terça-feira, junho 30, 2009

O final de um ciclo

Há mais ou menos um ano, eu me inscrevi num curso que eu tinha ouvido falar lá na empresa e que me atraiu por ter uma proposta diferente, por ser num local isolado e por me permitir ficar uma semana, de dois em dois meses, afastada de tudo, tranquila, sem telefone, tv e jornal.

Fui a três módulos neste sítio distante até que, no final do ano passado, optei por vir fazer o curso em Itaipava, no Rio de Janeiro. O local distante tinha ficado distante demais: de dois em dois meses, era uma luta ir à São Paulo e encarar uma corrida de 1 hora e meia até o sítio. A volta então, era dolorosa.

Mas, o curso em si, foi transformador. Do primeiro módulo até esse que estou fazendo agora, muita coisa aconteceu. Sofri, aprendi a dar e receber feedback, aprendi a conduzir uma reunião para tomada de decisão com efetividade, aprendi que a vida da gente é dividida em setênios e que cada um é marcado por uma série de características que a gente só vai entender no setênio seguinte. Descobri que eu sou uma pessoa muito colérica, que fica braba quando é contrariada e que, para não magoar os outros, tem que sair de perto - é uma estratégia - porque, caso contrário, fala besteira e depois se arrepende. Aliás, todo colérico tem um coração do tamanho do mundo.

No primeiro módulo, fomos convidados a escrever uma carta, na qual contaríamos para a pessoa que somos hoje, quase um ano depois de iniciado o processo, como estamos, o que aprendemos, como vivemos esse ciclo, de que modo evoluímos e como queremos dar continuidade ao que fizemos. Nesta carta, que reli hoje, me surpreendi com um parágrafo em especial, que transcrevo aqui:


"R., com o tempo você foi aprendendo a pensar mais antes de agir, a perdoar-se pelos seus erros e a entender que a sua dúvida, ou o seu medo, também pode ser o medo do outro. Você viu que não precisa estar armada o tempo todo, andar desconfiada de tudo e de todos, com uma armadura que a torna invencível mas que também te presenteia com dor e solidão".

Na aula de hoje, vimos que estas armaduras são típicas da fase racional, em que o homem se veste de cavaleiro, monta em seu cavalo e acha que pode tudo. Ela se configura entre os 28 e 35 anos, uma fase em que a gente está com foco nos resultados, e acha que se mudar a vida toda, tudo vai acabar bem. E eu, que já estou no setênio seguinte, estou acabando por entender, como diz um grande amigo, que eu sou o que sou. E o que sou já é algo tão grande, que eu não preciso me esforçar em parecer mais nada. Nossa, como eu aprendi. E como doeu...

Eu não sei o que vem neste último módulo, que estou fazendo esta semana. Trataremos da nossa biografia. Não sei quando foi a hora da minha virada. Só o que sei que ela já está se refletindo externamente, no meu astral e no meu corpo, num encontro com aquela que eu era e de quem eu já gostei tanto um dia.

O único problema que teremos que enfrentar, além dos nossos fantasmas particulares, é o frio, que insiste em nos castigar. Mas, nada que a gente não consiga vencer, com calma e tranquilidade...

Em tempo, o curso que estou fazendo é a Formação de Consultores e Líderes, da ADIGO.

2 comentários:

cotrimus disse...

o processo de autodescobrimento é encantador. realmente é muito doloroso, mas dá pra viver sem? acho que não. eu estou me viciando nisso...
:)
daí a gente descobre o quanto podemos nos amar...simplesmente nos respeitando. percebemos tb o quanto precisamos crescer, mas pra isso precisamos do outro.
bjsssss.

Erica Vittorazzi disse...

Rebeca,

Quem se veste de armadura se não a pessoa mais sensível?

Beijão, boa viagem em vc mesma...