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homem centralizador. Uma mulher que, com o tempo, se tornou
imprestável. Não consegue decidir a comida que vai dar aos próprios
filhos. Tudo pergunta a ele. Por incrível que possa parecer, isso
existe, em pleno século XXI. Interioranos sim, mas viajados. Viajam o
mundo todo. Mas de fato são dois "bois de botas". Ela ocupa um cargo de
gestão numa grande multinacional, mas não consegue decidir a posição da
vírgula. Tudo divide com ele. E ele, decide por ela. Cada vez que ele
fala com ela ao telefone e ordena alguma coisa, sinto que a desmerece.
Ele a torna tão pequena, tão dependente, que dá dó.
Eu
não tenho nada a ver com isso. Não são meus amigos, não tenho
convivência. Mas me irrito. Ela é uma afronta à classe. Ela joga fora
todos os dias a luta das que queimaram os sutiãs e foram atrás de sua
independência, de suas escolhas, do seu caminho, do seu dinheiro, sem
precisar do cabresto de macho algum. É, acho que é por isso que eu me
irrito.
A propósito, como minha avó sempre disse: "só fazem com a gente o que a gente permite".
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