segunda-feira, maio 19, 2008

Mulher-migalha

Continuando a série dos tipos indefectíveis de mulheres...

Lá estava ela, sábado à noite, vendo a novela das nove, maldizendo a hora de não haver se programado para fazer alguma coisa, nem que fosse pegar um cineminha com as amigas, quando de repente, uma personagem da novela - de muita personalidade - soltou essa:
- Você é a mulher-migalha, sempre cata as minhas sobras, sempre fica com os restos de homens que eu não quero mais!!!!

Como num passe de mágica, ela então reviu, num piscar de olhos, todos os momentos da sua vida nos quais ela fêz questão de não ser uma "mulher-migalha"! Sempre se achou muito boa para ser a que cata a sobra, que é estepe de alguém. O mundo tem muitos milhões de habitantes, não é possível que não exista, perdido por aí, um sapato velho para calçar o meu pé descalço, ela pensava.

Lembrou que, uma vez, um namorado por quem ela foi perdidamente apaixonada tentou fazê-la de estepe. Começaram um namoro, ele se dizendo separado da esposa, e ela mergulhou de cabeça. De repente, sem explicação, a esposa voltou para casa. A separação era muito recente, ela não sabia. O coração dele ainda doía dores lancinantes de saudades da ex-mulher e ela, coitada, estava ali preenchendo um vazio, enquanto não passava aquela chuva e alguma coisa acontecia entre o casal. Tá bom, foi meio mulher-pratinho, meio mulher-migalha. Como ela soube que a mulher voltou para casa? Não, não foi ele quem contou, afinal, sua intenção era torná-la o estepe da vez.

Um belo dia, ela telefonou para ele, sabendo que ele não estaria em casa, só para deixar um recadinho de amor na secretária eletrônica. Qual não foi a sua surpresa, atendeu uma mulher, que se identificou como sua esposa. Sua esposa? Mas, ele não estava sozinho? Como assim?

Seu primeiro pensamento foi: "não posso gagejar, afinal, não fiz nada de errado!" Ela não era amante, nem sabia que esta possibilidade - a da mulher voltar para casa - existia! Depois, pensou em seguida: "tenho que fazê-lo saber que eu sei!" Deixou então um recado com a mulher, para quem se apresentou e foi até muito simpática, pedindo-lhe que entrasse em contato com o grupo do Mestrado, pois já haviam feito a divisão das tarefas do trabalho e ele precisava se inteirar sobre a sua. Só que o trabalho era inexistente, este era o recado mais doido que alguém podia deixar para uma pessoa que já havia cursado todos os créditos. Ele iria saber, pois burro era coisa que ele não era. E ela, depois disso, sumiu, desapareceu. Sofreu para caramba, pensou nas vezes em que ele se sentiu o tal por estar com duas mulheres, nos riscos que ela correu, na idiotice de não ter perguntado sobre o fim do casamento...

E depois deste flashback, ficou se perguntando por que existem mulheres neste mundo que aceitam o posto de segundona... como elas conseguem dividir um amor, sabendo que este amor não está com elas aos sábados, domingos, feriados e se questionando se todas as palavras trocadas, aquelas ditas nos momentos mais íntimos, são mesmo verdadeiras... Como isso deve doer!

O pior é que se uma mulher tem esse tipo de comportamento, o de manter mais de um relacionamento simultaneamente, ela é muito mal vista, mal interpretada, enfim, dela vão dizer tudo aquilo que vocês já devem estar imaginando. Então, se para uma mulher não é factível amar a dois homens ao mesmo tempo, por que aos homens é permitido esse luxo? Sim, porque é um luxo, não é mesmo?

Correu para cama, botou o pijaminha novo e curtiu o filme da tv, com a certeza de que, qualquer que seja o cara, certo ou errado, legal ou careta, avançado ou retrô, para estar com ela, ele terá que ser só dela!

Nenhum comentário: