terça-feira, junho 08, 2010

A mulher perdigueira

Este final de semana, me deliciei lendo os blogues do Carpinejar e da sua namorada, a Cynthia, que pra mim, mesmo ela jurando que não é a mulher perdigueira, é uma guria muito louca.

Fabrício Carpinejar é um cara muito inspirado, já esteve no Jô Soares, e confesso, acho um papo ótimo. Ele cunhou este termo: "mulher perdigueira". Em seu blog, ele oferece algumas dicas para que se identifique com clareza uma perdigueira:

  • Usará apenas "meu homem", "meu namorado" ou "meu marido", altamente possessiva;

  • Não espera para discutir em casa. Parte do princípio terapêutico de que a raiva depende da espontaneidade do momento;

  • Acredita que toda gafe poderá ser corrigida com sexo de noite;

  • Pergunta de novo aonde ele vai, somente para confirmar os dados;

  • Aparece de surpresa nos lugares avisados e afirma que é coincidência;

  • Ao atender os amigos dele, puxa papo para garimpar histórias e informações privilegiadas;

  • É uma leoa-de-chácara. Qualquer mulher que se aproxime mais melosa de seu companheiro, já chama de piranha ou vadia;

  • Não pergunta quem ligou, pois considera uma atitude mal-educada, é independente, mexe direto no celular para verificar o número;

  • Disca para números suspeitos como se fosse pesquisadora do IBGE, além de apagar nomes femininos do catálogo de endereços;

  • É a provedora do Orkut dele, controlando os scraps e os recados;

  • Parte da tese de que não importam os meios, mas o fim;

  • Esquece o que fez de errado com repentinas declarações de afeto;

  • Cheira a camisa e alega que é capricho, somente para confirmar se ele ainda põe o perfume que comprou;

  • Tem um ciúme preventivo. Avisa o que ele pode aprontar antes de qualquer coisa e antecipa o julgamento;

  • Investiga sua caixa de mensagens e ainda o culpa por deixar tudo ligado e à mostra;

  • Decide mostrar sua lingerie nova justo quando ele tem algum compromisso;

  • Pede desculpa com a mesma facilidade que xinga;

  • Propõe constantes testes, em especial surpresas que terá que corresponder à altura. Ai se ele se atrasar para algo, mesmo não desconhecendo;

  • Cria aniversário de tudo, do primeiro beijo, da primeira transa, do primeiro presente, do primeiro jantar, do primeiro cinema;

  • É uma agência de notícias: manda mais de dez torpedos ao dia e conta suas novidades a cada meia hora;

  • Instala a discussão perto de dormir, aproveitando o cansaço, e depois se faz de vítima, repetindo as ofensas recebidas;

  • Quando ele chega tarde, finge estar dormindo;

  • Na separação, amaldiçoa com "Nunca mais será feliz" ou "Ficará broxa com outra mulher".

O Carpinejar diz que a mulher perdigueira tem que ser compreendida. Em suas palavras,
"não existe mulher perdigueira no primeiro encontro. Na paixão, todo mundo mente e jura que é moderno. Ela surgirá na convivência, na retratação da personalidade com a chegada do amor".

Essa pessoa, com tais características, me dá medo. Também tenho um medo danado de virar uma criatura assim. Não acho legal, acho ruim de fato. Conheço pessoas que apresentam pelo menos umas cinco características dessas, e não vejo nada de positivo nisso, nem acredito que seja demonstração de afeto. Acho apenas que o Fabrício escreve bem pra caramba e isso vale a leitura de qualquer coisa que ele escreva.

Já vivi situações que me aproximaram de uma perdigueira e, nesses momentos, optei pela saída "leão da montanha" (pela esquerda ou pela direita, o que fosse mais apropriado). Lembro de unma vez em que, ainda noiva de meu marido, encontramos com uns amigos dele na praça de alimentação de um shopping. Eles nos convidaram para sentar com eles e sentenciaram que a ex no meu noivo estava para chegar. Viria acompanhada do marido e ficaria muito feliz em vê-lo. Nós nos sentamos e eu fiquei esperando para ver que bicho ia dar. Quando ela chegou, sentou-se ao lado do meu noivo, colocando-se entre ele e seu atual, e me deixando para escanteio. Me lembro bem da cena: ela se levantou e comprou um pedaço de bolo com nozes. De repente, começou a tirar pedaços do bolo e a dar na boca do meu noivo. Disse que ele gostava de ganhar bolinho assim... ora, eu já estava com ele há dois anos e nunca o vi tão constrangido. Mas, ele não foi capaz de dizer pra Fulana: "pára com isso". Eu fiquei olhando a cena, como se não estivesse ali. Em fração de segundos, me perguntei: "armo um barraco aqui mesmo, ou espero para chegar em casa?"

Acho que optei pela saída mais inteligente. O meu raciocínio foi o seguinte: se o marido dessa criatura não fizer nada (e não der ao menos um socão na cara do meu noivo, ou puxar aquela mulher pelo braço), eu é que não vou fazer. Não estou aqui para ficar mal na foto no meio de um monte de gente que eu acabei de conhecer. E assim fiz: N-A-D-A.

Quando chegamos em casa, me lembro de ter dito a ele: "cada um tem a ex-namorada que merece". E seguimos a vida.

Esse papo de ciúme descontrolado e barraco não está com nada. É sinônimo de desconfiança. Ou a gente confia, ou muda de namorado, noivo ou marido. Viver controlando o outro beira a loucura.

Um comentário:

Bia Prado disse...

Concordo totalmente!!!
Controle não tá com nada!!!
Beijos