quarta-feira, maio 19, 2010
A insustentável leveza do ser
A gente se dá conta de que não é nada durante a vida algumas poucas vezes. Diante da morte, a gente vê que não é nada. Diante da possibilidade da morte, a gente vê que a vida é uma linha tênue entre o existir e o não existir, o passado e o futuro, porque o presente que a gente está vivendo passa num segundo. Diante do nascimento de alguém, a gente vê que a vida é mágica, que somos poderosos, e entendemos a reprodução como uma dádiva, uma maneira de continuarmos em alguém. E assim, a gente vai vivendo...
Somos insustentáveis, tangíveis porém intangíveis, sistemas complexos, tememos o conhecido e muito mais o desconhecido, e nos sabemos frágeis, apesar de nos fazermos de durões. Repetimos como mantra o que precisamos de certezas e crenças para encarar a vida, mas ela é arrebatadora, ela nos conduz pra onde quer, pois dispondo ou não de livre arbítrio, há sempre um destino traçado...
Hoje eu ouvi um homem forte se dizer com medo. Um colega nosso de trabalho, muito novo, apenas 26 anos, está frágil agora, internado, e a nós só resta rezar por ele. E esse homem, que trabalha diretamente com ele, se disse com medo... "do que vai ser". Eu não sou nem tão próxima deste menino, mas essa história me deixou tão comovida, que estou com dó dessa situação, porque ele não merecia passar por mais essa... a vida dele tem sido pesada, de provações, e às vezes, eu acho que ele quer tão pouco. E esse homem com medo me disse o quão importante é ter saúde, que o importante mesmo "é deitar pra dormir sem dor".
Mas, a gente escolhe pelo que quer passar nessa vida, o livre arbítrio começa antes: começa quando decidimos reencarnar, começa com a idéia de que voltamos para aprender algo que ficou faltando, e para ensinar algo para alguém (ou pra várias pessoas)...
Por mais que a gente reze, por mais que a gente torça pelo melhor, não dá para desejar nada além de que "Seja feita a SUA vontade", a vontade Divina e a dele, não é mesmo?
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