sexta-feira, maio 01, 2009
Elevador
Alguém abriu a porta do elevador e lá estava ele. Sentiu-se aterrorizado e, por isso, não se moveu. Cruzou os braços, fechou o rosto, franziu as sobrancelhas. Ele, que fora o seu algoz em outros tempos, sorriu com o canto esquerdo da boca e entrou no elevador, deixando-o ainda mais apavorado. Na mão direita, trazia um cigarro aceso, do qual puxava um trago de tempos em tempos. Como tinha medo daquele homem e do que ele era capaz de fazer! Postou-se num canto do elevador e ficou meio de costas para ele, olhando-o através do pequeno espelho perto do painel de escolha dos andares. Percebeu que a barba dele havia crescido e seus cabelos, por baixo do chapéu, estavam desalinhados. Lembrou do que ele havia feito e sentiu nojo. Era agora apenas um jovem rapaz de 17 anos que nada podia contra a experiência de um homem de 45. De repente, ele se virou em sua direção, mas não sem antes apertar o botão de emergência e parar o elevador. Ele gelou e ficou observando seus movimentos. O homem então se aproximou dele por trás, abaixou a gola de seu pullover e fez um gesto como se fosse beijá-lo no pescoço. Diante do imenso asco que sentiu, fechou os olhos, sem reação. De repente, sentiu o queimar do cigarro contra a sua pele e gemeu baixinho. E o homem, que já tratava de liberar o elevador, ao sair, lhe disse: "Para você nunca mais esquecer de mim..."
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4 comentários:
Cruzes...
É seu esse texto?
É legal mas é aterrorizante mesmo...
É meu, sim. Também tenho meu lado dark...
ADOREI!!!VOCÊ ME DEU IDÉIA SE UM DIA EU ENCONTRAR COM QUEM VC SABE!
Beijos!!!
Esse conto me lembrou contos de Edgar Allan Poe. Parabéns. Adorei. Me senti confinada nesse elevador junto com esse pobre rapaz...a frase do final foi marcante demais!
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