sábado, março 13, 2010

Ler as estrelas...

Ela entrou na sala do chefe e 45 minutos depois, quando saiu, tinha recebido a sua avaliação e feedback e ainda estava agradecida por ele ter sido justo. Mas, não tinha atingido as metas todas, segundo ele, o que contava no processo de promoção, ao ser comparada aos demais. E daí que tinha trabalhado à beça? E daí que estava fazendo uma média de 40 horas extras por mês? Nada disso importava, o que importava é que ele tinha sido justo, mesmo que os outros chefes fossem mais justos do que ele, e avaliassem melhor seu pessoal, puxando todas as notas para cima.

Chegou em casa, tomou um remédio para dor de cabeça e foi dormir. Tentou rezar um pouco, mas estava sem concentração pra isso. Mesmo assim, mentalizou algumas orações e acabou dormindo.

De tempos em tempos, viajava sozinha ou em equipe para uma cidadezinha industrial distante, à beira da praia, onde prestavam consultoria a uma das unidades de negócio da sua empresa. Desta vez, eram seis pessoas. Eles se hospedaram num hotel de frente para o mar.

Um dia, depois de uma longa jornada com o cliente, chegaram exaustos ao hotel e após o jantar, ficaram conversando um pouco no saguão. Pouco a pouco, os colegas foram se recolhendo aos seus quartos, até que ficaram apenas ela e um outro amigo. Ele então perguntou a ela: "Você sabe ler as estrelas?"

Ela foi logo dizendo que não, e então ele resolveu pedir duas toalhas ao atendende e a convidou a atravessar a rua e ir com ele até a praia. Estenderam as toalhas na areia e deitaram, um ao lado do outro, para ver as estrelas. Como a cidade era pequena, a iluminação era fraca, a poluição era pouca, o céu era, portanto, o mais negro céu que ela já havia visto. E muito estrelado.

Apontando uma a uma aquelas lindas estrelas brilhantes no céu, ele foi aos poucos ensinando a ela como fazer para ler as estrelas e ela começou a enxergar as constelações. Todas elas. Uma por uma. Como nesta imagem.


E, com ele mostrando, ela foi aprendendo os caminhos, e entendendo que é preciso ser muito sensível para que se consiga enxergar, para que se consiga ver através dos olhos do outro. Aquela foi uma experiência incrível. Ela, que nunca tinha tido alguém, quando criança, que se propusesse a ensiná-la a ler as estrelas, havia aprendido como mágica.

No meio da noite, acordou sobressaltada, e pulou da sua cama. Olhou pro relógio, eram duas e meia da manhã. Tinha prova de inglês às 8, então, às 6 deveria estar de pé, se arrumando para sair. Ficou rolando na cama e pensando no sonho que tivera, quando percebeu que não conseguiria dormir até que entendesse o que significava "ler as estrelas".

Foi para sala, pegou papel e lápis, e começou a tomar notas de tudo o que havia feito no ano anterior. Quanto mais escrevia, mais tinha certeza do que tinha que fazer: correlacionar as atividades com os processos e mostrar ao seu chefe, no dia seguinte, que tinha feito muito mais do que o que estava ali registrado naquele sistema de acompanhamento de desempenho. Aquele resultado ainda poderia ser revertido.

E de repente se deu conta de que mais do que ser ou estar alerta, era preciso estar aberta à intuições, que nos chegam por meio de sonhos, "avisos", ou pelas mãos dos amigos...

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