quinta-feira, outubro 12, 2006

Torpedos de amor - De repente num domingo de eleições

Peço perdão a Arnaldo Bloch por reproduzir aqui o seu artigo de sábado, 7 de outubro, publicado no Segundo Caderno do jornal "O Globo", mas queria guardar para sempre algo que achei de extrema sensibilidade.

Para quem gostar do que ler, recomendo a visita ao blog do Arnaldo, no endereço:
http://oglobo.globo.com/blogs/arnaldo/

O texto é maravilhoso e me emocionou muitíssimo, mas já não é a primeira vez que o Arnaldo faz isso. Se um dia ele souber que Rebecca reproduziu um texto seu, saiba que ela te ama.

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"Veio-me no domingo eleitoral essa torrente de
amor represado, como as lágrimas que ora correm, enfim.
Quando foi a última vez que chorei?
Vão aí anos. Nem em cemitério mais.
Como é bom chorar.
Que felicidade chorar.

*****
Eu,
onipotente,
jamais acreditei
na possibilidade
de me deixares.
Agora acordo e
digo:
"Não
posso
perder-te".

*****
Olho o mar
esmeralda
de Copacabana
e só vejo
teus olhos
(os meus
nublados
como o céu
esta tarde)

*****
Naquela caixinha
que te dei
não estão
dois anéis
Estamos nós
dois
à espera
de nascer

*****
Não é
por mim nem
para mim nem
por você nem
para você. É
pelo amor para
o amor.

*****
Os únicos olhos
que vi,
a única alma
que li,
o coração que
único
ouvi,
o sorriso
único
do sonho,
têm
um nome único:
o teu.

*****
Esse instante
em que,
para poupar-te voz
e ouvido,
falo-te-aos-torpedos
fogem-me
os medos
do vexame
digital

*****
No Aterro,
táxi rumo
cinema
você
no espelho
da enseada
colore
de poema
o poente
cinza
de sol

*****
Só queria isso:
uma palavra
sua.
Agora posso
dormir de novo
em paz".

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Maravilhoso, Arnaldo, maravilhoso! Êxtase puro!

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