segunda-feira, janeiro 30, 2012

Triste que só...


Hoje eu acordei meio triste. Triste que só. Peguei o taxi para o trabalho depois de sofrer para escolher uma roupa. Estava lá, morna, sôfrega, cheia de saudade. É isso, estava explodindo de saudade. Mas, aguentando firme. Entrei no taxi e o motorista ouvia rádio. Músicas tão lindas, mas tão lindas, que transbordei. As lágrimas pingavam sobre a minha calça bege e eu ali pensando que ia chegar inchada no trabalho. Chorei à beça, o motorista ali, me olhando de rabo-de-olho, sem ter muita certeza se eu estava gripada ou chorando mesmo. Eu bege como a calça, mas fechada no meu mundinho triste, com as lágrimas pulando...

É isso, a estratégia é passar em algum lugar antes de ir ao trabalho. Está bem, vou ao caixa eletrônico.

Ao longo do dia, a sensação de desânimo foi passando. Eu fui pensando em outras coisas, trabalhando, trabalhando... A vida é mesmo curiosa. Atividade não me deixou menos triste. Mas, é isso. Um dia estamos bem, noutro um pouco mais amoadas e só nos resta esperar um novo dia... Só não podemos esquecer que somos "da raça da pedra dura"...








Somos mesmo!


Música do dia

Grande verdade

Dear girls,

If a boy pauses a video game just to text you back...

... marry him!

sábado, janeiro 28, 2012

Elegância

Elegância. Isto é uma questão de berço. Ainda esta semana, estava conversando com o pessoal lá do trabalho sobre algo que trago muito comigo. O ensinamento de meus pais que não devemos fazer com os outros o que não gostaríamos que fizessem conosco.

Mas, tem gente que não aprende. Hoje, estive num batizado, que se prolongou num almoço. Estávamos chegando ao restaurante quando fomos informados que havia ocorrido um probleminha com a feijoada contratada, que ia atrasar. Todo mundo estava na maior boa vontade de tentar contornar o problema pois o que queríamos mesmo era passar algumas horas juntos em família. As mães, com sempre, foram logo providenciando soluções para aplacar a fome da moçada, e de repente surgiram pastinhas e torradinhas por todos os lados.

No entanto, presenciei uma cena um pouco bizarra, com uma das avós de uma das crianças batizadas e sua irmã. Ainda assim, apesar da estupidez e da grosseria que eu tive que "engolir" antes do almoço, eu pensei que era coisa entre irmãs, e que isso pode acontecer a qualquer tempo e hora (pensando bem, não pode não, não em público).

Quando finalmente a feijoada saiu, fomos convidados pelo dono do restaurante a nos dirigir para o segundo andar. A senhora empurrava o carrinho do neto, quando se viu tendo que subir uma escada com o carrinho e o neto. Ordenou ao garçom que carregasse o neto e o carrinho escadas a cima, o que já foi estranho. Pronto, o sujeito se achou no direito de dar uma sugestão à senhora: Por que a senhora não leva o bebê e eu levo o carrinho?

A mulher começou a gritar, a dizer que o homem estava maluco de falar com ela daquele jeito, a chamá-lo de retardado, e outras coisas piores. Eu fiquei estarrecida. Não conhecia aquela pessoa, e rogo em dizer que ela não é da minha família, mas a minha impressão foi péssima. Fomos todos solidários ao garçom, pois presenciamos a cena. Comentamos a da falta que um bom "tarja-preta" faz, mas de fato, isso é falta de educação, não de remédio... falta muita elegância para essa senhora, que se acha no direito de tratar a qualquer um, seja um desconhecido ou sua própria irmã, com uma rudeza, uma aspereza, uma grosseria atroz. Eu confesso que perdi a fome e quase não comi mais.

Essa cena me lembrou a Sandra Annerberg, que ficou falada em 2011 nas redes sociais por criar um bordão e usá-lo a toda hora: "Sejamos mais elegantes!". Ela chegou a desejar, no final do ano, que fôssemos mais elegantes em 2012. Isso começou por causa de um incidente com a repórter Monalisa Perrone, que estava fazendo uma reportagem em SP e foi agredida. E ela, já naquela época, pediu elegância!

Olha só a cena...




Ninguém merece, não é mesmo?

O interessante foi o comentário do garçom: "ela faz isso comigo porque está aqui dentro, e eu sou profissional. Mas, ela não pode me tratar que nem cachorro. Queria ver se fosse lá fora..."

