sábado, dezembro 02, 2006

Que falta você me faz...

CARTA IV

Querida Rebecca,

Ah! Que falta que você me faz!

É tão estranho este sentimento...mas, percebo que, desde que constatamos a nossa impossibilidade em ter filhos, temos nos distanciado a cada dia. Sei que você desejou demais a nossa filha e que eu devia ter sido mais dedicado a este projeto, mas ele nunca foi um projeto meu... foi muito mais um projeto seu.

Sempre me senti incapaz de ter filhos e achava que não seria um bom pai. Tomei alguns pressupostos como verdades e fiquei morrendo de medo que, com o tempo, eu fosse deixado em segundo plano: você passaria a se dedicar mais e mais às crianças e esqueceria de mim. No fundo, no fundo, eu reconheço: sempre fui um cara muito carente, um tolo, que se realizou ao encontrar uma mulher dedicada e cuidadosa como você era. Talvez eu estivesse procurando por uma mãe, mais do que a uma amante. Fui egoísta demais em não perceber que tudo que você queria era realizar um sonho de menina e não abri mão da minha vontade para não perder a sua atenção.

Hoje, estamos nós, aqui, distantes um do outro, mas vivendo juntos... eu já nem sei mais porquê. Fazemos planos, mas são todos de curto prazo...eu não vejo mais em você aquela vontade de querer envelhecer ao meu lado.

Penso muito em adotarmos uma menina, do jeitinho que você queria. Não sei se conseguiremos, nem se isso vai servir para nos reaproximar. Sei apenas que eu queria muito tentar te reconquistar, porque eu preciso muito de você.

Ah! Que falta que você me faz. Tanta saudade, tanta vontade de ficar com você, de te amar, de te beijar e te abraçar na nossa cama, como fazíamos quando estávamos apaixonados! Tanta vontade de sentir você enrolada em mim, aninhada como uma gatinha... Só por hoje, tudo o que eu queria nesta vida era ficar um pouquinho com você...

Beijos,

Teu Marcelo

rio de janeiro, 02 de dezembro de 2005.
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CARTA III

Querido Pedro,

Ah! Que falta que você me faz!

Já se vão dois anos desde que a gente se separou. Era mesmo muito difícil conseguir ficar com você, sabendo que você pensava tanto naquela sua ex-namorada, a Rebecca. Só eu sei como eu sofri em ter que deixá-lo por não conseguir se mais interessante e mais forte do que aquele fantasma.

Durante muito tempo, odiei esta mulher com todas as minhas forças. Ficava me imaginando vendo a tal Rebecca na minha frente, tal qual você a descrevia: alta, poderosa, ruiva, cheia de si, muito consciente do que quer e do que não quer e capaz de tê-los nas mãos depois de tanto tempo. Pensava no que faria se a encontrasse, em como diria a ela o mal que ela ainda era capaz de causar a você... Pedi muito a Deus que tirasse de dentro de mim aqueles pensamentos ruins que eu sentia em relação a ela, visto que, para mim, ela era a causa da minha infelicidade.

Eu sei, eu sei, vocês resolveram se separar em comum acordo, não foi uma decisão isolada. Ela não teve culpa. Mas, é de difícil de acreditar que um cara tão bem sucedido, tão dono da verdade, tão senhor de si ainda fique tanto tempo de quatro sonhando com uma mesma mulher, com a vida paralisada. Fico me perguntando se isso é que é o amor verdadeiro ou é uma obsessão.

Mas, de fato, a grande incompetente fui eu, que superestimei a Rebecca e me dei muito pouco valor. E quem não se valoriza, não pode ser mesmo valorizada pelos outros. Sinto muito a sua falta até hoje, sinto saudades do seu cheiro em meus lençóis, do amor que fazíamos (mesmo quando você parecia um pouco ausente) e dos nossos cafés nas manhãs de domingo na confeitaria da esquina da minha rua. Até hoje, quando passo por lá, me vejo com você, bebendo café com leite e comendo pão-doce. Teimo em não acreditar que o que sinto por você me faz o mesmo mal que o que você sentia pela Rebecca...mas, acho que no fundo, somos idênticos: gostamos de amar o impossível...

