domingo, janeiro 12, 2014

Solidão


nunca se sentiu tão só.

Dez dias haviam se passado desde que recebera aquela carta, na qual ela revelava todo o seu amor, bem como o sofrimento que havia passado tentando ser apenas sua amiga a vida inteira. Dez dias nos quais tudo havia mudado: a forma como pensava nela, o modo de vê-la, o jeito como ele próprio enxergava a si mesmo.

Será que havia estimulado esse sentimento em algum momento? Será que tinha dado a ela alguma esperança de que a relação deles podia ser diferente da amizade que sempre tiveram?

Ao mesmo tempo, sentia que tinha rejuvenescido uns 30 anos com aquela carta. Na sua idade, saber que havia uma mulher inteligente e bonita apaixonada por ele era realmente um bálsamo rejuvenescedor. O que ela tinha escrito, da forma como tinha escrito, com tanta emoção, tanta paixão, tornou-o bastante invaidecido. Sentia pena por não poder viver isso, não ter como retribuir tanto amor.

Passados dez dias, ela ainda permanecia em seu pensamento. A pergunta maldita que a torturava todo esse tempo ("E se...?"), passava agora a torturá-lo também. "E se minha vida fosse com ela, como seria? E se eu tivesse tentado quando pude? E se...?"

Tentava pensar num meio de contatá-la, de se reaproximar dela, pois gostava dela, não a queria longe como ela pedia, tinha vontade de tê-la ao seu lado, mas parecia impossível. Era como se ela tivesse fechado novamente uma porta entre eles, e não quisesse mais abrí-la.

Mas, ela tinha deixado uma brecha ("não me chame; se você chamar, não sei se consigo resistir")... E se ele pudesse usar esta brecha? Até onde teria que ir para tê-la ao seu lado?

Vivia corroído pelas dúvidas, e temia compartilhar com alguém essa história e ser mal compreendido. Tinha agora uma ideia do que ela tinha passado todo esse tempo. Procupava-se com ela, mas tinha medo de que qualquer passo seu fosse mal visto. Até por ela.

Nunca se sentiu tão só.

2 comentários:

Unknown disse...

E ai, como continua ? ele resolve procura-la ? Fiquei curiosa.. haha

Rebecca Leão disse...

Camila,
A história foi tão forte que eles precisaram de um tempo de luto... e eu, de um tempo sem escrever. Mas, não é que não acabou?
Bjs,
Rebecca