Sem se dar conta, não percebe sua aproximação. Sente uma gastura, uma falta, uma inquietação. Causa uma aflição, um desassossego. E se instala. O vazio. Nada o preenche, ele sabe. Não é externo, é existencial. Por vezes, causa dor física. Não lhe impele a fazer algo, ao contrário, clama pelo ócio. Faz com que ele o confunda com preguiça. Mas não é. O vazio o leva a olhar o branco do teto. Encontra rachaduras, pequenos insetos nos cantos, percebe sujeiras, restos de teias. O vazio o oprime. É como o calor de verão no Rio de Janeiro, abafado. Perde água. Pede água. O vazio é a falta dela, tem o cheiro do perfume do cabelo dela, faz o barulho do andar dela, do mastigar dela, do gargalhar dela. O vazio é úmido, e seco. O vazio é ela.
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