Não pode mesmo.

A gente vê isso também no ambiente de trabalho a toda hora. Quando é que vamos atender ao pedido da Sandra?

E você, tem se lembrado de ser elegante e educado com os seus?

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Pai dos Burros*

Outro dia, estávamos comentando lá no trabalho que algumas expressões empobrecem o texto. Podemos até utilizá-las no Português coloquial, mas ao escrevê-las, tornamos o texto menos interessante e, por isso, é preciso ter muito cuidado. Fiz de tudo para lembrar um exmplo, mas não consegui. Eis que hoje eu recebi uma e-mail da minha sogra, que é professora de Português, com o maior dos exemplos. Olha ele aqui...

Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?

Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa.

E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Esse nosso Português é um barato, né?

______________________
* Ah, esqueci de dizer, existe um livro bem legal, chama-se O Pai dos Burros, que versa sobre estas expressões coloquiais e é do Humberto Werneck. É super útil nas horas difíceis!

Para colorir a vida, porque ela anda muito triste...

Com essas tragédias esbarrando na gente vez em quando, o jeito é pensar em coisas bonitas!


Num mar de guarda-chuvas coloridos!


Numa porção de borboletas!


Num jardim bem florido!


No vôo livre da gaivota!


Num campo de flores ensolarado!


Uma homenagem a todos os que perderam seus entes queridos no acidente da Av. Treze de Maio esta semana no Rio de Janeiro.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Tragédia no Centro do Rio de Janeiro

Fiquei tão chocada com a tragédia de ontem, no Centro do Rio de Janeiro, praticamente ao lado de onde eu trabalhava, que me peguei chorando ao ver o noticiário hoje de manhã. Coincidentemente, ao abrir o computador, achei o seguinte depoimento do Ted Talk, que havia salvo por ser curto e muito bonito.

Acho que você vai se emocionar!



Ric Elias - Pouso forçado no Rio Hudson (Ted Talk)

É para refletir mesmo!

Cicatrizes

Sempre que eu penso em cicatrizes, eu lembro do Máquina Mortífera e da cena da comparação das cicatrizes... é hilária... como eles conseguem acabar na cama depois disso, não sei!



Apesar de só ter a cena sem legenda, espero que você se lembre e se divirta!

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Um dia quente...



Tem dias que a vida da gente se mistura com a vida dos outros. Hoje à noite um prédio desabou ao lado - praticamente - do prédio onde eu trabalhava e, por acaso, estive de tarde até o começo da noite.

Quando saí do prédio do meu antigo trabalho, depois da sensação de estranhamento de sempre (é incrível a sensação de despertencimento), eu tomei outro rumo, meio perdida, meio sem saber porquê. Fui para o lado oposto que eu costumo ir. Acabei tomando uma condução umas quadras adiante, no local mais improvável do mundo, contradizendo a minha rotina, mas é que eu pensei que ali eu enfrentaria um engarrafamento menor. Doce ilusão.

Não quis enfrentar o metrô. Estava esgotada. E aí, não vi nada. Não vi prédio caindo, gente morrendo, nada, nada... Está certo, saí um pouco antes, mas... como eu acredito muito nEle, não foi à toa que eu fui para o outro lado.

Nada é por acaso, certo?

O que me incomoda é o descaso. Isso não podia estar acontecendo. Não em pleno século XXI. Qual é a dos nossos Governantes? Até quando eles vão ficar postergando a necessidade de se fazer algo sério quanto a isso? Até quando vamos aguentar calados o descaso quanto à impunidade e a corrupção de fiscais que aprovam qualquer coisa ilícita em troca de uns bons tostões?

Ainda dá pra acreditar no Brasil?

terça-feira, janeiro 24, 2012

Feridas e cicatrizes


Lembro-me do dia em que, sentada à mesa do jantar, provoquei um corte profundo na primeira falange do dedo médio, próximo à unha, que me rendeu uma cicatriz que tenho até hoje. Tinha dez anos. O sangue demorou a estancar, mas não levei pontos.


E de quando ainda mais menina, abri o queixo ao cair sobre o tapete do quarto de meus pais, num salto mal calculado sobre a perna de meu pai. Também não levei pontos. O tempo e um bom esparadrapo colaram aquele lábio extra no rosto, quase não deixou marca. Minha mãe tinha razão, que brincadeira infame.


