quarta-feira, junho 30, 2010

Por onde andei [4]

Ontem, pela primeira vez, andamos numa autoban para uma viagem de carro a Celle, no estado de Hannover.

Como tudo nessa vida é relativo, nossa velocidade média no carro era 150 km/h e parecia que estávamos devagar.

Depois conto mais!

segunda-feira, junho 28, 2010

Por onde andei [3]

Ontem, fizemos um programa incrível. Fomos assistir à Filarmônica de Berlim, numa arena à céu aberto, uma coisa linda. A noite estava especial, apesar de que o sol só se pôs lá pelas onze horas.

Tudo para mim é surpreendente. Já na chegada, a multidão que se aglomerava na entrada parecia tão cordata, tão calma, que nem de longe se aproximava daquela bagunça que é o Brasil. Todos estavam com suas cestas de piquenique, aguardando a hora em que poderiam entrar para assistir ao show. Ficamos esperando por volta de 20 minutos, mas em nenhum momento senti que a coisa poderia resultar em empurra-empurra.

Quando finalmente entramos, já havia uma multidão esperando pelo show, sentada tranquilamente em seus lugares, mesmo aqueles que estavam torrando ao sol. Sim, porque mesmo por volta das seis da tarde, o sol ainda era bastante forte. Juro que achei que não encontraríamos 4 lugares juntos, mas não é que encontramos?

Enquanto esperamos, ficamos nos divertindo em ver a equipe da tv entrevistando os presentes e também olhando a forma como as pessoas estavam vestidas. Uns mais arrumados, afinal era uma apresentação da Filarmônica de Berlim, outros mais informais (como eu), já que o show era numa arena de chão de terra batida!

O incrível foi a "Ola!" que a platéia começou a fazer enquanto o show não começava. Os músicos, muito bem-humorados, embarcaram na ideia e fizeram a "Ola!" junto conosco. Foi divertidíssimo!

O maestro era muito bom, Ion Marin, um baixinho que estava numa beca danada, apesar do calor. Acompanhando a orquestra, estava a soprano Renée Fleming, voz maravilhosa. Quando ela canta, parece que não faz esforço nenhum, impressionante!

O show foi todo incrível, e foi ótimo reconhecermos algumas músicas (dá a gente a impressão de que temos alguma cultura musical). Nada deu errado, o som era perfeito. A atmosfera, muito agradável.

O gran finale foi o bis. A orquestra tocou uma música típica de Berlim e todos acompanharam com palmas e assovios. Os músicos da ala de sopro tocavam vuvuzelas e não deu para a gente ficar quieto, acompanhamos também... O maestro regia a platéia numa empolgação contagiante.
Na saída, mais uma galera andando calmamente por quase uma hora, sem nenhum tipo de incidente, mesmo com as ruas bastante escuras. Isso é que é pais civilizado...

(Que saudade da bagunça do Brasil...)

sábado, junho 26, 2010

Porque às vezes é muito importante dizer "obrigado"


Tem gente que entra na nossa vida para nos ensinar coisas, e a gente nem se dá conta. Nos ensinam a não desistir, nos ensinam a nos posicionar, nos ensinam a cuidar de nós mesmos (e, principalmente, a não nos mostrarmos fracos na frente de quem não gosta da gente)... tem gente que está sempre cuidando da gente, de um jeito ou de outro, e a gente não reconhece. São nossos anjinhos da guarda, que querem estar sempre por perto e pensam na gente sempre com boas energias.

Daí, quando acontece coisa boa, e essas pessoas são parte importante do processo, há que se ter humildade e agradecê-las por tudo que elas fazem de bom. A estas pessoas que estão sempre com um olho aberto e o outro também, cuidando de mim, meu muito obrigada, de coração.

Amo vocês, e nem preciso dizer seus nomes, que vocês se reconhecerão aqui.

quarta-feira, junho 23, 2010

Pensamento do dia...

