Hoje foi o grande "Dia dos Olhares". Dois homens, muito cientes da intensidade com que olham os outros, me olharam lá no fundo. Mas, viram pouco do que tinham que ver...
Eu olhei também, com firmeza, querendo as respostas que há tanto tempo espero. É incrível como esses olhares intensos nos aproximam e nos levam a ter uma cumplicidade com o outro e ao mesmo tempo nos tornam tão distantes, pelo que não é dito, em função da intensidade com que as palavras brotam, e devem ser freadas, na maioria das vezes... em função da emoção que as acompanha.
Hoje, tenho que reconhecer, ganhei um presente. Um presente na forma de um olhar. Eu o vi de costas, reparei, gostei, esperei para ver de novo, e quando, de repente, meu olhar se encontrou com o dele, meu dia ficou ensolarado, ganhei o sol, o céu, a lua e todas as estrelas numa tacada só. Uma onda de energia me invadiu o corpo e eu comemorei como se fosse final de copa do mundo, na qual o Brasil sai vencedor. Ah, tenho que registrar, esse olhar veio acompanhado de um sorriso, uma paradinha, um aceno, um outro olhar. E pena, havia um vidro enorme nos separando, não dava nem para trocar umas palavrinhas.
O segundo olhar foi uma intimidação. Ele estava repleto de palavras nas entrelinhas, de coisas para serem ditas, de interrogações, de medos, de dúvidas, de incertezas. Era o olhar de alguém que está muito inseguro, mas que quer mostrar que não, que sabe tudo que pensa, que entende suas certezas, suas vitórias, e que acha que consegue controlar até os desejos mais obscuros, aqueles que a pessoa desconhece, ou com os quais não sabe lidar, daqueles que teme até em pensar.
Esse segundo olhar resultou do primeiro. Do efeito que o primeiro provocou. Da inveja de não ter sido ele o provocador de tamanha felicidade, de não poder se aventurar, se jogar em algo que é desconhecido, mas que ele desconfia que pode ser bom. Este olhar veio acompanhado de um discurso de menino feliz, que tem uma vida feliz, pessoa capaz de controlar todas as variáveis que acompanham a vida, inclusive aquelas relacionadas ao imponderável. E eu, olhando que estava, mais desconfiada ficava do discurso do menino feliz, eu que não acredito há muito tempo nessa tal de felicidade plena.
Eu, que olhei de volta nos dois casos, agradeci pela benção de ter sido olhada. Se alguém não me viu por inteiro (e foi o que aconteceu nos dois casos), pelo menos tentou, se interessou. Ao menos, eu causei um movimento, e ele foi de aproximação, e não de reação, apesar de, em nenhumas das situações, termos dito tudo (ou de termos dito praticamente nada).
A única coisa que sei é que esses olhares me deixam mais viva, mais feliz, mais disposta, com mais vontade de lutar por um futuro que é hoje, é amanhã de manhã, e que estou construindo, dia a dia, pouco a pouco...
2 comentários:
Bom! Muito bom...essa coisa 'olhares'...
bjs
ser notado é absolutamente necessário para uma vida saudável. mas pra ser olhado, precisamos olhar. vc faz isso muito bem. conheço muitas pessoas que reclamam quando se percebem isoladas...mesmo com os vidros que a vida nos impõe, temos como provocar e principalmente reagir.
bjs
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