Rebecca Leão
03-08-1970
LIÇÃO DE VIDA: 10
O numero de sua data de nascimento. O que viemos aprender nesta jornada, assim como dificuldades a serem superadas.--> 1.
Precisa aprender a ser original, ter força de vontade, ser criativo, inovador. Deve seguir em frente com uma visão ampla e firmeza de propósitos tomando suas próprias decisões. Procure manter independência no pensar e no agir e evite recuar. Pode ser um excelente executivo. Qualquer ocupação que exija determinação lhe é indicada, pois não gosta de estar em segundo plano e tampouco receber ordens.
SUA ALMA: 22
Sentimentos mais profundos, o que nos motiva, experiências e informações acumuladas para lidarmos nesta encarnação. O numero referente às vogais de seu nome.--> 22.
Nasceu para ser mestre, construtor no plano material, prático e organizado, idealista, filosofo (mas com pensamento lógico). Carrega altas aspirações, mas com os pés firmes no chão. Possui tendência a expandir seus negócios além dos limites, podendo com isto, tornar-se conhecido nas mais altas camadas e proporcionar grandes benefícios para a comunidade.Deve evitar excesso de rigidez, autocrítica e disciplina, procurando ver com bons olhos as mudanças que acontecem, a fim de não perder as grandes oportunidades que surgem na vida.
SUA APARÊNCIA: 11
Nosso eu exterior ou impressão que causamos aos outros. Como somos julgados à primeira vista. Ex: como estamos vestidos, nosso tipo físico, atitudes, etc... Mas só aqueles que nos conhecem na intimidade nos conhecem verdadeiramente. O numero referente às consoantes de seu nome.--> 11.
Pessoa com tendência à liderança, chegando a ser imitado pelo seu jeito de ser. Tem personalidade idealista, sonhadora e inspiradora. Apresenta propensões artísticas e transmite paz, embora se mostre individualista em algumas ações. Não tem compromisso com a moda.
O QUEVOCÊ É: 6
Todas as letras que compõem seu nome.--> 6.
Amante do lar e com forte ligação com a família, você adora um ambiente acolhedor e harmonioso. Aprecia as artes e a beleza, e está sempre buscando melhorar seu padrão de vida para dar mais conforto àqueles que o cercam. É emotivo, bondoso, procura estar sempre disponível, aconselhando ou buscando equilibrio para situações conflitantes. Ótimo anfitrião, não poupa esforços para receber bem os amigos. Aprecia mesa farta e muito bem decorada. Extremamente carinhoso, meigo e fiel, acredita em ligação duradoura. Deve tomar cuidado com a superproteção para não sufocar. Evite teimosia e, principalmente, aceite os limites de compreensão dos outros, não impondo suas verdades e se intrometendo demais, exercendo assim poder e domínio. Lembre-se: você não é o que faz, mas sim o que é.
DESEJO INSTINTIVO: E
A primeira vogal do nome, mostra nossos impulsos emocionais e como reagimos diante de estímulos externos. Descubra como reage aquele (a) que você ama.--> E
Deseja a liberdade acima de tudo. Age com impulsividade e se mantém ansioso a quase todas as mudanças que aliás é o que mais gosta de fazer. O inesperado o agrada muito. Não suporta rotinas rígidas e adora fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nunca está satisfeito com o que tem e está sempre em busca de novidades.Conselho: Seja versátil faça surpresas, apareça de repente sem avisar.
SEU NÚMERO DE PODER: 7
Todas as letras que compõem seu nome, mais a sua Data de Nascimento. Essa vibração ajuda no aprendizado de nossa missão ou lição de vida. Aquilo que você acertou com a Divindade antes de nascer. Funciona como um farol dirigindo nossa vida.--> 7.
