preso na porta.
Aos poucos, todos começaram a gritar e a esmurrar as laterais do ônibus. Os passageiros gritavam que era verdade e pediam que o Moreira, atônito, abrisse a porta do ônibus. Ele, numa espécie de transe, se levantava repetidas vezes para se certificar que aquilo estava mesmo acontecendo, sem, contudo, fazer o que as pessoas pediam, abrir a porta.
VI
O pé esquerdo do menino já estava ficando roxo quando o trocador gritou para o Moreira: “Porra, Moreira, abre a merda da porta! Agora!”
Solto daquela ratoeira, o pequeno e enfurecido líder do grupo resolveu que o ataque merecia uma vingança. Nestas horas, não se sabe como, sempre aparecem paus e pedras para servir de instrumentos para depredar e ferir. Moreira esperou pelo pior, como se o calafrio que sentiu já lhe tivesse avisado de que algo ruim fosse acontecer.
Janelas quebradas, pára-brisas rachado, laterais amassadas, passageiros aterrorizados...esse era o quadro que aquelas cinco crianças estavam pintando para Moreira.
VII
“Porra, Moreira, você está lesado? Por que demorou tanto a abrir esta porta?”, bradou o trocador, já recolhendo a féria do dia e pulando do seu assento, para encolher-se no corredor do ônibus.
Os passageiros então começaram a engrossar o coro do trocador. Um homem, de aproximadamente quarenta anos, partiu para cima do Moreira, questionando-lhe porquê ele havia exposto a todos daquela forma. Assustado, Moreira viu que, mesmo que ele não tivesse feito aquilo de propósito, não tinha aliados naquele ônibus. Ao contrário, já havia sido julgado, condenado, e só Deus sabia qual seria a sua condenação.
Pensando em levar o que sobrara do ônibus até uma delegacia de polícia, Moreira não percebeu que os passageiros se aproximavam dele com ganas assassinas.
VIII
Para sua sorte, uma patrulhinha se aproximava do local e seus ocupantes, dos policiais das antigas, conseguiram evitar o linchamento. Muito machucado, Moreira foi conduzido à 18a. DP, sem a companhia de seu colega trocador, que já tinha sumido muito antes deste desfecho.
O Flamengo venceu o São Paulo com um inexplicável 1 x 0. Segundo os comentaristas, foi a força da enorme torcida que empurrou o time.
Moreira havia acabado de sentir na pele a força de outro grupo. Todo o seu corpo doía. Já eram mais de onze horas da noite quando o delegado liberou Moreira para seguir para a garagem da Companhia com um Registro de Ocorrência que relatava a depredação e o quase linchamento.
IX
Chegando à garagem da empresa, Moreira não percebeu dois homens do outro lado da calçada, observando seus passos.
Entrou, procurou o supervisor, entregou-lhe o RO e, envergonhado, contou-lhe o que acontecera ao ônibus. Teve que ouvir, mais humilhado, as repreensões do homem e, por fim, perguntou se podia ia para casa. Seu dia derradeiro estava quase no fim.
Ao fechar o portão de ferro atrás de si, Moreira sentiu uma mão em seu ombro e ouviu alguém perguntar: “Moreira, do 433?” Foi o tempo de se virar para o sujeito e sentir um tremendo ardor queimando o pé esquerdo: um tiro dilacerante, de armamento pesado. Nem teve coragem de olhar para seu pé.
O homem que lhe chamou ainda riu, enquanto o outro jogou-lhe um bilhete.
“Da próxima vez, pense rápido, seu Mané! Ass. Quinzinho”
Desceu a ladeira de acesso ao morro apressado, arrumando a camisa, colocando-a para dentro da calça, pensando no quão arriscado era perambular pelo morro às 5 horas da manhã. Tinha pedido a autorização do líder do grupo que controlava o morro, explicado que precisava sair cedo de casa, que às vezes tinha que assumir o turno das 6... Eles consentiram que ele continuasse vivendo ali com sua família, mas ele ficava sempre inseguro. Pensava nas crianças, em todos os riscos que já teve que correr para garantir o “pão de cada dia”...
