Ao acordar, ela pensou que era hora de tomar uma decisão, por pior que ela fosse.
Pensando bem, eram três as alternativas de que dispunha. Voltar para o marido e viver pensando como seria viver sua vida ao lado do outro, que tanto a desejava e que tantas provas tinha dado do seu amor por ela. Ou deixar o marido para viver com ele, trocando o "certo pelo duvidoso"...(mas o que é a vida senão um amontoado de dúvidas?). Por fim, sua última opção seria partir e deixá-los para trás, começando uma vida nova, seguindo sem destino, sem planos, sem donos...sem adágas, nem flores...
Cuidadosamente, para que ele não acordasse junto com ela, levantou da cama e arrumou em uma pequena valise as suas coisas, recolhendo os poucos pertences que havia trazido consigo. Lavou bem o rosto, molhou os cabelos, passou um pouco de blush e batom, para disfarçar o rosto cansado da intensa luta travada no dia anterior e pôs-se a procurar pelas chaves do quarto...ele as devia ter escondido em algum canto.
Para sua surpresa, elas estavam no bolso de sua calça jeans, o que tornou a saída mais fácil do que ela imaginava. Era como se ele quizesse lhe dar a opção de ir embora.
Abriu a porta, olhou para ele dormindo uma última vez e partiu. Foi até a recepção e perguntou ao atendente quando passaria o próximo ônibus para bem longe dali.
- Em meia hora, ele respondeu.
Ela se dirigiu para a beira da estrada, torcendo para que ele não acordasse nesse meio tempo.
Então, o ônibus se aproximou, ela se virou mais uma vez para olhar o hotel e pensar se aquela era a decisão mais acertada. O medo de se arrepender era grande. Afinal, ela não havia deixado um bilhete sequer, explicando seus motivos, sua razão para partir.
Quando o ônibus parou na sua frente, ela entrou, sem olhar para trás. E, naquele momento, teve a certeza de que aquela história não tinha mais volta, que seria definitivo. E sentiu todo o peso do mundo cair por terra, sentindo-se finalmente livre, leve e solta no mundo.
Ao acordar, ele percebeu que tudo estava diferente. Olhou em volta e viu o vazio invadir o seu corpo. Não havia vestígio daquela mulher na sua vida. Não havia mais nada. Ele entendeu que era o fim. E chorou.
(fim)
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