Reproduzo a crônica a seguir...
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"Pelos arredores de 1940, os rigores da guerra talvez tenham "pedido" que o rosto feminino fosse menos "planejado", e amulher tivesse aparência mais suave. O que os americanos chamam de "girl next door" (a moça que mora ao lado) tornara-se o ideal. Queria-se que a moça fosse muito atraente, mas, ao mesmo tempo, representando uma imagem familiar, o que repousava.
Então Betty Grable era a "pin up" de sucesso, e seu retrato fazia bater de saudade o coração dos soldados.
E as outras moças, é claro, aproximavam-se do tipo Betty Grable. Cabelos longos, por exemplo, apenas encimados por um discreto "pompadour", eram a marca essencial da beleza. Copava-se também o maquilagem moderado da Grable, o contorno de seus lábios.
E todas tinham o ar adocicado - que hoje consideraríamos ligeiramente enjoativo."
Lispector, Clarice. "Correio Feminino". Rio de Janeiro: Rocco, 2006. pp. 118.
__________________Então Betty Grable era a "pin up" de sucesso, e seu retrato fazia bater de saudade o coração dos soldados.
E as outras moças, é claro, aproximavam-se do tipo Betty Grable. Cabelos longos, por exemplo, apenas encimados por um discreto "pompadour", eram a marca essencial da beleza. Copava-se também o maquilagem moderado da Grable, o contorno de seus lábios.
E todas tinham o ar adocicado - que hoje consideraríamos ligeiramente enjoativo."
Lispector, Clarice. "Correio Feminino". Rio de Janeiro: Rocco, 2006. pp. 118.
Lendo essa crônica, fiquei pensando no quanto acho a minha figura antiquada, daquelas que fariam sucesso na década de 50, quando a minha avó estava no auge. A mulherada daquela época usava bobs o tempo todo e ferro quente pra marcar as ondas no cabelo, coisa que tenho de sobra. Meu grande trabalho é fazer o cabelo ficar todo enroladinho, para não ficar com cara de antigüinha. O pior são estas modelos e atrizes que fazem escova modeladora e criaram um paradigma do cacho definido... ora bolas, quem tem o cabelo desse jeito?
Mas, falando sério, eu nunca me imaginei vaidosa como sou hoje. Acho que, em grande parte, é uma influência da mídia, que martela a cabeça da gente com esta história de que temos que ser lindas. Olha só a carinha fofa da Betty Grable... gente, ela tem uma cara ótima! E, venhamos e convenhamos, a gente nunca se afastou muito desse modelo... bem, na época da onda hippie, a gente até usou umas coisas impublicáveis, mas nada que assustasse muito (a não ser aquele tufo de pêlos nas axilas, o que ainda me choca tremendamente).
Eu até aguento os anos oitenta, onde a gente via a mulherada com as sobrancelhas enormes, cabelos revoltos e pêlos nas pernas e braços descoloridos (eu mesma fui uma adepta, mas acho que mais por preguiça e medo de sentir, dor do que qualquer outra coisa).
Adoro a vida de hoje e não me imagino diferente. A trilogia depilação-manicure-cabeleireiro já faz, irremediavelmente, parte da minha vida. E os cremes à noite e pela manhã já são a minha religião. Sejamos todas adocicadas e felizes, com uma carinha limpa, cabelos no lugar, unhas feitas e bons hábitos no cuidado com a pele, porque o sol é implacável até no inverno!
2 comentários:
ADOREI! Adoro pin'ups, adoro as décas de 40 e 50, adoro ser adocicada, adoro cachos! Deststo esse padrão moderno a la chapinha no cabelo!
Viva às Divas!!!!
Olá minha querida!!! Saudade deste espaço. Com as férias consigo fazer tudo o que gosto, inclusive ler e COMENTAR seu delicioso blog!!!
Adorei este post. Engraçado que nunca fui vaidosa mas sempre gostei de estar bem.
Hoje em dia até frequente manicure e faço meus rituais de cuidado comigo mesma, mas o que prego sempre é o respeito conosco.
Ahco que temos que estar o mais natural possível.
Quem tem cachinhos que curta os seu cahos. Quem tem cabelo liso que os curta liso. Quem tem biotipo fino, legal. E quem tem um biotipo maior, como eu, abuse das curvas.
Enfim, o barato é aceitar como somos e curtir o que temos de diferente, porque, vamos combinar, tudo igual é chato demais, né não?!
BEIJÃO
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