Era quinta-feira, ele trabalharia dirigindo aquele ônibus até às 13 horas e depois voltaria para casa para continuar a construção da segunda laje. Era cada vez mais urgente terminar o quarto das crianças porque a patroa já não queria mais sexo na frente dos meninos, que estavam crescidos.
II
Ao chegar na garagem, encontrou os colegas e logo veio o Silveirinha falando ao pé do ouvido para pedir favor. “Ô, Moreira, preciso da tua ajuda hoje... quebra o meu galho, eu tenho um lance pra resolver!” “Não dá, Silveira...eu tenho que trabalhar na obra lá de casa...hoje não dá...” “Pó, Moreira, cobre meu turno, vai! Me ajuda, só hoje...eu juro que não te peço mais nada!”
O turno do Silveirinha começava às 16 horas aquele dia. Dia de jogo do Flamengo com o São Paulo no Maracanã. O Moreira não queria encarar este evento, ele sabia dos engarrafamentos, dos problemas, das torcidas organizadas, das galeras que invadiam e pilhavam os ônibus... O Silveirinha insistiu, insistiu, o Moreira resistiu bastante e...por fim, acabou cedendo.
Nem bem conseguiu avisar à patroa que não ia mais voltar cedo para casa, Moreira teve que assumir o volante do 433 – linha Barão de Drummond – Leblon – com um sorriso falso nos lábios e toda a paciência do mundo. Já estava na hora.
III
O dia foi comprido, parecia não passar. Moreira tinha muita competência em fazer seu trajeto no tempo estipulado pela empresa. Quase nunca havia sido advertido por este motivo. Aproximava-se a hora do jogo: 20:30h. Era incrível ver como a cidade ia parando. A Zona Norte, então, parecia que ia dando um nó. Moreira respirava fundo, enchia o peito de ar, pensava na patroa, nas crianças...
Passando pelo Estácio, Moreira sentiu um calafrio. De repente, um grupo de cinco crianças, de 9 a 15 anos, camisas do Flamengo por baixo de um uniforme municipal surrado, entraram no ônibus. Transformaram aquela viagem num aquecimento para o grande jogo. Aliás, naquele dia, todos pareciam estar em função do jogo. Afinal, era um dos lanternas contra o líder isolado do campeonato. David contra Golias, que era apoidado pela maior torcida do Brasil.
IV
O ônibus que Moreira dirigia naquele dia não era muito sofisticado, não tinha ar condicionado, mas era novo, devia ter no máximo dois anos e meio, se ele não tinha errado nas contas. Havia pouco tempo que a empresa tinha renovado a frota. Mas, era um “quentão”, como o povo chamava. Num engarrafamento como aquele, Moreira deixava as portas abertas, contrariando a recomendação da empresa de só trafegar com as portas fechadas. Grande erro esse seu.
Com aquele bando de crianças dentro do ônibus, era de se esperar que elas fossem inventar alguma coisa para passar o tempo. E criança adora brincar com o perigo. O líder do grupo, Quinzinho, decidiu que a onda era viajar pendurado na porta, segurando as alças de apoio da escada traseira. Foi rapidamente seguido pelos demais, que se alternavam na brincadeira perigosa. O vai-e-vem na porta e a algazarra começaram a perturbar os demais passageiros, que volta e meia viravam-se apreensivos para o fundo do ônibus. Afetaram também ao trocador e ao próprio Moreira, que já não sabia mais se concentrava sua atenção no trânsito engarrafado ou no que estava acontecendo dentro do ônibus.
De repente, como se encontrasse uma solução para o problema, e vendo o engarrafamento se dissipar a sua frente, Moreira decidiu fechar as portas. “Pronto, resolvi. Acabou!”