Oportunidade de seguir atividades mentais e espirituais, outros a procurarão por seus conhecimentos e sensatez. Pode desejar estar a sós, para meditar, pode ainda escrever sobre assuntos metafísicos.
quinta-feira, outubro 19, 2006
quinta-feira, outubro 12, 2006
Torpedos de amor - De repente num domingo de eleições
Peço perdão a Arnaldo Bloch por reproduzir aqui o seu artigo de sábado, 7 de outubro, publicado no Segundo Caderno do jornal "O Globo", mas queria guardar para sempre algo que achei de extrema sensibilidade.
Para quem gostar do que ler, recomendo a visita ao blog do Arnaldo, no endereço:
http://oglobo.globo.com/blogs/arnaldo/
O texto é maravilhoso e me emocionou muitíssimo, mas já não é a primeira vez que o Arnaldo faz isso. Se um dia ele souber que Rebecca reproduziu um texto seu, saiba que ela te ama.
************************************
"Veio-me no domingo eleitoral essa torrente de
amor represado, como as lágrimas que ora correm, enfim.
Quando foi a última vez que chorei?
Vão aí anos. Nem em cemitério mais.
Como é bom chorar.
Que felicidade chorar.
*****
Eu,
onipotente,
jamais acreditei
na possibilidade
de me deixares.
Agora acordo e
digo:
"Não
posso
perder-te".
*****
Olho o mar
esmeralda
de Copacabana
e só vejo
teus olhos
(os meus
nublados
como o céu
esta tarde)
*****
Naquela caixinha
que te dei
não estão
dois anéis
Estamos nós
dois
à espera
de nascer
*****
Não é
por mim nem
para mim nem
por você nem
para você. É
pelo amor para
o amor.
*****
Os únicos olhos
que vi,
a única alma
que li,
o coração que
único
ouvi,
o sorriso
único
do sonho,
têm
um nome único:
o teu.
*****
Esse instante
em que,
para poupar-te voz
e ouvido,
falo-te-aos-torpedos
fogem-me
os medos
do vexame
digital
*****
No Aterro,
táxi rumo
cinema
você
no espelho
da enseada
colore
de poema
o poente
cinza
de sol
*****
Só queria isso:
uma palavra
sua.
Agora posso
dormir de novo
em paz".
************************************
Maravilhoso, Arnaldo, maravilhoso! Êxtase puro!
Para quem gostar do que ler, recomendo a visita ao blog do Arnaldo, no endereço:
http://oglobo.globo.com/blogs/arnaldo/
O texto é maravilhoso e me emocionou muitíssimo, mas já não é a primeira vez que o Arnaldo faz isso. Se um dia ele souber que Rebecca reproduziu um texto seu, saiba que ela te ama.
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"Veio-me no domingo eleitoral essa torrente de
amor represado, como as lágrimas que ora correm, enfim.
Quando foi a última vez que chorei?
Vão aí anos. Nem em cemitério mais.
Como é bom chorar.
Que felicidade chorar.
*****
Eu,
onipotente,
jamais acreditei
na possibilidade
de me deixares.
Agora acordo e
digo:
"Não
posso
perder-te".
*****
Olho o mar
esmeralda
de Copacabana
e só vejo
teus olhos
(os meus
nublados
como o céu
esta tarde)
*****
Naquela caixinha
que te dei
não estão
dois anéis
Estamos nós
dois
à espera
de nascer
*****
Não é
por mim nem
para mim nem
por você nem
para você. É
pelo amor para
o amor.
*****
Os únicos olhos
que vi,
a única alma
que li,
o coração que
único
ouvi,
o sorriso
único
do sonho,
têm
um nome único:
o teu.
*****
Esse instante
em que,
para poupar-te voz
e ouvido,
falo-te-aos-torpedos
fogem-me
os medos
do vexame
digital
*****
No Aterro,
táxi rumo
cinema
você
no espelho
da enseada
colore
de poema
o poente
cinza
de sol
*****
Só queria isso:
uma palavra
sua.
Agora posso
dormir de novo
em paz".
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Maravilhoso, Arnaldo, maravilhoso! Êxtase puro!
domingo, outubro 08, 2006
Paulo que ama Roberto que ama Ana que ama Ricardo que ama Bárbara que ama...