Ah! Que falta que você me faz. Tanta saudade, tanta vontade de beijar e te abraçar! Tanta vontade de sentir você aqui... Só por hoje, eu juro, eu dava tudo nesta vida para estar um pouquinho com você...

Beijos,

Sônia

rio de janeiro, 02 de dezembro de 1998.

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CARTA II

Querida Giulia,

Ah! Que falta que você me faz!

Como sinto saudades de você. Do seu rostinho que eu imaginei. Das suas perninhas gordinhas, cheias de dobrinhas, dos seus bracinhos terminando em mãozinhas suaves e pequeninas, do seu corpinho rechonchudo...Dos seus cabelinhos finos, cheios de cachinhos, do seu sorriso e da sua risada solta, solta...

Imaginei você me invadindo, sendo gerada em meu ventre, sendo criada em minha casa, no aconchego de um lar, acolhida, feliz...crescendo e se desenvolvendo com alegria, aprendendo todos os dias uma coisa nova...

Foram tantas as noites - incontáveis - em que sonhei tê-la em meus braços, amamentá-la, tocá-la com carinho... imaginei sua boca em meus mamilos, me sugando com força, buscando energia nesta sua mãe... me imaginei te amamentando, te fazendo forte, te dando saúde...

Sonhei com o dia em que você sentou pela primeira vez, com o dia em que você começou a engatinhar, com o dia em que você andou sozinha, equilibrando-se nas suas perninhas frágeis, e com o dia em que você disse pela primeira vez: "mama"...

Sonhei com esta alegria toda, com esta vibração, com as asinhas da minha anjinha junto à mim...sonhei em pintar seu quarto, acompanhando as transformações do meu corpo, e depois em ver seu pai te olhando, te ninando, todo babão!

Ah! Que falta que você me faz. Tanta saudade desta filha que eu ainda não tive! Tanta vontade de ver você aqui...Ainda hoje, eu dava tudo nesta vida para ter um pouquinho de você...

Beijos,

Sua "mama" Rebecca

rio de janeiro, 02 de dezembro de 2004.

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CARTA I

Querida Rebecca,

Ah! Que falta que você me faz!

Outro dia, passou por mim uma pessoa que usava o seu perfume...ele me invadiu por inteiro, envolveu-me a alma, resgatou você daquele limbo na minha memória onde eu tinha te escondido...

Senti uma espécie de febre, um calor pelo corpo, que eu só sentia quando estava com você. Assustei-me ao perceber que esta sensação, que eu julgava esquecida, camuflada nos esconderijos do meu inconsciente, ressurgiu em mim com tanta força, com tanta intensidade!

Com o cheiro do perfume, veio também a memória das curvas do seu rosto, do seu corpo, dos seus cabelos macios, do tom da sua voz, da cor da sua pele, do toque da sua mão, do calor do seu abraço...

Juro que eu fiquei me perguntando: "Por que foi mesmo que a gente se separou?"

Hoje, eu nem me lembro mais. Não sei se a gente deixou de se amar. Ou se nós deixamos de ter os mesmos objetivos, se passamos a pensar diferente, ou se simplesmente acordamos num dia qualquer sem que nos reconhecéssemos...

Foi uma pena ter perdido este amor. Depois de você, nenhuma outra mulher me fêz tão feliz. Sofri com as incontáveis comparações que fiz, com o que almejei e não consegui, porque queria você ao meu lado e você não estava mais aqui. Sofri como se me faltasse ar...

Ah, que falta que você me faz! Ainda hoje, tudo que eu queria na vida era mais um pouquinho de você...

Saudades,

Pedro

rio de janeiro, 02 de dezembro de 1996.

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