V
No meio do barulho de buzinas e roncos nervosos de motores daquele grande engarrafamento, Moreira então passou a ouvir gritos. “Meu pé, meu pé! Meu pé ficou preso! Ai, meu pé! Solta o meu pé!” “Moço, abre a porta, solta o pé dele, moço!” Os gritos passaram a ser cada vez mais altos, acompanhados de murros nas laterais do ônibus: “Motorista, abre a porta! Solta o meu pé! Meu pé ficou preso, motorista!” Moreira não queria acreditar que aquilo estava acontecendo, que um dos meninos havia ficado com o pé preso na porta.
Aos poucos, todos começaram a gritar e a esmurrar as laterais do ônibus. Os passageiros gritavam que era verdade e pediam que o Moreira, atônito, abrisse a porta do ônibus. Ele, numa espécie de transe, se levantava repetidas vezes para se certificar que aquilo estava mesmo acontecendo, sem, contudo, fazer o que as pessoas pediam, abrir a porta.
VI
O pé esquerdo do menino já estava ficando roxo quando o trocador gritou para o Moreira: “Porra, Moreira, abre a merda da porta! Agora!”
Solto daquela ratoeira, o pequeno e enfurecido líder do grupo resolveu que o ataque merecia uma vingança. Nestas horas, não se sabe como, sempre aparecem paus e pedras para servir de instrumentos para depredar e ferir. Moreira esperou pelo pior, como se o calafrio que sentiu já lhe tivesse avisado de que algo ruim fosse acontecer.
Janelas quebradas, pára-brisas rachado, laterais amassadas, passageiros aterrorizados...esse era o quadro que aquelas cinco crianças estavam pintando para Moreira.
VII
“Porra, Moreira, você está lesado? Por que demorou tanto a abrir esta porta?”, bradou o trocador, já recolhendo a féria do dia e pulando do seu assento, para encolher-se no corredor do ônibus.
Os passageiros então começaram a engrossar o coro do trocador. Um homem, de aproximadamente quarenta anos, partiu para cima do Moreira, questionando-lhe porquê ele havia exposto a todos daquela forma. Assustado, Moreira viu que, mesmo que ele não tivesse feito aquilo de propósito, não tinha aliados naquele ônibus. Ao contrário, já havia sido julgado, condenado, e só Deus sabia qual seria a sua condenação.
Pensando em levar o que sobrara do ônibus até uma delegacia de polícia, Moreira não percebeu que os passageiros se aproximavam dele com ganas assassinas.
VIII
Para sua sorte, uma patrulhinha se aproximava do local e seus ocupantes, dos policiais das antigas, conseguiram evitar o linchamento. Muito machucado, Moreira foi conduzido à 18a. DP, sem a companhia de seu colega trocador, que já tinha sumido muito antes deste desfecho.
O Flamengo venceu o São Paulo com um inexplicável 1 x 0. Segundo os comentaristas, foi a força da enorme torcida que empurrou o time.
Moreira havia acabado de sentir na pele a força de outro grupo. Todo o seu corpo doía. Já eram mais de onze horas da noite quando o delegado liberou Moreira para seguir para a garagem da Companhia com um Registro de Ocorrência que relatava a depredação e o quase linchamento.
IX
Chegando à garagem da empresa, Moreira não percebeu dois homens do outro lado da calçada, observando seus passos.
Entrou, procurou o supervisor, entregou-lhe o RO e, envergonhado, contou-lhe o que acontecera ao ônibus. Teve que ouvir, mais humilhado, as repreensões do homem e, por fim, perguntou se podia ia para casa. Seu dia derradeiro estava quase no fim.
Ao fechar o portão de ferro atrás de si, Moreira sentiu uma mão em seu ombro e ouviu alguém perguntar: “Moreira, do 433?” Foi o tempo de se virar para o sujeito e sentir um tremendo ardor queimando o pé esquerdo: um tiro dilacerante, de armamento pesado. Nem teve coragem de olhar para seu pé.
O homem que lhe chamou ainda riu, enquanto o outro jogou-lhe um bilhete.
“Da próxima vez, pense rápido, seu Mané! Ass. Quinzinho”
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