... pós-classificação da Alemanha, para as oitavas na Copa 2010:
"Infelizmente, ainda tem muito nazista solto por esse mundo"...

Quem diz que é complicado andar de metrô com a torcida do Flamengo, após a vitória do rubro-negro, nunca encarou de perto a torcida alemã dentro de um vagão de trem!

Por onde andei [2]

Nunca um nome de um post me foi tão apropriado quanto este. Como eu tenho andado, nossa! Aqui, a gente se dá conta de que está muito sedentário no Brasil e que anda muito pouco. Muito pouco mesmo. Tudo é feito à pé. Táxi é impraticável.

Estamos a uns cinco minutos a pé da Universidade, num bom ritmo pelo caminho mais curto, e a 20 minutos pelo mais longo. No caminho mais curto, as ruas são residenciais e cheias de verde (para chegar a Universidade, passamos por um parque muito bonito, cheio de árvores floridas, jasmim em sua maioria).

Entre os prédios de apartamentos, há um ou outro comércio, mas nada que chame muito a atenção, além de uma loja de bebidas (com uma variedade impressionante para um bairro pequeno) e um prédio residencial transformado em cinema de bairro, com uma arquitetura bastante interessante.

Tenho que escolher bem o sapato quando saímos pela manhã. Tenho evitado ir à Universidade de tênis, porque nunca sei a quem serei apresentada como a esposa do professor brasileiro. Mas, confesso que os saltos andam me matando esses dias, e que os tênis combinariam bem melhor com a mochila que trouxe para cá e que tem sido minha fiel escudeira. "Santa Uncle K, Batman": a mochila é levinha, levinha. Bolsa arrumadinha, só para algum evento social.

Hoje, descobri que nosso amigo de Frankfurt, Achim, aluga a cobertura aqui no prédio onde estamos. E que o studio dele é uma graça, como somente poderia ser, vindo de uma pessoa tão especial. Ele teve o cuidado de deixar algumas coisas para comermos aqui no nosso apartamento, pois chegamos no domingo e não havia nada aberto...

Fomos caminhar pela vizinhança e aproveitamos para gastar nosso pouco inglês (o meu e o dele, mas a gente se entende). Ele me mostrou algumas lojas que ele gosta, alguns restaurantes charmosinhos e conversamos sobre o assunto do dia: "o jogo tudo-ou-nada da Alemanha contra Gana". Estava todo mundo empolgado por aqui.

Contei a Achim que na minha empresa - esquizofrênica, há que se lembrar -, pedimos para ficar e assistir aos jogos do Brasil. Tínhamos combinado de almoçarmos juntos, e depois, voltaríamos a trabalhar. Uma ordem superior, no entanto, foi dada e a comunicação que recebemos é que a empresa fecharia, e que todos teríamos que compensar estas horas posteriormente (graças à Deus, estou de férias agora!).

Achim, como bom empresário que é, fez o seguinte comentário: "Vocês querendo melhorar a ambiência e eles trabalhando para destruí-la". E emendou com um "certamente, depois, eles irão contratar um consultor externo que os levará a um workshop de clima ou comportamental, onde vocês ficarão sem trabalhar, e que será muito mais custoso para a empresa do que permitir que assistam aos jogos juntos, nas suas dependências".

Falou tudo, o danado! Depois disso, dizer mais o quê?

Quanto ao resultado do jogo Alemanha x Gana, eu conto depois... o que aconteceu por aqui também... é muito assunto para um post só!
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Mudei o nome da série de posts porque a música do Nando Reis não me sai da cabeça esses dias: "Por onde andei, enquanto você me procurava, e o que eu te dei, foi muito pouco ou quase nada..."

terça-feira, junho 22, 2010

Por onde andei [1]

Férias. Tão merecidas. Ainda não me acostumei com a idéia, de tanto o que trabalho, o tempo todo. 35 dias longe do Rio, sem curtir o Inverno no Rio, estação do ano que eu gosto tanto. Estou do outro lado do mundo, no "Velho Mundo", no Verão.

