domingo, outubro 30, 2011

Será que eles ainda estão juntos?



Are they still together?




Música do dia...

Por que?

Por que é mais fácil mentir do que dizer a verdade?

Por que tem tanta gente capaz de fazer muita m...,
mas incapaz de pedir desculpas?

Por que?


Música do dia...

segunda-feira, outubro 24, 2011

Tudo que eu quero

Melancolia de primavera

Queria ter de volta meus vinte anos...

Para andar de patins despreocupada, até cansar, curtir minha bicicleta sem me preocupar tanto com os meus joelhos e soltar do guidon as mãos para curtir o vento numa tarde fresca de primavera às margens da lagoa,

Para saltar de asa delta, paraquedas, parapente, gritando a plenos pulmões, e desfrutando a paisagem em segundos de emoção...

Queria os beijos apaixonados na juventude, num corpo jovem, com viço, capaz de tudo.

Queria um retrato sem rugas, sem a flacidez do pescoço, sem as marcas do tempo.

Queria que as marcas que trago na alma e no corpo fossem simplesmente resultado de um aprendizado e que esse aprendizado me permitisse errar menos, ou ao menos, errar diferente.

Queria hoje uma boca de batom bem vermelho, mas com a insegurança que eu tinha aos 25 anos.

Queria um espelho que me rejuvenescesse e me permitisse viver tudo de novo, com menos pressa, sabendo que há um dia após o outro, sempre,

E que todo mundo é mortal, que a gente é eterno enquanto dura, e que os sentimentos precisam ser intensos, precisam de calor, para valerem à pena. E que você precisa dizê-los, para que eles façam sentido, para dar-lhes significado.

Queria de vonta os meus vinte anos e também os amigos que se foram... Os que se perderam pelo caminho e os que entenderam errado algo que eu tenha ou que eu não tenha feito. Queria de volta a memória perdida para lembrar do nome dos meus professores e também de todos os amigos da foto da escola.

Queria um trago do cigarro de palha, do ilícito, aquele que eu não dei quando fazia sentido. Queria apertar o oferecido sem medo de perder o domínio e o controle sobre mim mesma. Quanto tempo perdido!

Queria a cantada do estranho, e o corpo seco e bonito que exibia sem força, nem malhação. Queria a liberdade do biquini feito em casa e os desejos de menina que emergiam naquele corpo queimado pelo sol. Queria de volta a paciência de ir à praia de ônibus, sacudindo por horas no engarrafamento, sabendo que a volta seria infame, e correndo todos os riscos, do acidente ao assalto, sem que nada disso fosse problema.

Queria menos indiferência e intolerância, queria o olhar de preocupação do outro que houve um dia, queria a solidariedade perdida, a solidariedade que não temos mais com o outro há muito tempo.

Queria cuidado e consideração, queria que as pessoas olhassem menos para seus umbigos e para a sua urgência em ser feliz, e pensassem que toda escolha tem um ganho... e uma perda. E que nem sempre dá para ter tudo ao mesmo tempo. Queria mais verdade, e menos mentiras. Queria que quem diz que confia, simplesmente confiasse, sem se perder em considerações sobre o que pode e o que não pode ser dito.

Queria de volta o tempo que eu não tenho mais e o meu descompromisso com a vida, além daquela certeza que eu tinha que tudo ia dar certo.

Queria a fé nas pessoas, e que elas merecessem que eu botasse fé nelas. Queria uma paz, que não está em lugar nenhum. Queria me livrar desse engasgo que me faz chorar às vezes...

Queria essas palavras, que eu trago presas na garganta, bem soltas, livres, encontrando a expressão de surpresa ou agradecimento ou mesmo ira de quem as recebe, sem que eu me prendesse na expectativa da dor que me causaria uma reação inesperada.

Queria...


Música do dia...

sábado, outubro 15, 2011

Cada um que aja de acordo com a sua consciência

Essa é a frase preferida do síndico aqui do prédio. Morador e proprietário de um apartamento na cobertura, ele não paga duas cotas de condomínio para ser síndico. É o que ele ganha. Basicamente, ele administra as contas e cobra multas dos condôminos atrasados. Mais não faz. Nunca vi ele comprar plantas novas pro jardim. Nunca vi ele mandar pintar o prédio internamente. Nunca vi ele mandar lavar a fachada de pastilhas do prédio. É fazer o mínimo e desaparecer sempre que possível para evitar reclamações.

Da última vez que achamos legítima a nossa indignação e resolvemos procurá-lo, a causa foi a construção irregular, sem o aval de um Responsável Técnico, de mais um andar no apartamento da cobertura da nossa coluna. Não fosse a perda de iluminação, porque o proprietário do referido apartamento prolongou o telhado, não fosse uma rachadura que apareceu no meu quarto e outra na saída do apartamento no corredor interno do prédio, não fosse a sujeirada que os empregados dexiaram na área interna, nós nem tínhamos nos dado conta da obra. Mas, aumentar a carga de um prédio construído num local de solo mole, do qual nós não sabemos como são as fundações, é preocupante, e por isso, só por isso, queríamos uma avaliação técnica da possibilidade daquela obra. Sem falar que isso representa aumento de IPTU, que ninguém quer pagar.

