Foram tempos difíceis. Pior do que perceber que algo está acontecendo é não saber porque está acontecendo.
Beatriz tentou algumas vezes. Se aproximou, puxou conversa. Nem quando eles tinham que estar juntos na mesma reunião, ele se dirigia a ela, e quando o fazia, era sempre muito formal. Ela foi desistindo, desistindo, quando desistir era a última coisa que ela queria fazer mas, ... não tinha jeito.
Tinha decidido que não alimentaria mais nada que não fosse recíproco.
E você, alimenta? |
Meses se passaram, regados a muita frieza. Ela ainda se queixou com alguns colegas da mudança sem motivo de Marco. Todo mundo aconselhou a ela que se afastasse, que Marco não era mesmo muito bom da cabeça. Na verdade, ele não fazia a menor questão de ser um cara querido pelos colegas. Era introvertido, e parecia só se abrir para Bia. Até então.
Um dia, em mais uma das intermináveis reuniões de equipe, na qual só o chefe fala e os demais escutam, Beatriz estava especialmente desatenta e triste. Todos perceberam, o chefe, Marco e os outros colegas. Quando perguntada pelo status do projeto que estava conduzindo, Bia ficou sem resposta. Na verdade, não estava ouvindo. Como um amigo dizia, estava presente em corpo, mas não em espírito.
Queria conversar com Marco, desabafar, entender o que havia acontecido. Ao invés disso, apenas perguntou se podia se retirar da reunião e voltou ao seu lugar, onde passou o resto do dia olhando perdidamente para a tela de seu computador.
Já estava cansada daquele dia que não passava, quando Marco se aproximou dela. E com a mesma doçura de antes, perguntou-lhe:
- Quer carona? Eu te levo em casa. ... Acho que estamos precisando conversar...
E saíram.
Continua na parte 3.
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