Um Verão pra lá de esquisito, diga-se de passagem. Verão frio, com roupas de frio, luvas e gorro de lã. Mas, com um solzinho a embelezar a cidade e a trazer verde por todos os lados. E flores, muitas flores. Nas ruas e nas sacadas das casas, até mesmo as mais simples.

Onde estou?

Estou em Berlim, na Alemanha. Vim acompanhar meu marido, este sim a trabalho, por vinte dias. Depois, continuamos viajando. Esta é uma viagem diferente para mim: é a primeira vez que "acompanho" alguém apenas, e não tenho nada a fazer a não ser me distrair. Ser a melhor companhia que eu puder para mim mesma. Para entrar no clima, comprei no aeroporto o livro "O menino do pijama listrado" (nada mais apropriado, a propósito).

Por aqui, tudo que tenho me é útil. E o incrível que o que mais me tem sido útil não é o dinheiro que trago no bolso e sim o conhecimento que adquiri ao longo da vida. A educação que recebi dos meus pais, para lembrar que por maiores que sejam as diferenças culturais, o muito obrigado, o bom dia, o boa tarde e o até logo sempre funcionam. O que sei de Inglês e de Espanhol, oportunidade que tratei de aproveitar quando me foi oferecida no trabalho, e que tem me ajudado enormemente a me comunicar com todos os tipos de pessoas (novos e velhos, ricos e pobres, dos mais cultos aos mais simples ...). As receitas que aprendi ao longo da minha vida de casada, e que têm me permitido fazer alguma coisa agradável ao paladar com poucos ingredientes e poucas panelas (um desafio!)... e ainda, o que sei de futebol, que me permite permanecer nas conversas dos professores aqui na Escola de Engenharia, quase todos homens (um horror! - rs rs rs)...

O conhecimento, enfim, se mostrou pra mim como um belo tesouro... e o que vou levar desta viagem, intangível também, é mais conhecimento, multiplicado, cultivado, elevado a décima potência. A cultura que estou respirando, as pessoas que estou vendo e conhecendo, os lugares onde estou indo, estes ficam na memória e, certamente, serão algo de que vou gostar de contar para os meus netos...

A igreja da foto é a Igreja Comemorativa do Imperador Guilherme I, destruída em 1943, durante a Segunda Grande Guerra, e novamente consagrada em 1961. Até construíram outro pedaço da igreja ao seu lado, mas não é tão bonita. Estive lá hoje. Por dentro, é impressionante. Qualquer hora, posto as fotos que tirei.

Até o próximo post!

quarta-feira, junho 16, 2010

Perdeu, playboy!

Eu perdi, sim. Perdi a inocência, o jeitinho de Poliana que eu tinha quando defendi a minha tese de mestrado há uns bons anos atrás e ouvi isso dos membros da banca ao falarem do meu texto otimista. Perdi a fé de que as pessoas são boas e que querem fazer o bem sempre, acima de tudo. Quando eu acreditava nisso, volta e meia me surpreendia com algumas atitudes e ficava me perguntando: por que? por que? por que? Agora, vejo que todo mundo encara a máxima "o fim justifica os meios" como lema, como valor, e vai levando a vida como se usar os outros como escada fosse algo sempre factível e até perdoável.

Perdi também o medo de ser incompreendida ou aceita, porque nem sempre a gente vai conseguir oferecer ao outro a nossa frase mais bem colocada, os nossos melhores olhares, os nossos mais corretos gestos, mesmo que a nossa intenção seja boa.Ninguém dá mesmo o que não tem, como dizia Kardec.

Entendi a muito custo que as pessoas podem não querer a nossa ajuda, e nos olhando nos olhos dizer que "de boas intenções o inferno está mesmo cheio". Eu também já penso isso hoje. Já penso que "muito ajuda quem não atrapalha", como dizia a minha mãe. Tem horas que eu não quero ajuda, eu quero fazer valer a minha liberdade e a minha autonomia.