I
A preparação para sair de casa parecia a de um soldado que vai para a guerra. Era apenas uma jovem mulher que saía sozinha para fazer jogging ao redor da belíssima Lagoa Rodrigo de Freitas. Já que ela não tinha como ter uma trupe de seguranças guardando suas costas, achava melhor preparar-se para as surpresas inerentes a uma cidade sem lei.
Desde a escolha do tênis que ia calçar (confortável, porém muito discreto), ao bolso de sua roupa onde iria esconder seu iPod e como camuflar os fios de seus fones de ouvido (por dentro da camiseta), ela parecia pensar em tudo. A regra básica era parecer muito simples para não chamar atenção. Brincos e outras jóias iam ficar em casa, mas o relógio, este era peça fundamental, pois ela tinha que cronometrar a corrida e avaliar seu desempenho.
Começava sempre sua corrida pelo Parque dos Patins, onde podia deixar o carro, em direção a Ipanema. Estava se condicionando para dar o máximo de si em uma hora de corrida. Como este tempo ainda não era suficiente para que desse a volta na Lagoa, ela costumava correr 30 minutos e voltar para o ponto de partida pelo mesmo caminho. A música ajudava a marcar o ritmo. Seu único esforço era para se controlar e não cantarolar as músicas e ficar sem fôlego.
Naquele dia, havia feito tudo como de costume e, de manhã bem cedo, já estava no Parque dos Patins fazendo seus 20 minutos de alongamento. Ana era esguia, magra, seca e dava muita importância ao alongamento. Puxava bem as palmas das mãos, o pescoço para um lado, para o outro, enroscava os dedos e esticava os braços... Enfim, fazia mais de 36 combinações de movimentos de forma a trabalhar as articulações e músculos dos braços, das pernas, das costas, do pescoço e da cabeça.
II
Roberto sentia por Ana uma espécie de amor platônico havia quase dois anos. Considerava isso quase uma doença, algo crítico, principalmente quando acomete a homens maduros, que já viveram bastante e que sabem o que esperar da vida. Gostava tanto de gostar dela que já não fazia questão de estabelecer um relacionamento duradouro com qualquer outra mulher. Não que elas não aparecessem em sua vida, mas eram sempre encontros breves e passageiros.
Conheceu Ana numa manhã de domingo no outono enquanto comprava uma água de coco num quiosque no Parque dos Patins. Ficou encantado por ela, por seu jeito, por seu cheiro de alfazema, por seu modo gentil de falar. Até hoje, não sabe seu nome. No entanto, já acompanha a rotina de Ana há tanto tempo que já sabe exatamente a hora de sair de casa para vê-la correndo. Ela vem todos os dias, ele não sabe de onde, de que bairro. Usa um rabo de cavalo, farto, que faz contraponto com seu corpo esguio, magro e tem sempre ao seu lado um cachorro bem grande, que ajuda a amedontrar os ladrões que circulam pelas redondezas a caça de mulheres e crianças indefesas.
Roberto pensa todos os dias em uma forma de falar com Ana, de descobrir um pouco mais sobre ela, de torna-la real, de tira-la do pedestal em que a colocou, de deixar de fantasia-la em sua vida. Ana nem imagina que desperta em um homem como Roberto tanta adoração.
III
Paulo há muito já notou o Roberto diariamente freqüentando o Parque dos Patins. Gosta dele, é um cara bastante simpático. Sempre arruma uma forma de puxar assunto. É apenas um vendedor de cocos e água gelada, mas é um cara culto, instruído, que o destino colocou ali por uma destas manobras que a gente nem sabe como aconteceu. Perdeu o emprego, mas não perdeu a força.
Sabe que Roberto não é um desportista, que freqüenta a Lagoa por outras razões. Ele até se esforça, corre um pouquinho, pega sol, caminha, mas não é a “praia” dele. Paulo pode até não ter sacado ainda qual o motivo que leva Roberto a Lagoa no mesmo horário todos os dias, mas sabe que gosta de encontrar com ele.
