quarta-feira, novembro 30, 2011

Isso é muito lindo!


| Casuarina |


Retalhos de Cetim

Benito di Paula

Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria.
E ela jurou desfilar pra mim

Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver,
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro,
E ela jurou desfilar pra mim.

Refrão:
Mas chegou o Carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei.

Refrão:
Mas chegou o Carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei.

Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria.
E ela jurou desfilar pra mim

Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver,
Em retalhos de cetim
Eu dormi o ano inteiro,
E ela jurou desfilar pra mim.

Refrão:
Mas chegou o Carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei.

Refrão:
Mas chegou o Carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei.
Não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei.
Não pensei que mentia a cabrocha que eu tanto amei.

domingo, novembro 27, 2011

Samba

| Teresa Cristina, no Carioca da Gema, dia 25/11 |

Descobri que gosto muito de samba. Eu me acabo. Literalmente. Toda vez que vou a um show de samba, eu canto até não poder mais, a plenos pulmões, sem me incomodar se estão achando ruim ou não a minha pobre voz.

Este final de semana, teve repeteco. Os meus amigos alemães, que estavam no Rio de Janeiro há um tempão, pediram para conhecer outra casa de shows e eu, que já os tinha levado na semana passada ao Rio Scenarium, que eles adoram, aproveitei para ir no bar Carioca da Gema, que sempre quis conhecer, mas nunca tinha tido a oportunidade de ir (nem muito menos pedir ao maridão que fosse comigo).

De novo, dancei horrores. É uma festa. Uma comemoração de final de campeonato. A Lapa está especialmente divertida, com a Mem de Sá fechada ao trânsito e todas aquelas pessoas na rua. Em que outro lugar do mundo você vê um grupo executando uma performance de Thriller, do Michael Jackson, vestidos à caráter, no meio da rua, à 1 da manhã? Improvável, impensável, mas delicioso.

Saber as letras dos sambas é engraçado, eu que quase nunca escuto samba em casa. Mas, descobri que estas músicas me acompanham deste sempre, e que a gente sabe a letra delas de tanto ouví-las por aí... e nem se dá conta. Eu gosto de algumas em especial, e me amarro nas releituras de gente como Luis Ayrão, Agepê e tantos outros que faziam sucesso nas minhas infância e adolescência ("Deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro...")

O mais estranho é ter que explicar o que significam aquelas letras para os alemães, que não entendem nada... Como explicar "Vou festejar" (Chora! Não vou ligar, Não vou ligar, Chegou a hora, Vais me pagar, Pode chorar, Pode chorar... É, o teu castigo, Brigou comigo, Sem ter porquê... Eu vou festejar, Vou festejar, O teu sofrer, O teu penar...)? Sei lá, na hora me deu na telha de dizer... "it's a song about revenge ..." Espero que eles tenham entendido. Nada melhor do que dar um CD da ilustríssima cantora que dava seu toque especial ao palco do Carioca para eles irem se acostumando ao ritmo do samba e se preparando para o próximo ano, quando voltarem...

Porque, se eu já conheço um pouquinho deles, eles vão voltar, e são capazes de ficar mais do que os 45 dias que ficaram por aqui este ano. Quem sabe na próxima vez não fiquem todo o verão?

Para fechar o final de semana festivo, um pouquinho de Teresa Cristina com Marisa Monte, lindas...



Para ver as meninas
Marisa Monte

Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito

sexta-feira, novembro 25, 2011

Perdas e ganhos

Eu tenho andado muito distante deste blog, eu sei, e os leitores que me acompanham já devem ter percebido isso. A vida anda muito corrida e eu andei um pouco melancólica, e como isso começou a se refletir aqui nos textos que eu estava escrevendo, resolvi que era hora de parar.

Parei, e parei mesmo. Parei de pensar na vida. Outro dia, comentei com a minha terapeuta que se não fosse a hora que tenho com ela toda a semana, teria me abandonado novamente, porque não está dando tempo. As leituras que me acalentavam e me faziam pensar em questões interessantes relacionadas à minha vida, como os três gaúchos que estava lendo (Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar e Mario Quintana), ficaram para depois. De vez em quando, eu ainda abro um destes livros e leio um trechinho, mas é tão pouco que quando eu recomeço, acabo sempre tendo que retomar de um pouco antes de onde parei.

Descobri que não sei lidar com perdas. E elas têm sido muitas. Aliás, 2011 foi um ano bem difícil, eu não saberia dizer o que me doeu mais. Recentemente, mais uma me acometeu pelo caminho e fui percebendo que o meu coração está tão dilacerado, que ninguém diz que é colado... mas, em pedaços, muitos pedaços. Fui me fechando de um jeito que eu nem sei mais, convivo com uma dor no externo, no esôfago, e ela vai me impedindo de falar. Falar pra quê?

Prefiro conviver com os meus mortos, as minhas perdas, como se convive com mortes físicas, com a saudade que se sente quando se está longe e se sabe que não se verá mais alguém que foi muito, mas muito importante na nossa vida. A gente se lembra de um sorriso, de uma gargalhada, mas com o tempo, começa a esquecer do rosto, da fisionomia e só se lembra do que vê nas fotos, quando há fotos. Quanto não há, a pessoa se perde na fumaça do tempo, que a tudo apaga.

De real nesta história, foi que o sofrimento me empurrou pra frente. A minha vida mudou completamente, em todos os aspectos... profissionais, pessoais, emocionais... eu me olho no espelho e me vejo como outra pessoa, mais adulta, mais racional, menos infantil e otimista, mas mais realista. Eu realizei muito, fui além das minhas forças, fiz mais do que eu podia, ou tinha condições de fazer, e fiquei feliz pelas minhas conquistas. Se eu posso agradecer por algo a todos que me feriram com mais ou menos intensidade, com intenção ou não de fazer, agradeço por este crescimento. Quando penso em todos a quem me doei, e vejo o abandono que enfrentei ao longo do ano, começo a concluir que, de fato, não devemos fazer nada esperando algo em troca: isso de fato nunca vem. O que vem é sempre o inesperado. Vem de onde menos se espera. A gente tem que fazer de graça mesmo. E fazer menos, quando a iniciativa em ajudar nos exige demais. Não vale o esforço. Os outros têm que entender os nossos limites. Tudo que é demais, é muito, como diria a minha irmã.

O ano nem acabou e quando eu olho pra trás acho tudo muito pequeno, muito insignificante. O que ganhei em experiência, em razão, em qualidade dos meus relacionamentos, não tem preço.

“É tempo de me fazer, eu sei. E sei que é bom ser ainda indefinido. Pelo menos as deformações não calaram fundo, não se afirmaram em feições. É bom, sim, mas ao mesmo tempo é terrível. Porque me vem o medo de estar agindo errado, de estar gerando feições horríveis, que mais tarde não sairão com facilidade. Não, não é fácil ser a gente da cabeça aos pés, da unha do dedo mindinho até o último fio de cabelo”.

– Caio Fernando Abreu, Limite Branco, 2007.