terça-feira, junho 25, 2013

Antes da Meia-Noite

Desde que o filme foi lançado e começou a badalação nos festivais de cinema mundo a fora, eu estava com vontade de assistí-lo. Resolvi essa questão no último final de semana.

Para tanto, tive que incorrer numa maratona, de modo que eu conseguisse entender a trilogia, que começou em 1995 com o "Antes do Amanhecer", teve sequência em 2004 com o "Antes do pôr-do-sol", e continuou agora, com o filme que está nas telonas.

Na sexta-feira então, aluguei no melhor estilo de cinema on demand, o primeiro deles, "Antes do amanhecer", filme que me provocou uma penca de questionamentos...

... por que não me interessei por este filme em 1995, quando eu tinha 25 anos?

... teria sido muito mais interessante me reconhecer no ideal do amor romântico de encontrar alguém ao acaso a quem se pode reconhecer completamente no primeiro momento e confiar cegamente a ponto de mudar seu caminho para passar um dia-noite-madrugada com um estranho boa-pinta!

... queria eu ter vivido um encontro de amor assim, se não é que todos os nossos encontros de amor não são assim...


Os atores estavam então naquela época tão lindos, tão jovens, como todos nós estamos quando temos 20 e poucos anos, a pele fresca, o corpo cheio de energia... Julie Delpy e Ethan Hawke faziam coisas, como por exemplo fingir que estavam falando ao telefone na frente do outro, só para provocar gargalhadas no parceiro, ah, que eu me lembro de fazer... eram atitudes juvenis, bobas até, que a gente vai perdendo ao longo do tempo, e que nos levam a sentir uma baita saudade de nós mesmos...

Em "Before sunset", ou "Antes do pôr-do-sol", eles já estão mais maduros, 9 anos depois, cheios de histórias para contar um ao outro, do que fizeram, por onde andaram, que caminhos trilharam. O personagem de Hawke, Jesse, ainda guarda a mesma admiração por ela, ainda olha para ela com o mesmo olhar apaixonado, e revela neste filme que havia cumprido o prometido, o que não fora revelado no primeiro filme. A minha impressão é que este filme termina com um tremendo "E foram felizes para sempre...", depois do diálogo "Jesse, você vai perder o vôo...", "Eu sei"...
 


Jesse fica boa parte do filme perguntando a Céline o que teria acontecido com eles se ela tivesse ido a Viena, como haviam combinado. Ele acredita que a vida deles teria sido diferente, que eles não teriam se envolvido com uma série de pessoas apenas para esquecer o ideal de amor romântico que haviam criado com aquele encontro...

"Before Midnight", ou "Antes da meia-noite", tem um baita cheiro de vida real. E aqui, eu vou tentar escrever sem entregar o filme, visto que muita gente ainda não viu. Vários amigos disseram que o filme é arrastado, apesar de ficarmos apenas 1h15min no cinema, que é DR pura, que o casal passa boa parte do tempo discutindo a relação.

A artimanha utilizada neste filme por Céline é típica, ao meu ver, da mulher que está cansada, e mesmo com todo o ambiente propício, não está com a menor vontade de transar. Céline mostra que teve que abrir mão de muita coisa para cuidar da família, e que a mulher de hoje não está mais tão disponível assim, não é tão capaz de abrir mão de seus sonhos profissionais e pessoais para permitir que seu "amado" possa se dedicar ao trabalho (neste caso, um trabalho pra lá de difícil, pois tem a ver com criação).
 



O cartaz em preto-e-branco tem muito mais a ver com o espírito do filme do que o colorido. Neste, apesar deles estarem em família na casa de amigos na Grécia, lugar onde muita gente gostaria de passar as férias, eles estão sem cor, como que se a vida em comum fosse menos atraente, interessante, como se fosse difícil manter o encantamento a dois, ou a 4, ou a 5... E não é este o problema de todos nós?


Os demais atores do filme também são incríveis e suas atuações merecem ser apreciadas.


Céline deixa claro para todos à mesa que se incomoda por ter sido a musa inspiradora de seu marido em seus livros, apesar dele não a levar a sério.


 Enquanto caminham, os dois personagens parecem reencontrar um pouco do que foram, ou o que eram, quando se conheceram. Tão complicado quando a gente perde isso...


É no hotel onde a DR vem à tona, mesmo quando Jesse joga a toalha, e dá a entender que não quer brigar...




No final, aquele amor do início prevalece, sabe-se lá de que jeito...

O tempo não fêz lá muito bem aos dois, mas fica claro que para Julie Delpy ele foi muito mais impiedoso do que para Ethan Hawke.

Não é um filme de trilhas sonoras, se bem que há uma música em comum nos três filmes, fazendo a costura, a amarração. Apesar de difícil, eu gostei.

Mas, sugiro àqueles que não viram os outros filmes, que o façam, para que entendam bem a história...

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