Há muito está sozinho e procura um novo companheiro, mas anda temendo pelas maldades cometidas aos homossexuais nesta cidade hipócrita. Os ladrões já inventaram muitas formas de limpa-los, de deixa-los de mãos vazias depois de uma noitada, pois sabem o quanto se arriscam. Paulo tem preferido adotar uma outra estratégia, de conhecer bem o cara primeiro para depois tentar um salto em queda livre. Será que Roberto é um bom companheiro, se pergunta?
IV
Ana não sabe muito bem de onde tirou forças para começar a exercitar-se. Era uma pessoa bastante sedentária enquanto esteve casada com Ricardo, mas teve que mudar radicalmente depois que ele a deixou por Bárbara, sua subordinada.
Foi tudo tão de repente, o casamento parecia estar bem. Sem filhos, sem nada, sobrou o cachorro, um Golden Retrivier. Um bom companheiro, já um pouco velho, dez anos, chamado Bento.
Bento tem sido como um fiel escudeiro, que se deita ao pé de sua cama todos os dias e parece velar seu sono, mesmo quando ela passa as noites em claro pensando no tamanho do fracasso que foi o final de seu casamento.
Hoje ela não se acha mais atraente, acha que nunca mais vai conseguir conquistar um homem, que homem nenhum vai olhar para ela. Só lhe restam os exercícios físicos, cuidar da vida social, sair com os amigos, fazer de seu apartamento um belo refúgio e ter um hobbie, o que só percebeu a importância depois de ficar sozinha.
Está cogitando seriamente fazer dança de salão, mas ainda não encontrou alguém que queira ser seu par.
V
Roberto pensa em Ana todos os dias. Em como ela está, se está bem, onde é que ela mora, se está sozinha...parece que sim. Pensa em como ela seria a mulher ideal para ele, três casamentos desfeitos, três filhos, do primeiro e do segundo, o terceiro não gerou filhos, só amolação.
Ele gosta de casar, gosta de estar junto. Não gosta de viver sozinho. Já pensou em convidar seus filhos para morar com ele, mas sempre acaba achando que não é uma boa idéia, já que é uma pessoa bom coração demais, mole demais, sempre acaba deixando que eles façam o que querem...
Na hora em que começa a se arrumar para ver Ana, seu coração acelera, ele sua frio, fica nervoso, como pode?
Mas, hoje, tem uma reunião, não poderá ir a Lagoa...
VI
Será que o Roberto vem hoje?, pergunta-se Paulo. Já está escurecendo e nada dele. De pessoas conhecidas, só vi aquela moça do boné, iPod e cachorro. Simpática ela. É..., amanhã tem mais.
VII
Escurece. Amanhece. Os dias passam. A roda da fortuna gira. Quem dará o primeiro passo?
A preparação para sair de casa parecia a de um soldado que vai para a guerra. Era apenas uma jovem mulher que saía sozinha para fazer jogging ao redor da belíssima Lagoa Rodrigo de Freitas. Já que ela não tinha como ter uma trupe de seguranças guardando suas costas, achava melhor preparar-se para as surpresas inerentes a uma cidade sem lei.
Desde a escolha do tênis que ia calçar (confortável, porém muito discreto), ao bolso de sua roupa onde iria esconder seu iPod e como camuflar os fios de seus fones de ouvido (por dentro da camiseta), ela parecia pensar em tudo. A regra básica era parecer muito simples para não chamar atenção. Brincos e outras jóias iam ficar em casa, mas o relógio, este era peça fundamental, pois ela tinha que cronometrar a corrida e avaliar seu desempenho.
Começava sempre sua corrida pelo Parque dos Patins, onde podia deixar o carro, em direção a Ipanema. Estava se condicionando para dar o máximo de si em uma hora de corrida. Como este tempo ainda não era suficiente para que desse a volta na Lagoa, ela costumava correr 30 minutos e voltar para o ponto de partida pelo mesmo caminho. A música ajudava a marcar o ritmo. Seu único esforço era para se controlar e não cantarolar as músicas e ficar sem fôlego.
