Liberte-me!
Deixe-me lânguida repousar sobre lençóis de seda,
à olhar seu dorso nú enquanto te vestes,
mas sempre à margem do seu vício.
Encontre-me solta, frouxa, lisa, quase desmaiada,
sem o entorpecimento que o vício provoca.
Solte-me ao vento, como folha seca
que vôa à tôa numa tarde vã de outono.
Beije-me os lábios uma última vez e
me dê as costas, me trate com desprezo,
finja que não existo, mas...
Liberte-me!
Pela última vez, eu te suplico.
Deixe-me trocar esses afagos por maços
de cigarros e doses de conhaque barato.
Liberdade ainda que tardia
é o que eu te peço.
E se me tens algum apreço,
mesmo achando que eu não te mereço,
liberte-me!
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Rebecca Leão, 2004.
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