Pesquisando um pouco sobre ela, descobri que, em 14 de Setembro de 1966, ela dormiu com um cigarro aceso, o que provocou um incêndio em seu quarto e a levou a uma internação de três dias na UTI, com várias queimaduras pelo corpo. Depois de dois meses no hospital e de quase ter sua mão direita amputada pelos médicos, entrou em depressão, apesar de todo o apoio que recebeu de seus inúmeros amigos.
Aliás, como no livro Minhas Queridas, os curadores desta exposição sobre Clarice no CCBB mostram que ela tinha muitos amigos e admiradores, e gostava de trocar cartas com eles, assim como gostamos hoje dos e-mails. Passear pela exposição é uma delícia. Ver a Clarice registrada em vídeo, falando da estranheza em relação ao seu Lispector, uma "liz no peito", como ela mesma se define, é muito gostoso e interessante. É como voltar no tempo e ver que uma pessoa tão complexa pode, ao mesmo tempo, ser tão maternal e simples.
Clarice morreu, no Rio de Janeiro, no dia 9 de Dezembro de 1977, às vésperas de seu 57o. aniversário. Morreu cedo, com muito ainda a dizer. A nos dizer e a dizer a ela mesma, aos seus mistérios interiores, aos seus reflexos no espelho.
Eis aqui um interessante pensamento da autora:
"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro". (Clarice Lispector)
Clarice dizia que, ao receber o rótulo de escritora, foi de certo modo isolada pelas pessoas, sentiu-se muitíssimo só. E definiu assim a solidão:
"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite".(Clarice Lispector)
Clarice será sempre Clarice, para os que a amam e os que a odeiam.
2 comentários:
Eu amo.
Adorei!!!!
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