Só não consigo deixar de sofrer. Que pena! Mesmo que eu esteja até me sentindo relaxada, que eu já tenha entendido que preciso de serenidade para entender e aceitar as coisas que eu não posso mudar, o corpo tem padecido com as minhas ansiedades e angústias (é contraditório isso, mas é verdade. A mulher é uma eterna contradição). Eu tenho estado "fora da ordem", amando muito, e amando errado, querendo muito, mas querendo errado, tentando muito, mas insistindo no murro na ponta de faca, e a mão, dilacerada, não tem mais forças para buscar por outras mãos e sair do buraco. As pessoas me perguntam do porquê do resfriado, da voz afônica, da tosse de cachorro. Sempre fico assim quando quero falar algo e não consigo. O peito transborda e queima, e eu não consigo dormir. Somatização? Sim, e quem não somatiza, de uma forma ou de outra?

O mundo hoje é muito estressante, as pessas vivem tensas. É uma dorzinha ali, outra aqui. Você escuta um "Perdeu, playboy" do pivete no meio da rua, ou de alguém mal humorado no trabalho e, como tem que engolir o sapo, fica ruminando a resposta não dita e depois, o resultado disso é a garganta em frangalhos, detonada, e o estômago sofrendo com a azia das pastilhas e anti-inflamatórios... Ou uma dorzinha nas costas, ou um pulso latejando, ou uma enxaqueca persistente.

Se é que pra isso tem jeito, desconfio que estou prestes a descobrir a fórmula... só tenho medo de ficar muito má...

segunda-feira, junho 14, 2010

Em tempos esquizofrênicos...

Uma boa música pode traduzir o que vai aqui dentro...

Canção da Despedida
Geraldo Azevedo

Já vou embora
Mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora
Que a hora é de deixar
O amor de agora pra sempre ele ficar
Eu quis ficar aqui mas não podia
O meu caminho a ti não conduzia
Um rei mal coroado não queria
O amor em seu reinado
Pois sabia não ia ser amado
Amor não chora, eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia
Já vou embora
Mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora
Que a hora é de deixar
O amor de agora pra sempre ele ficar




Eu acho que eu não preciso dizer mais nada...

terça-feira, junho 08, 2010

O par perfeito

Todo Shrek tem a sua Fiona. Mas, como é que eu não tinha me dado conta disso? Eles são perfeitos. Na verdade, nasceram um para o outro, foram feitos sob encomenda. Se um nasceu chato, o outro também será. Se um é arrogante, o outro é igualmente assim. São almas gêmeas.

O mundo corporativo também tem seus casais de Ogros. A gente não se dá conta, e quando vê, lá está ela.

Eu achava que era bom demais ter que suportar apenas um Ogro. Mas, agora, sei que a Fiona co-habita o nosso espaço.


Ela faz coisas do tipo:

  • manda recados para as pessoas, através de piadinhas sem-graça;

  • marca uma reunião de 2 horas com todo mundo e ainda demora meia hora para conseguir ligar o notebook (porque não tem a capacidade de verificar tudo antes da reunião começar);

  • fica lendo a apresentação em power point, sem explicar uma linha do texto confuso que está ali, e responde irritada a quem pergunta, como se o pobre coitado estivesse fazendo apenas perguntas idiotas;

  • força todo mundo a participar de uma festinha de aniversariantes do mês, colaborando inclusive com grana (cada mês um pouquinho mais), para o bem da ambiência (quando o que todo mundo gostaria de fazer era sumir, desaparecer);

  • reclama com o chefe das conversas entre as pessoas ao longo do expediente, o que leva a todo mundo a optar pelo instant messenger, para não dar margem a comentários;

  • e no dia dos aniversários das pessoas, quando se tenta sair um pouco do trilho definido pela criatura e trazer um bolinho simples para comemorar, ela faz questão de cantar "Parabéns pra você" aos berros e encerrar com um tenebroso "Aha, uhu, Fulano, vou comer seu bolo..."