Lembro-me do dia em que caí do balanço e ralei as costas, na altura das lombares. Por anos, tive ali uma pele mais áspera a me lembrar da travessura.


Eu tinha era muita coragem. Me ralava toda, mas não deixava de brincar.


As primeiras vezes a me equilibrar na bicicleta “de adulto”, aro 20, também me renderam marcas. Estava no prédio dos meus primos, e o bando de meninos que ali viviam resolveu me mostrar que eu tinha que saber como dominar a magrela. Ainda hoje, tenho a marca na perna da ralada contra o muro na altura do joelho, por causa de uma imprensada deles. “Não doeu”, eu disse com o sangue escorrendo na perna, mas olhando firme no fundo dos olhos deles.


Desde sempre foi assim.


A poucos, eu me mostrei sem esse orgulho todo, por inteiro. Na maioria das vezes, o tamanho das feridas e das cicatrizes só viu quem eu amei muito.


Quando pequena, deixava para chorar em casa. Tudo excedia a menina magra e frágil, mas o choro, eu deixava para a solidão da minha cama e o calor do meu travesseiro. Acho que é por isso que eu ainda gosto tanto dele.


A menina foi crescendo e, por vezes, não conseguiu deixar para chorar em casa. Teve sorte de ter encontrado em seu caminho alguns bons anjos da guarda.


Sofri, ri e, no final, já adulta, tive certeza que as maiores cicatrizes não são as físicas, mesmo aquelas tratadas na base da costura, sem anestesia, como o corte que levei na cabeça provocado por um tombo dentro de casa e um acerto em cheio na chave da porta do armário.


As maiores cicatrizes são aquelas provocadas pelas peças que o destino nos prega, pelas frustrações do caminho, pelo excesso de expectativa que colocamos nas pessoas, pela incapacidade que temos em “dar, sem querer nada em troca”. Não fosse esse um dos maiores desafios da vida terrena!!!


As maiores feridas não fecham. Passa o tempo e elas estão lá, latejando, pulsando junto com o coração (aliás, não é ele que está ferido?). Não há abraço que aplaque essa dor, nem cuidado de mãe, a oferecer band-aid e merthiolate, com direito a sopro no final.


A cura para essas feridas tem que vir de dentro de nós, o remédio está aqui, em algum lugar. O tempo é um bom enfermeiro, mas somente a vida é capaz de nos ensinar a viver com elas.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Recomeçar...


De repente, um sorriso. Fez bem em não pré-julgar ninguém. De um jeito ou de outro, a cumplicidade surge. Pode demorar. Mas, um dia ela vem... em gestos, ou palavras, mas ela vem.

Daquela janela, onde ela olhava a rua e pensava na vontade de não estar ali, já não vê mais o desejo de ir, e sim o de ficar. Aquela casa estranha, esquisita, um pouco feia, vai aos poucos de tornando acolhedora. Os medos - seus e dos outros - se dissipam, e ela não é mais a estranha, nem pra ela, nem pra todos os que a receberam, alguns bem, outros com desconfiança. O caminho não é suave, mas ela não duvida de sua força, nem de sua perseverança (ou seria teimosia?).

Ao caminhar pelo entorno, vai descobrindo uma outra cidade. Bonita, cheia de belas construções, cantos e recantos para conhecer. Ou melhor, para olhar com outros olhos. Tem que carregar uma máquina fotográfica, tamanha é a vontade de gritar pro mundo: "Olha o que eu descobri!"

A vida vai lhe oferecendo devagarzinho uma oportunidade de recomeço, com um sabor de conquista delicioso. O que ficou pra trás, ficou. Hora de sacudir a poeira dos sapatos e da roupa e seguir em frente.

Com o tempo, será só saudade. Ela sabe.

Música de hoje...

domingo, janeiro 22, 2012

Planos e sonhos


Nada mais gostoso nesta vida do que fazer planos. Pegar o limão, e imaginar a caipivodka! Tornar algo improvável uma delícia a cada momento. Pensar em cada detalhe, cultivar a expectativa, torcer para chegar o momento em que se possa usufruir de tudo...

Os planos são equivalentes aos sonhos. Por isso, sonho grande, sonho pra mim... penso que se desejo algo com muita força, essa coisa pode se realizar. Então, tenho que ser responsável.

Lido com o risco sim, mas lido bem. Porque, antes de mais nada, acredito em mim. Por que não acreditaria?