Nosso síndico encheu a boca e disse:
"Cada um que aja de acordo com a sua consciência!!!!"

Foi mais ou menos o equivalente a dizer: "Eu não me meto nessa história." Para quê, não é mesmo? Afinal, ele também fez o mesmo no apartamento dele e o prédio não caiu... Por enquanto...

Nós, então, resolvemos que íamos denunciar a Prefeitura, e assim o fizemos. Desconfiamos que o fiscal esteve aqui e, infelizmente, levou uma graninha do novo vizinho. O máximo que conseguimos foi o dito vizinho se dependurar na janela e gritar a plenos pulmões que:
"São todos uma cambada de invejosos!"

Ora, bolas, eu não invejo quem mora na cobertura do meu prédio. Invejo quem mora numa cobertura em Ipanema ou no Leblon, com aquele ar fresquinho da praia batendo, podendo caminhar à noite pelo calçadão, com um mar de bons restaurantes para escolher, noite fervilhante a apenas alguns passos... Não aqui. Sorry, sinto muito decepcioná-lo, vizinho!

A minha preocupação era legítima. Ninguém mais pode ter uma?

Isso me veio a cabeça por causa do infeliz acidente que ocorreu no Centro do Rio de Janeiro esta semana, no restaurante "Filé Carioca". A explosão, que mandou tudo pelos ares e matou, de cara, três pessoas, além de deixar 17 feridos, foi causada pelo uso de gás de botijão onde não era permitido.

Como diria meu síndico:
"Cada um que aja de acordo com a sua consciência!"

Mas, então, se algum dos vizinhos teve medo, preocupação e se deu conta de que estava em cima de uma bomba relógio, não podia reclamar? A quem ele reclamaria? Como garantir que alguma coisa seria feita para evitar aquele acidente? Como garantir que as leis seriam cumpridas, que alguém agiria para por um pouco de consciência na cabeça daquele proprietário, que ficou passando mal três dias por causa do absurdo e das consequências de seu ato irresponsável? Como garantir que o fiscal não levaria uma propina e ficaria tudo por isso mesmo?

É por estarmos apáticos, o tempo inteiro evitando as brigas e indisposições, com medo que o vizinho tenha uma arma e queira nos matar por nada, é que nos calamos. Nos calamos por tudo. E não é nada, não é nada, a vida vai ficando mais difícil. Ninguém mais quer seguir regras, só vale a "Lei do Gerson", onde cada um quer levar "vantagem em tudo", e que cada um aja de acordo com a sua consciência.

Eu tenho mais medo da apatia do que das bombas-relógio. Porque assim, vamos mal. Não chegaremos a lugar nenhum. Códigos de postura foram feitos para serem seguidos, leis e regulamentos técnicos também. Ensinem isso às novas gerações. Se queremos questionar alguma coisa, que o façamos nos órgãos corretos, junto às entidades competentes. Tudo bem, construir mais um andar num prédio todo mundo pode, mas se o prédio cair, se a laje ceder, se alguém se ferir, basta dizer que não sabia que não podia e ficar dias passando mal?

Não me convence. Convence a você?


Música do dia...

segunda-feira, outubro 10, 2011

A um amigo descrente

Meu amigo,

Vi que você está descrente da vida. Que é chegada a hora de repensar suas escolhas. Que, depois de tudo o que você fez, de tudo que você investiu, você acha que não recebeu o reconhecimento merecido.

Pode não parecer, mas eu sei bem pelo quê você está passando. Não que eu tenha enfrentado situação igual, mas vi meu pai sofrer na pele a crise da Construção Civil, na década de 1980. Ele, profissional dedicado, projetista que participou de grandes projetos como a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipú, de repente, teve que se reiventar. Reconheço nas suas palavras a tristeza que via no olhar do meu pai, uma tristeza recheada de preocupação, aquela preocupação que os homens têm ao se deparar com a dura realidade de não saber como botar dinheiro em casa e sustentar a família.

A palavra é essa, meu amigo: Reinvenção. Você precisa se descobrir. Tirar esse tempo, ou algum tempo, para olhar para dentro e descobrir do quê você ainda gosta de fazer. Pensar em outras possibilidades, olhar para o lado, buscar por analogias, ser criativo. Esquecer um pouco talvez daquilo que você mais domina e pensar no quê você poderia investir para começar de novo.

Sim, amigo, porque nunca é tarde para começar de novo. Você mesmo, já recomeçou tantas vezes, já venceu batalhas duríssimas, essa é só mais uma. Pense assim: "um dia ainda vou dar muita risada de tudo isso" ou "como eu cresci naquele tempo em que eu achava que não tinha nenhuma perspectiva".

