quinta-feira, novembro 13, 2008

Preconceito

Numa época revolucionária de um Barack Obama eleito presidente dos EUA, hoje ouvi um comentário no mínimo interessante. Pela primeira vez, me colocaram um taxista a disposição, para me levar a todos os cantos. Isso que dá ser convidada a fazer uma palestra num evento. Seu Osvaldo, o taxista baiano, era simpatissíssimo. E negro.

Ontem, ao final do evento, quando foi me buscar para me levar para o hotel, teve a maior dificuldade de acessar o local onde eu estava. Haviam fechado uma das entradas, e o povo estava tendo que entrar pela porta de saída.

Quando finalmente eu entrei no táxi, S. Osvaldo me disse: - Tive que esperar uns vinte minutos até conseguir entrar, porque a porta estava fechada! Parece coisa de preto ou de português!

Eu fiquei besta. Logo ele, um negão, se referindo assim aos seus 'pares'?! Eu não vejo um branco dizendo: É coisa de branco!

E o português, então, que só porque foi nosso colonizador leva a fama de burro consigo para o resto da vida?! Estamos sempre generalizando, né?!

Mas, não fica só nessa não: a baiana que me convidou para fazer a palestra me levou para almoçar. Na volta para o local do evento, parou o carro no meio da rua, movimentadíssima por sinal, e disse que "ia fazer uma baianada" (sic), digo, um retorno em lugar proibido. Como assim, cara pálida, então você assume que baiano tem fama de dirigir mal? E comprova essa fama? (Graças à Deus, ela resolveu andar um pouquinho e fazer o retorno no lugar correto, depois de esperar um tempo e não conseguir uma brecha para fazer aquela m*** toda!)

E a pior, uma dona no avião cismou que ia viajar numa poltrona que não era a sua para ficar perto dos amigos. De repente, a dona da poltrona chegou. E era uma senhorinha muito humilde, que estava viajando de avião pela primeira vez, e que queria viajar naquela poltrona ao lado de seu filho (o vôo estava lotado!). A dona então saiu do lugar, não sem antes arrumar uma confusão. Quando ela já estava sentadinha algumas poltronas atrás, se deu conta que tinha perdido seu Black Berry (BB). Voltou ao local onde já estavam acomodados a senhorinha e seu filho e pediu para procurar seu celular. Como não encontrava, pediu à sua amiga que telefonasse para o seu celular para que, ao ouvir seu toque, pudesse localizá-lo mais facilmente. Foi quando teve a brilhante idéia de profanar:
- Senhora, acho que meu celular está dentro da sua bolsa!, baixinho, já com vergonha do que ia dizendo!

E a senhorinha respondeu: - Você está me chamando do quê?

Eu pensei que fosse rolar um barraco no ônibus, digo, avião. A gente já estava perdendo a paciência, pois enquanto a situação não se resolvia, o avião não decolava. E, ao final, acho que a dona achou o BB dentro da própria bolsa.

Vivemos ou não num país de fidalgos, senhores de engenhos, negros e pobres, heim? Que fim achamos que demos às nossas castas? Acho que elas estão bem aí, na nossa cara, nós é que insistimos em não vê-las!


__________________________________


PS.: Qual gato te dá mais sorte: o preto ou o branco?

Um comentário:

Clarisse Bronté disse...

Na Inglaterra os gatos pretos são o que dão boa sorte.

Você sem querer vez um adendo ao meu último post chamado "Joselito without notion world".

Bjsss