O mais gostoso é que me dou ao direito de mudar ao longo do tempo. E assim, vou crescendo, vou vivendo, e vou trazendo pra minha vida o que há de melhor...

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Férias forçadas





Minha terapeuta me deu férias. Achei que estava bem, que ia encarar numa boa. Até que cheguei em casa e algo me tirou do prumo. Deu logo uma dor no externo, o famoso "aperto no peito". Além de sentir isso no sentido figurado, sinto de verdade, somatizando de todo modo.



São duas semanas. Acho que vou aparecer mais por aqui. Me aguardem.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Se eu pudesse esquecer...


Tem dias que a gente simplesmente não quer lembrar, não quer se deparar com nada que lembre, não quer uma centelha de pensamento voltada para o passado, quer rasgar a página do caderno da vida, quer tirar da memória toda e qualquer lembrança de algo que doeu, que feriu, que nos mudou de direção.

A gente vê o carro do mesmo modelo, vê uma foto nas redes sociais, sente um perfume, ouve uma voz parecida, vê alguém que anda igual, vê um recado no qual reconhece um traço da ternura que um dia pareceu tão verdadeira, e aí aquilo tudo vem à garganta, como vaca que rumina o pasto e regurgita a comida que já está no estômago.

Tudo o que se quer é apagar o slot lotado de memórias sem sentido, de algo que te fizeram e você nem sabe bem porquê. Não, é fato, a vida dos outros, ainda que parentes e amigos, não gira ao redor de nós. Mas, no fundo, no fundo, a gente espera que aqueles que nos amam saibam conciliar o que é inconciliável, saibam dar "nó em pingo d'água", façam de tudo para nos ter por perto. E, principalmente, para não nos magoar deliberadamente.

De repente, tudo que se percebe é que não é bem assim. Então, só nos resta olhar pra frente. Antolhos às vezes são muito úteis quando se quer ter foco...

Impressionamente o que somos capazes de fazer quando acreditamos em nós mesmos. Quando nós miramos numa meta pré-estabelecida e vamos em frente... "para frente e avante", como diziam antigamente os escoteiros e as bandeirantes.

São esses valores que nos são incutidos na infância que vão moldando o que somos quando adultos. E se refletem nos nossos atos. Naquilo de que não abrimos mão, ou o que simplesmente não aceitamos, por não compactuar com certas atitudes dos outros.

Vale à pena continuar? Sempre. Mas, é preciso ter muita coragem, porque essa vida, ah, ela não é bolinho, não!

sábado, janeiro 14, 2012

Rio de Janeiro

Não sei porquê mas tenho achado o Rio de Janeiro tão parecido com Paris... não, não é o preço dos apartamentos não. São as ruas, as árvores, todas se desfolhando, como se estivéssemos no outono. Um verão outonal, sem aquele sol de rachar côco, um cenário parisiense.


Um pouco de Paris pra você...


Gal Costa

Faz uma semana que eu vi o Altas Horas, programa do Serginho Grossman, e lá estava ela, a maravilhosa Gal Costa, tocando com Caetano Veloso, as músicas de seu novo disco. Eu confesso que fiquei um pouco chocada. Não porque a Gal envelheceu, e não é mais aquele mulherão que costumava ser quando eu era adolescente, com aquele sorriso fascinante, que teimava em manter aberta aquela boca enorme.

O que me chocou foi ver a Gal lendo as músicas. Mal comparando, a Bethânia deve ter mais ou menos a mesma idade. E está inteiraça. Então, o que será que houve? A Gal enferrujou? Mas, a voz dela continua tão linda.

Eu torço para que tenha sido apenas coisa daquele dia, que ela consiga dar a volta por cima e que volte a fazer grandes shows. Sem cola.


Irmã de coração


Sentou-se na cafeteria do shopping e pediu uma água. Estava cansada. Muito cansada. Ainda que estivesse bem, e que a médica lhe tivesse dado alta, ainda tinha dias em que ela ficava mais cansada do que o normal. Aquele era um deles. Muita andança, muito calor, muito sol, muito cansaço.

Abriu água e a bebeu toda, quase que num gole só. Depois, ficou olhando ao redor. Duas amigas na mesa ao lado conversavam, falavam da vida. Coisas banais. Ela se lembrou da última vez em que estivera ali. Estava com sua melhor amiga, aquela de quem ela ousou dizer um dia que era uma outra irmã que tinha ganho nesta vida. Pensava nela agora como alguém de uma vida que não esta, uma encarnação remota, algo como um grande equívoco, alguém que ela nunca enxergou direito, uma visão míope. Como pudera errar tanto na sua avaliação? Como pudera gostar tanto de alguém que ela não entendia?