Naquele dia, havia feito tudo como de costume e, de manhã bem cedo, já estava no Parque dos Patins fazendo seus 20 minutos de alongamento. Ana era esguia, magra, seca e dava muita importância ao alongamento. Puxava bem as palmas das mãos, o pescoço para um lado, para o outro, enroscava os dedos e esticava os braços... Enfim, fazia mais de 36 combinações de movimentos de forma a trabalhar as articulações e músculos dos braços, das pernas, das costas, do pescoço e da cabeça.
II
Roberto sentia por Ana uma espécie de amor platônico havia quase dois anos. Considerava isso quase uma doença, algo crítico, principalmente quando acomete a homens maduros, que já viveram bastante e que sabem o que esperar da vida. Gostava tanto de gostar dela que já não fazia questão de estabelecer um relacionamento duradouro com qualquer outra mulher. Não que elas não aparecessem em sua vida, mas eram sempre encontros breves e passageiros.
Conheceu Ana numa manhã de domingo no outono enquanto comprava uma água de coco num quiosque no Parque dos Patins. Ficou encantado por ela, por seu jeito, por seu cheiro de alfazema, por seu modo gentil de falar. Até hoje, não sabe seu nome. No entanto, já acompanha a rotina de Ana há tanto tempo que já sabe exatamente a hora de sair de casa para vê-la correndo. Ela vem todos os dias, ele não sabe de onde, de que bairro. Usa um rabo de cavalo, farto, que faz contraponto com seu corpo esguio, magro e tem sempre ao seu lado um cachorro bem grande, que ajuda a amedontrar os ladrões que circulam pelas redondezas a caça de mulheres e crianças indefesas.
Roberto pensa todos os dias em uma forma de falar com Ana, de descobrir um pouco mais sobre ela, de torna-la real, de tira-la do pedestal em que a colocou, de deixar de fantasia-la em sua vida. Ana nem imagina que desperta em um homem como Roberto tanta adoração.
III
Paulo há muito já notou o Roberto diariamente freqüentando o Parque dos Patins. Gosta dele, é um cara bastante simpático. Sempre arruma uma forma de puxar assunto. É apenas um vendedor de cocos e água gelada, mas é um cara culto, instruído, que o destino colocou ali por uma destas manobras que a gente nem sabe como aconteceu. Perdeu o emprego, mas não perdeu a força.
Sabe que Roberto não é um desportista, que freqüenta a Lagoa por outras razões. Ele até se esforça, corre um pouquinho, pega sol, caminha, mas não é a “praia” dele. Paulo pode até não ter sacado ainda qual o motivo que leva Roberto a Lagoa no mesmo horário todos os dias, mas sabe que gosta de encontrar com ele.
Há muito está sozinho e procura um novo companheiro, mas anda temendo pelas maldades cometidas aos homossexuais nesta cidade hipócrita. Os ladrões já inventaram muitas formas de limpa-los, de deixa-los de mãos vazias depois de uma noitada, pois sabem o quanto se arriscam. Paulo tem preferido adotar uma outra estratégia, de conhecer bem o cara primeiro para depois tentar um salto em queda livre. Será que Roberto é um bom companheiro, se pergunta?
IV
Ana não sabe muito bem de onde tirou forças para começar a exercitar-se. Era uma pessoa bastante sedentária enquanto esteve casada com Ricardo, mas teve que mudar radicalmente depois que ele a deixou por Bárbara, sua subordinada.
Foi tudo tão de repente, o casamento parecia estar bem. Sem filhos, sem nada, sobrou o cachorro, um Golden Retrivier. Um bom companheiro, já um pouco velho, dez anos, chamado Bento.
Bento tem sido como um fiel escudeiro, que se deita ao pé de sua cama todos os dias e parece velar seu sono, mesmo quando ela passa as noites em claro pensando no tamanho do fracasso que foi o final de seu casamento.
