"A cara da morte" é o título de uma coluna do jornal O Globo. Traz a relação das pessoas que morreram na cidade, quem elas eram, o que elas fizeram e o que fizeram com elas.
7:30. Hoje. Pegamos o jornal em busca de uma notícia que explique o que aconteceu ontem. Encontramos. O nome da vítima é Jami-Noá. Levou dois tiros. Foi operado e está estável.
18:20. Ontem. Estou no banheiro, pintando o cabelo. Escuto seis disparos. É tiro! Corro para a janela. Os vizinhos também estão na janela. Na rua, um carro preto e muitas pessoas em volta. Alguém foi baleado.
18:23. Ligo para o 190. Peço uma patrulinha, com urgência.
18:30. Chega a ambulância do SAMU (192). Alguém chamou, graças à Deus. As pessoas gritam, pedindo pressa. Ele está vivo, penso. Retiram o homem do carro. Sai de ré a caminho de algum hospital. Me dá vontade de chorar pelo que estam fazendo com a minha cidade.
18:35. Chega o carro da polícia. Perguntam, perguntam, investigam. Atentado? Tentativa de assalto?
19:00. Chega a imprensa. Muitos flashes. Fotos para os jornais e internet.
20:00. Olho pela janela e o carro não está mais lá. Tudo volta a uma aparente normalidade.
7:35. Hoje. Leio no jornal que a vítima tinha acabado de pegar o filho de sete anos na escola e que ele estava no carro. Fico apreensiva com o que vai ser da cabeça desse menino. Sinto o medo que ele sentiu percorrer o meu corpo.
Mais tarde, lembro de Cazuza: "eu vi a cara da morte, ela estava viva..."
Um comentário:
PQP.
:(
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