Lembrava de suas palavras na última vez em que estiveram ali, como ela estava vestida, de short, parecendo uma menina, ela que às vezes parecia tão garota, mas em outras, tão cansada de uma vida não muito amiga dela. E, de repente, sem que ela pudesse entender, ela tinha deixado de ter importância para essa sua irmã de coração. Sentia que tinha virado um estorvo, alguém para quem essa amiga não queria mais contar seus segredos, como antes. Alguém em quem ela não confiava mais, talvez nunca confiara, de quem talvez ela até sentisse vergonha. Um susto. Uma surpresa. Uma dor. Uma mágoa. Sempre tivera a certeza que, acontecesse o que acontecesse, fizessem o que fizessem, seriam sempre cúmplices, tentariam sempre entender o ponto de vista da outra.

Afinal, foi assim que aconteceu quando, mesmo contra tudo e contra todos, ela tinha resolvido voltar para um namorado muito cretino que tivera quando ainda era muito nova. A outra podia até não concordar, até se preocupar por saber que aquilo acabaria em muito sofrimento para sua amiga, mas entendia que o coração prega peças, é mais dono da nossa razão do que podemos imaginar. E dava o suporte. Quem sabe sua amiga não tivesse tido certeza de que receberia o mesmo apoio, que a outra seria capaz de lhe oferecer reciprocidade...?

Então ela pediu um café e uma porção de pães de queijo (mesmo sabendo que isso era um crime contra a dieta que iniciara na última semana) e ficou pensando nos erros de avaliação que fizera ao longo da vida, com outras pessoas. Em algum momento sua amiga havia mudado e ela não percebeu. Talvez tivesse tentado lhe dizer das decisões que ia tomar, e ela não lhe deu abertura. Talvez, tivesse tentado até lhe pedir ajuda para decidir, mas ela estava preocupada demais em sobreviver a um ano difícil, em que a saúde, o coração e o trabalho estiveram muito mal, e foram massacrantes pra ela.

O fato é que tudo isso não teve explicação. Abriu uma cratera gigante em seu coração, como a imagem da cratera do metrô de São Paulo, engolindo tudo. De repente, tudo que ela acreditava não fazia mais sentido. Não sobrou nada. Só que ela olha pros lados agora, e no meio da enorme mágoa que ficou, vê um oceano de possibilidades. Vê relações mais leves. Vê pessoas interessadas em iniciar um novo caminho ao lado dela, em compartilhar a sua companhia, em curtir com ela muitas coisas... vê o quanto ela se limitava a cultivar algumas poucas relações tendo o mundo a sua frente. Vê que sim, é possível. Consegue enxergar conquistas advindas da tsunami. Foi difícil, ela bebeu muita água, mas está firme, como sempre. De pé.

Caia, mas de pé.


Começa a entender quando dizem que você pode levar uma pessoa até uma fonte de águas cristalinas, mas não pode obrigá-la a beber da água. É isso, as coisas mudam, desde que você mude primeiro. Tem muito a ver com o post anterior. Não tentar mudar os outros já é um grande entendimento.

E se alguém resolve mudar de caminho e prescindir da sua companhia, só o que se tem a fazer é torcer para que este alguém seja feliz, se um dia ele lhe foi importante. Porque a vida é isso. Como dizia a Elis, vivendo e aprendendo a jogar... nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas, aprendendo a jogar...


quarta-feira, janeiro 04, 2012

Surpreenda-se... enquanto é tempo!

Chegou ao consultório ás 18 hs. Tocou a campainha e aguardou. Lá estava ela, sua terapeuta, abrindo-lhe a porta. Pediu que esperasse, devia estar com algum paciente. Quem seria, a menina ou o Paulo? Ela sabia seu nome de tanto ouví-la dizer “Oi, Paulo, aguarda um pouquinho?”. Esse tempo de espera era sempre triste para ela, sempre a levava a pensar que já não precisava mais daquilo. Temia estar inventando problemas.

Enquanto esperava, só pensava que se vive a vida inteira ao lado de alguém e ainda assim não é possível dizer que se conhece a pessoa. Todo dia, a cada minuto, pode-se ter uma surpresa. Pode ser um gesto inesperado, uma fala inusitada, uma informação do passado surpreendente... quanto mais se convive, maiores são as revelações.