Hoje ela não se acha mais atraente, acha que nunca mais vai conseguir conquistar um homem, que homem nenhum vai olhar para ela. Só lhe restam os exercícios físicos, cuidar da vida social, sair com os amigos, fazer de seu apartamento um belo refúgio e ter um hobbie, o que só percebeu a importância depois de ficar sozinha.
Está cogitando seriamente fazer dança de salão, mas ainda não encontrou alguém que queira ser seu par.
V
Roberto pensa em Ana todos os dias. Em como ela está, se está bem, onde é que ela mora, se está sozinha...parece que sim. Pensa em como ela seria a mulher ideal para ele, três casamentos desfeitos, três filhos, do primeiro e do segundo, o terceiro não gerou filhos, só amolação.
Ele gosta de casar, gosta de estar junto. Não gosta de viver sozinho. Já pensou em convidar seus filhos para morar com ele, mas sempre acaba achando que não é uma boa idéia, já que é uma pessoa bom coração demais, mole demais, sempre acaba deixando que eles façam o que querem...
Na hora em que começa a se arrumar para ver Ana, seu coração acelera, ele sua frio, fica nervoso, como pode?
Mas, hoje, tem uma reunião, não poderá ir a Lagoa...
VI
Será que o Roberto vem hoje?, pergunta-se Paulo. Já está escurecendo e nada dele. De pessoas conhecidas, só vi aquela moça do boné, iPod e cachorro. Simpática ela. É..., amanhã tem mais.
VII
Escurece. Amanhece. Os dias passam. A roda da fortuna gira. Quem dará o primeiro passo?
terça-feira, outubro 03, 2006
Fita vermelha
I
Ela amarrou a fita vermelha nos cabelos, passou o batom, também vermelho, e saiu pela rua, no meio do bloco.
Estava exultante, orgulhosa de sua fantasia, planejada e confeccionada por ela mesma, em janeiro. Nunca tinha se permitido brincar o carnaval de rua, nunca tinha se dado o direito de "construir e viver uma fantasia".
Estava cansada de tanta caretice, queria matar as saudades de um tempo que não tinha vivido e que só conhecia pelas revistas e pela televisão.
Olhando as pessoas que estavam curtindo a festa, dentro e fora do bloco, fantasiadas ou não, ela viu, pela primeira vez, a alegria estampada, viu um sopro de felicidade nunca visto outrora. Seus cabelos rubros, cacheados, amarrados na fita vermelha compunham uma pintura com sua fantasia, e ela emanava paixão: pelos outros, por si mesma e pela vida!
As velhas marchinhas de carnaval, todas cantadas de cór, serviam de trilha sonora para aquele momento mágico, um pano de fundo para um sonho de liberdade...nem que este sonho durasse apenas os quatro dias de carnaval e se acabasse na quarta-feira de cinzas.
Pulando com o povo no bloco, sentia aquela alegria invadindo-lhe o peito, tornando-a leve, fazendo com que ela esquecesse os problemas da vida. Tanto tempo perdido...
II
Olhando nos olhos dos homens, sentia de novo o desejo surgindo, sentia que estava viva. Sentia-se bonita, tão saudável, tão cheia de amor. Há muito sentia-se cansada, mas naquele dia, estava disposta, havia se encontrado...
No meio da multidão, avistou um antigo amor, Marcos. Pensou que não poderia ser verdade, pois já não o via há mais de quinze anos. Arriscou chamá-lo, mesmo com todo aquele barulho:
- Marcos! Marcos!
Ele ouviu sua voz e abriu-lhe um sorriso escancarado, fitando-a nos olhos como fazia quando eram namorados. De braços abertos, pulando ao som da marchinha, ele caminhou em sua direção, enquanto ela tentava vencer a multidão (que insistia em estar ali se divertindo) e chegar onde ele estava.
III
O Marcos que ela conheceu era um homem alto, forte, corpulento, de cabelos negros e espessos. Hoje, havia se transformado num homem bonito, porém já meio grisalho, mas ainda era o homem mais cheiroso da face da Terra...