Eu não sabia que a Fiona podia ser tão indesejável. Ela tem que dar o braço ao Ogro que cito nos outros posts. Foram feitos um para o outro. Aliás, eles dois até que se entendem muito bem. Fazer o que, né? Cada um se entende com a criatura que merece, não é mesmo?

A Fiona gosta de humilhar seus subalternos e até mesmo aqueles que não o são. Não pede "por favor", nem diz "muito obrigada" nunca. Ao menos, estar ao lado de uma Fiona tem suas vantagens, ela provoca mudanças. Quem pode, sai correndo dali, muda de baia, de endereço, se departamento. Quem não pode, faz outro concurso... "pede pra sair, 02".

Se eu fosse fazer um livro sobre as aventuras e desventuras do mundo corporativo, esses dois seriam os meus "vilões" prediletos!

A mulher perdigueira

Este final de semana, me deliciei lendo os blogues do Carpinejar e da sua namorada, a Cynthia, que pra mim, mesmo ela jurando que não é a mulher perdigueira, é uma guria muito louca.

Fabrício Carpinejar é um cara muito inspirado, já esteve no Jô Soares, e confesso, acho um papo ótimo. Ele cunhou este termo: "mulher perdigueira". Em seu blog, ele oferece algumas dicas para que se identifique com clareza uma perdigueira:

  • Usará apenas "meu homem", "meu namorado" ou "meu marido", altamente possessiva;

  • Não espera para discutir em casa. Parte do princípio terapêutico de que a raiva depende da espontaneidade do momento;

  • Acredita que toda gafe poderá ser corrigida com sexo de noite;

  • Pergunta de novo aonde ele vai, somente para confirmar os dados;

  • Aparece de surpresa nos lugares avisados e afirma que é coincidência;

  • Ao atender os amigos dele, puxa papo para garimpar histórias e informações privilegiadas;

  • É uma leoa-de-chácara. Qualquer mulher que se aproxime mais melosa de seu companheiro, já chama de piranha ou vadia;

  • Não pergunta quem ligou, pois considera uma atitude mal-educada, é independente, mexe direto no celular para verificar o número;

  • Disca para números suspeitos como se fosse pesquisadora do IBGE, além de apagar nomes femininos do catálogo de endereços;

  • É a provedora do Orkut dele, controlando os scraps e os recados;

  • Parte da tese de que não importam os meios, mas o fim;

  • Esquece o que fez de errado com repentinas declarações de afeto;

  • Cheira a camisa e alega que é capricho, somente para confirmar se ele ainda põe o perfume que comprou;

  • Tem um ciúme preventivo. Avisa o que ele pode aprontar antes de qualquer coisa e antecipa o julgamento;

  • Investiga sua caixa de mensagens e ainda o culpa por deixar tudo ligado e à mostra;

  • Decide mostrar sua lingerie nova justo quando ele tem algum compromisso;

  • Pede desculpa com a mesma facilidade que xinga;

  • Propõe constantes testes, em especial surpresas que terá que corresponder à altura. Ai se ele se atrasar para algo, mesmo não desconhecendo;

  • Cria aniversário de tudo, do primeiro beijo, da primeira transa, do primeiro presente, do primeiro jantar, do primeiro cinema;

  • É uma agência de notícias: manda mais de dez torpedos ao dia e conta suas novidades a cada meia hora;

  • Instala a discussão perto de dormir, aproveitando o cansaço, e depois se faz de vítima, repetindo as ofensas recebidas;

  • Quando ele chega tarde, finge estar dormindo;

  • Na separação, amaldiçoa com "Nunca mais será feliz" ou "Ficará broxa com outra mulher".

