sábado, maio 03, 2008

João Ximenes Braga - Zoofilia

Não tem coisa melhor do que você abrir o jornal de sábado e deparar-se com uma delícia de crônica como a do Caderno Ela de hoje.

João, mas você foi fazer o quê no zoológico, meu filho?

Adorei o parágrafo em que você diz que a gente precisa moder muito a língua para não dizer o que está pensando. Eu faço muito isso, principalmente quando eu sei que a pessoa ao meu lado não quer ouvir a minha opinião. Ao contrário, sei que a criatura até pode ser grosseira se eu a disser. Então, é melhor não dizer.

Quando você emenda então dizendo que temos que morder com cuidado, para não morrer envenenado, mas com força para não deixar o veneno virar verbo, fiquei pensando na minha linguinha, toda marcadinha, da força que eu ando fazendo. As pessoas não entendem quando a gente é sincero. Principalmente aqui no Rio de Janeiro, onde aprendemos desde criancinhas como fazer para sermos dissimulados. É o que se espera, portanto, não saia da linha! Seja educado, mas falso como uma nota de duzentos reais!

"Passa lá em casa (mas não espere que eu vá te abrir a porta)!", "Nossa como você está linda (mas que cabelo é esse!?)" são atitudes corriqueiras nesta cidade...

Agora, triunfal é o seu final... que transcrevo aqui:

Os macacos-aranha são de longe os seres mais curiosos do Zôo do Rio. Parecem ter sido coreografados pela turma de "Matriz", mas com uma picardia bem carioca. Capazes de empurrar um colega da corda só pela diversão. Espíritos-de-porco natos. O que mais me chama a atenção neles, porém, é a força e agilidade na cauda.

- É a espécie que mais usa o rabo para subir na vida, depois da mulher brasileira.

Eu não queria ter dito, mas disse. Escapou. Em alto e bom som. Pelos olhares à minha volta, era hora de ir embora.

Queria que você tivesse ouvido as minhas gargalhadas! Obrigada, João, você me fêz feliz hoje!

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