Ontem, eu e meu marido fomos ao teatro. Meu Deus, como uma ida ao teatro pode ser boa e engraçada!
Fomos ao Teatro Leblon, mesmo com o temporal que caiu e com o medo de enfrentar bolsões d'água na orla da Lagoa. Na chegada ao teatro, passei no meu primeiro teste: não foi nada complicado trocar o código das entradas compradas no Ingresso.com pelos tickets na bilheteria. Ainda bem que fizemos as compras antes, porque se fôssemos deixar pra comprar na hora, seria impossível. O teatro estava lotado e os lugares, esgotados. Sucesso é isso aí!
Nosso segundo teste foram os lugares escolhidos. Se eu conhecesse o teatro, eu não teria escolhido aqueles lugares. Mas, fazer o quê? Pro maridão, era imprescindível sentar na ponta, com facilidade de acesso e, de preferência, sem nenhum vizinho além de mim. Então tá, agradei a ele, estava bom... mesmo que pra isso a minha visão da peça ficasse um pouco comprometida.
Aí, veio a parte engraçada. Na nossa fila, cinco cadeiras. A mais escondida, com menos visibilidade, mais dificuldade de acesso e tudo o mais, coube a um cara bem gordinho. Quando ele chegou ao teatro e viu que aquele era o seu lugar, ele disse à lanterninha:
- Ali eu não sento, me arruma outro lugar!!
Mas, como?, pensamos. Esse teatro não está cheio? O cara disse que não sentava e pronto! A confusão estava formada. A lanterninha, uma nordestina senhora já, andava de um lado pro outro, conferindo junto à bilheteria se alguém havia faltado, se ia sobrar lugar.
De repente, não só eu e meu marido, mas boa parte do teatro já havia tomado conhecimento da história do gordinho, e já estava participando, fazendo caretas, opinando.
E a peça começou a atrasar. A luz acesa, o pessoal de olho no relógio e nada da peça começar. De repente, começaram a achar que o problema era com o gordinho. E as pessoas começaram a bater palmas, inconformadas, agoniadas, chateadas pelo atraso. A lanterninha foi ficando nervosa. Eu confesso aqui, em público, que eu comecei a achar graça. Sabe por que? Porque o gordinho estava acompanhado de um monte de gente, família enorme, e ninguém se dignou a trocar de lugar com ele pro perrengue terminar. Só queriam que ele desse um jeito no problema. Solidariedade zero. Ora bolas, foi aquele lugar que eles compraram, alguém teria que sentar ali, se não estava a fim de sentar, não tivesse comprado.
No meio da algazarra, do povo reclamando impaciente, uma voz, em off, disse que a equipe da peça estava dando um jeito em um problema técnico e que a peça começaria em dez minutos. Depois, a gente veio a saber que o problema era microfonia. Mas, tudo bem, aquela meia hora de espera valeu pela graça.
Moral da história: o gordinho acabou arrumando um lugar melhor, mas impediu que a pessoa que estava sentada atrás dele assistisse à peça direito, com aquelas costas largas.
E eu e o maridão resolvemos começar uma dieta já!
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