Essa foi a primeira fala dita à terapeuta. Assim que foi dita, ela se deu conta: “mas eu não conheço nem a mim mesma, como posso querer conhecer os outros?” Não se pode mesmo querer viver dentro do previsível, no controle dos fatos, nem tudo a gente vai saber. Dos mais reservados, é que emergem as maiores novidades, não fossem eles reservados.

O que a tocou desta vez nunca disse respeito à ela, foi algo que aconteceu na vida do outro antes que eles se conhecessem, algo que ele não precisava contar a ela, ou talvez até quisesse esquecer. E ela só descobriu porque foi curiosa, foi atrás, remexeu um passado que não era dela, resolveu analisar o histórico das páginas web navegadas por ele. Para quê? Por quê? Ela ainda não sabe.

Talvez buscasse ter com ele uma certa cumplicidade, sem medo de ser considerada invasiva. Talvez, tenha sido à toa. O fato é que ela nunca fizera isso antes. Mas fez desta vez. E quem procura, acha.

A gente vive junto com alguém por tanto tempo e, ainda assim, tem tantos segredos! Nós somos um eterno quebra-cabeças que não fecha, está sempre faltando uma peça fundamental. Às vezes, ela está ali, no meio das outras, nós só não as colocamos no lugar por medo que vamos enxergar. Talvez a paisagem não seja tão bonita, talvez a gente não se orgulhe tanto do que somos, mas sabemos que a busca pela “peça perdida” é eterna, vamos sempre procurar por ela.

Até que chegue um dia em que a busca não seja mais necessária, pois no fim da jornada, as respostas já estão lá há tanto tempo... Nesse dia, você não surpreenderá à mais ninguém, nem a você mesmo.

Olha que coisa mais linda...



Apesar da qualidade do vídeo, vale à pena ouvir "Merceditas" com essas feras...

terça-feira, janeiro 03, 2012

Mensagem para o novo ano

Achei tão apropriado que pensei que valia à pena compartilhar com vocês! Faço minhas as palavras dele...


segunda-feira, janeiro 02, 2012

Tanto a dizer...

Dizem que quanto mais a gente tem a dizer, melhor faz em ficar calado. Eu fiquei. Emudeci. Nada conseguia sair daqui nestes dias. Me peguei no meio dos outros em almoços e jantares apenas observando. Tanto a dizer e eu ali, me sentindo uma estrangeira. A estrangeira do Sting e do Caetano. Perdida no meio de tantas falas superficiais, sobre comidas, crianças geniais, viagens incríveis, oportunidades de emprego... eu estava viajando... sempre... sem destino... easy rider...

Enquanto emudeço e observo os outros, vou lidando com os meus gaúchos, tão presentes na minha vida... De repente, além dos amigos gaúchos que tanto me influenciam, me vi lendo ao mesmo tempo Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar, Caio Fernando Abreu e Mário Quintana. Pode isso?

Da Martha, eu já sou fã. Agora, estou apaixonada pelo Fabro e pelo Caio. O Quintana me inspira, não há nem o que dizer.

O que mais me surpreendeu foi a coincidência das capas dos livros do Fabro e do Caio. Olha só...



É ou não muita (ins)piração? Eu me peguei olhando pras capas, os livros lado a lado na minha cabeceira, e vi que estava imersa naquele mundo onde tudo gira em torno do rio Guaíba, dos pampas do interior, cheiros e gostos, do chimarrão, das ruas e praças de Porto Alegre... olha que lindo que é esse lugar...


Um lugar que eu não conheço, mas que sinto já conhecer tão intensamente, que já penso em visitar em breve, apenas para constatar que sei dos cheiros, imagens, paisagens, por tudo que eu li. Ah, benditos sejam os livros e os bons escritores, que nos transportam para lugares incríveis e nos fazem viajar sem sair do lugar.

E enquanto leio, vou abrindo a represa das ideias que estão aqui dentro, para que um dia elas ganhem forma, corpo e som e possam estar aqui com vocês, soltas no vento!

Feliz 2012! Um ano de grandes leituras - e viagens - pra você!


"Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: Achei! Achei! Mas ele escorrega se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça."
(Caio Fernando Abreu, Limite Branco, Rio de Janeiro: Agir, 2007, p. 74)


Música do dia: Felicidade - Renato Borguetti