- Luísa, quanto tempo! Dá aqui um abraço!
- Ô, Marcos! Por que a gente ficou tanto tempo sem se ver!?
Num primeiro momento, eram bons amigos que se encontravam depois de anos. Um abraço, depois outro abraço...
- Vamos tomar um choppinho, para matar as saudades!
- Como nos velhos tempos? Vamos! Você está sozinho?
Isso fazia mesmo diferença? Sentaram-se num barzinho que margeava a rua e pediram dois choppinhos bem gelados. O papo se seguiu enquanto o bloco passava. Como a música era altíssima, tinham necessidade de cochichar nos ouvidos, de falar bem pertinho, encostando os rostos. Ela foi sentindo uma saudade dele, do seu toque, do seu cheiro...ainda usava o mesmo perfume...
Ele sentia o mesmo, o coração chegou a disparar algumas vezes. Não sabia se era ela ou uma sensação de voltar a ser adolescente. O fato é que seus cabelos, seu hálito, seu toque, o estavam remetendo a uma época de sua vida em que ele era livre, feliz, inconsequente até!
IV
De repente, um desejo louco por um outro abraço acometeu os dois...e do abraço veio a vontade de um beijo... e eles ficaram se perguntando por que mesmo o namoro deles tinha acabado...
E depois daquele beijo, veio outro beijo, e mais outro, e mais outro...
Ah, que carnaval! Bendita fita vermelha no cabelo da Luísa! Bendito batom...que sabor de cereja! Bendita cerveja gelada, deixando as pessoas mais descontraídas, mais à vontade!
Como eles estavam próximos da casa da Luísa, resolveram continuar o papo por lá, mais reservados, sem a presença daquele mundo de gente jogando confete e serpentina nos pierrôs e colombinas perdidos na tarde festiva...
Marcos havia ficado tão bom com o tempo, tão habilidoso com as mãos! Luísa, por sua vez, sabia o que queria, conhecia melhor o seu corpo e o seu desejo. A saudade era muito grande: o amor começou na sala, estendeu-se pelo quarto, pela cozinha, no banho gelado, e terminou numa noite estrelada, com o casal caminhando pelas ruas da cidade de mãos dadas.
V
Quando finalmente Marcos deixou Luísa de volta em casa, já no raiar do dia, um olhou bem fundo nos olhos do outro, e ambos agradeceram pelas noites vividas e revividas naquele encontro. Sem precisar de um acordo, resolveram não trocar telefones. Se o destino assim o quizesse, Marcos saberia como encontrar Luísa, como voltar àquela casa, como retomar aquele amor.
E, depois de um sono tranquilo e abençoado, foi hora da Luísa trocar de fantasia e se preparar para outro bloco, outra aventura, outro dia feliz de carnaval.
Ela amarrou a fita vermelha nos cabelos, passou o batom, também vermelho, e saiu pela rua, no meio do bloco.
Estava exultante, orgulhosa de sua fantasia, planejada e confeccionada por ela mesma, em janeiro. Nunca tinha se permitido brincar o carnaval de rua, nunca tinha se dado o direito de "construir e viver uma fantasia".
Estava cansada de tanta caretice, queria matar as saudades de um tempo que não tinha vivido e que só conhecia pelas revistas e pela televisão.
Olhando as pessoas que estavam curtindo a festa, dentro e fora do bloco, fantasiadas ou não, ela viu, pela primeira vez, a alegria estampada, viu um sopro de felicidade nunca visto outrora. Seus cabelos rubros, cacheados, amarrados na fita vermelha compunham uma pintura com sua fantasia, e ela emanava paixão: pelos outros, por si mesma e pela vida!
As velhas marchinhas de carnaval, todas cantadas de cór, serviam de trilha sonora para aquele momento mágico, um pano de fundo para um sonho de liberdade...nem que este sonho durasse apenas os quatro dias de carnaval e se acabasse na quarta-feira de cinzas.
