Hoje fazem meses que eu perdi minha melhor amiga, num acidente de carro.
Morreu da pior forma, sem me dar chance para uma despedida. Não estava doente, mas sentia-se só. E eu me senti tão responsável por aquilo, por ser tão cega.
Foi duro, nela eu depositava toda a minha confiança e a fé na Humanidade.
Morreu assim, de uma hora para a outra.
Mas, já vinha morrendo. Estava morrendo aos poucos,
Se transformando, sofrendo uma metamorfose, perdendo sua essência,
Deixando de ser borboleta para virar uma lagarta rastejante encapsulada.
Como Benjamin Burton, estava vivendo ao contrário, fruto de suas neuroses.
Eu não percebi a morte, nem as diversas vezes em que ela tentou se despedir.
Ela bem que tentou. Tentou me dizer que tínhamos ficado diferentes demais, distantes demais, que tínhamos metas muito diversas...
Eu, crente que o que tínhamos era mais precioso do que qualquer meta, do que qualquer desejo de estar com alguém, um homem, um amante, supus, erradamente, que sobreviveríamos a isso, como já havíamos sobrevivido em outros tempos.
Mas não foi assim. Numa crise de solidão, sentindo-se plenamente incompreendida, ela jogou o carro que dirigia contra um muro, sem me dizer Adeus.
O tempo vai passando e é tão estranho... Eu quase já não lembro de seu rosto, sua voz, sua risada, seu corpo magro... E o pior é que nunca mais fui capaz de ter uma amizade igual.
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