Sim, porque você tem perspectivas, poder até parecer que não, mas tem. Essas perspectivas, você as cria, tenho certeza, você se remodela, se molda a outro negócio, se inspira em outros caminhos... É só começar, é só sair da inércia, que tudo dará certo.

Use seu tempo para escrever no seu blog. Escreva tudo aquilo em que você acredita. Escreva para deixar como legado tudo aquilo que você viveu como executivo. Vai ser bom pra você. Mas, antes, sacode a poeira da melancolia e respira fundo. Encare tudo isso como uma viagem, uma viagem ao seu mundo interior.

Todos nós vivemos crises em setênios. Elas vêm, de sete em sete anos, para nos fazer repensar a vida. Em ciclos de sete em sete anos, não necessariamente numa idade exata, mas pelo menos uma vez, nos deparamos com algumas questões clássicas. E são essas questões que nos impulsionam, nos fazem caminhar, nos levam adiante. É o ciclo da vida, como diz a Antroposofia.

Aos sete, quando aprendemos a ler e escrever e descobrimos um mundo novo. Aos catorze, com os nossos hormônios em ebulição. Aos vinte e um, quando entramos na idade adulta e nos vemos lá, quase acabando a faculdade, nos deparando com a pergunta: E agora? Como será sair debaixo da asa dos meus pais?

Aos vinte e oito, já empregados, tendo que dar saltos quânticos na carreira para provar nossa competência. Aos trinta e cinco, quando, muitas vezes, assumimos a responsabilidade de gerenciar equipes. Aos quarenta e dois, quando começamos a sentir o peso da idade e da desaceleração de nosso metabolismo (e vemos o quão necessário são os exercícios físicos para nos mantermos saudáveis).

Aos quarenta e nove, quando começam a achar que estamos em declínio, apesar de nos sentirmos plenos e aptos para encarar qualquer desafio. E então, começamos a nos deparar com questões muito voltadas para a espiritualidade, porque a curva já está começando a declinar mesmo, o corpo está ficando frágil (ao pó voltaremos, não é mesmo?) e as questões da alma passam a ser muito mais importantes.

E quando estamos prontos para curtir a vida (quando nos aposentamos - se é que não curtimos antes), essas questões estão latentes: De onde eu vim? O que fiz da minha vida? Para onde eu vou? O que deixo de herança?

A minha dica para você, meu amigo, é só uma: não pense muito, não! Viva o presente. Mas, lembre-se de uma coisa. Quando estamos no avião, a aeromoça sempre diz, em seu briefing de segurança: "em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão em sua direção. Coloque a sua máscara, ajuste o elástico e depois auxilie quem está ao seu lado"... Ou seja, é tempo de cuidar de você, tempo de olhar para você, e pensar que talvez haja ao seu lado alguém de máscara pronto para te ajudar. Ah, e esse oxigênio metafórico está dentro de nós. Busque aí dentro a sua força, ela está aí, não se perdeu.

Sei que você vai conseguir.

Um beijo da amiga muito crente em você.
R.


Música do dia...

domingo, outubro 02, 2011

Paz

Não há paz dentro de mim.
Há um mar revolto, em plena ressaca, com ondas de 2, de 3 metros, quebrando raivosas e destruindo calçadas, assolando uma praia deserta tomada por um vento frio e cortante.

Não há paz dentro de mim.
Há um vendaval persistente, que destelha casas, que arranca do chão árvores centenárias por suas raízes, que derruba postes e destrói sonhos e esperanças.

Não há paz dentro de mim.
Há uma chuva intensa, constante, assoladora, que inunda ruas, isola casas e pessoas, transborda rios, destruindo pavimentos e tudo o mais que se pensava sólido e indestrutível.

Não há paz dentro de mim.
Há apenas um sol escaldante, um tempo seco e árido, sem umidade, sem saliva, sem lágrima. Um tempo tórrido, a esturricar pensamentos, tecidos e pele, a tornar a pele seca e áspera. Um ar sufocante.

Não há paz dentro de mim.
Há uma voz que quer virar grito, que está travada na garganta, que impossibilita o diálogo, que dissimula sentimentos, que não se expande, não cresce, não vira eco, e que encobre qualquer sensação de calmaria que alguém pode ter.

Não há paz dentro de mim.
Há uma ausência do toque, do carinho e da atenção dos seres humanos. Uma ausência que preenche espaços internos de solidão vasta e agúda, uma ausência da palavra, do contato, do amor fraterno com o qual deveríamos nos tratar a todos.

Quando você me olha e me vê sorrir, não vê essa falta de paz. Não vê esse vazio que, volta e meia, me toma de assalto e me faz chorar baixinho. Sorrindo, eu te transmito uma paz que há muito tempo eu já não sei onde achar.

Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2011.