Pulando com o povo no bloco, sentia aquela alegria invadindo-lhe o peito, tornando-a leve, fazendo com que ela esquecesse os problemas da vida. Tanto tempo perdido...
II
Olhando nos olhos dos homens, sentia de novo o desejo surgindo, sentia que estava viva. Sentia-se bonita, tão saudável, tão cheia de amor. Há muito sentia-se cansada, mas naquele dia, estava disposta, havia se encontrado...
No meio da multidão, avistou um antigo amor, Marcos. Pensou que não poderia ser verdade, pois já não o via há mais de quinze anos. Arriscou chamá-lo, mesmo com todo aquele barulho:
- Marcos! Marcos!
Ele ouviu sua voz e abriu-lhe um sorriso escancarado, fitando-a nos olhos como fazia quando eram namorados. De braços abertos, pulando ao som da marchinha, ele caminhou em sua direção, enquanto ela tentava vencer a multidão (que insistia em estar ali se divertindo) e chegar onde ele estava.
III
O Marcos que ela conheceu era um homem alto, forte, corpulento, de cabelos negros e espessos. Hoje, havia se transformado num homem bonito, porém já meio grisalho, mas ainda era o homem mais cheiroso da face da Terra...
- Luísa, quanto tempo! Dá aqui um abraço!
- Ô, Marcos! Por que a gente ficou tanto tempo sem se ver!?
Num primeiro momento, eram bons amigos que se encontravam depois de anos. Um abraço, depois outro abraço...
- Vamos tomar um choppinho, para matar as saudades!
- Como nos velhos tempos? Vamos! Você está sozinho?
Isso fazia mesmo diferença? Sentaram-se num barzinho que margeava a rua e pediram dois choppinhos bem gelados. O papo se seguiu enquanto o bloco passava. Como a música era altíssima, tinham necessidade de cochichar nos ouvidos, de falar bem pertinho, encostando os rostos. Ela foi sentindo uma saudade dele, do seu toque, do seu cheiro...ainda usava o mesmo perfume...
Ele sentia o mesmo, o coração chegou a disparar algumas vezes. Não sabia se era ela ou uma sensação de voltar a ser adolescente. O fato é que seus cabelos, seu hálito, seu toque, o estavam remetendo a uma época de sua vida em que ele era livre, feliz, inconsequente até!
IV
De repente, um desejo louco por um outro abraço acometeu os dois...e do abraço veio a vontade de um beijo... e eles ficaram se perguntando por que mesmo o namoro deles tinha acabado...
E depois daquele beijo, veio outro beijo, e mais outro, e mais outro...
Ah, que carnaval! Bendita fita vermelha no cabelo da Luísa! Bendito batom...que sabor de cereja! Bendita cerveja gelada, deixando as pessoas mais descontraídas, mais à vontade!
Como eles estavam próximos da casa da Luísa, resolveram continuar o papo por lá, mais reservados, sem a presença daquele mundo de gente jogando confete e serpentina nos pierrôs e colombinas perdidos na tarde festiva...
Marcos havia ficado tão bom com o tempo, tão habilidoso com as mãos! Luísa, por sua vez, sabia o que queria, conhecia melhor o seu corpo e o seu desejo. A saudade era muito grande: o amor começou na sala, estendeu-se pelo quarto, pela cozinha, no banho gelado, e terminou numa noite estrelada, com o casal caminhando pelas ruas da cidade de mãos dadas.
V
Quando finalmente Marcos deixou Luísa de volta em casa, já no raiar do dia, um olhou bem fundo nos olhos do outro, e ambos agradeceram pelas noites vividas e revividas naquele encontro. Sem precisar de um acordo, resolveram não trocar telefones. Se o destino assim o quizesse, Marcos saberia como encontrar Luísa, como voltar àquela casa, como retomar aquele amor.
E, depois de um sono tranquilo e abençoado, foi hora da Luísa trocar de fantasia e se preparar para outro bloco, outra aventura, outro dia feliz de carnaval.
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