O Carpinejar diz que a mulher perdigueira tem que ser compreendida. Em suas palavras,
"não existe mulher perdigueira no primeiro encontro. Na paixão, todo mundo mente e jura que é moderno. Ela surgirá na convivência, na retratação da personalidade com a chegada do amor".

Essa pessoa, com tais características, me dá medo. Também tenho um medo danado de virar uma criatura assim. Não acho legal, acho ruim de fato. Conheço pessoas que apresentam pelo menos umas cinco características dessas, e não vejo nada de positivo nisso, nem acredito que seja demonstração de afeto. Acho apenas que o Fabrício escreve bem pra caramba e isso vale a leitura de qualquer coisa que ele escreva.

Já vivi situações que me aproximaram de uma perdigueira e, nesses momentos, optei pela saída "leão da montanha" (pela esquerda ou pela direita, o que fosse mais apropriado). Lembro de unma vez em que, ainda noiva de meu marido, encontramos com uns amigos dele na praça de alimentação de um shopping. Eles nos convidaram para sentar com eles e sentenciaram que a ex no meu noivo estava para chegar. Viria acompanhada do marido e ficaria muito feliz em vê-lo. Nós nos sentamos e eu fiquei esperando para ver que bicho ia dar. Quando ela chegou, sentou-se ao lado do meu noivo, colocando-se entre ele e seu atual, e me deixando para escanteio. Me lembro bem da cena: ela se levantou e comprou um pedaço de bolo com nozes. De repente, começou a tirar pedaços do bolo e a dar na boca do meu noivo. Disse que ele gostava de ganhar bolinho assim... ora, eu já estava com ele há dois anos e nunca o vi tão constrangido. Mas, ele não foi capaz de dizer pra Fulana: "pára com isso". Eu fiquei olhando a cena, como se não estivesse ali. Em fração de segundos, me perguntei: "armo um barraco aqui mesmo, ou espero para chegar em casa?"

Acho que optei pela saída mais inteligente. O meu raciocínio foi o seguinte: se o marido dessa criatura não fizer nada (e não der ao menos um socão na cara do meu noivo, ou puxar aquela mulher pelo braço), eu é que não vou fazer. Não estou aqui para ficar mal na foto no meio de um monte de gente que eu acabei de conhecer. E assim fiz: N-A-D-A.

Quando chegamos em casa, me lembro de ter dito a ele: "cada um tem a ex-namorada que merece". E seguimos a vida.

Esse papo de ciúme descontrolado e barraco não está com nada. É sinônimo de desconfiança. Ou a gente confia, ou muda de namorado, noivo ou marido. Viver controlando o outro beira a loucura.

segunda-feira, junho 07, 2010

Cara de pudim de limão

"Cara de quem comeu pudim de limão", "de quem cheirou pum", "de quem bebeu leite azedo", "de quem comeu e não gostou", "de quem prendeu o dedo na porta"...

Na loucura corporativa, tem sempre alguém que está permanentemente amoado. Há que se ter paciência.

Eu estou feliz. Agora, Santa Clara clareou. Estou até pondo umas florzinhas na minha mesa, porque tenho certeza que elas não vão morrer de "olho-gordo", nem serão pára-raio de nenhum baixo astral (nem o meu, nem o de ninguém).

É tão bom (bom-bom-bom...)!

De volta para o futuro

Sexta-feira saí com uma amiga para um happy-hour. Fomos a um barzinho perto de casa, e ficamos lá, jogando conversa fora. Foi muito bom. Quando saímos, ficamos discutindo para ver quem tomaria o táxi que estava parado no ponto. Eu cedi, ela também, eu insisti, ela também, e no vai-não-vai, ela acabou indo no tal táxi em direção ao Grajaú.

Depois, fiquei ali parada esperando um táxi e não parava nenhum. Em seguida, chegou um casal e se posicionou na minha frente e então, tive que esperá-los conseguir um táxi para então retomar a minha busca por um que me levasse para casa. Já estava pensando num plano B, quando de repente, sem que eu tivesse feito sinal, me parou um táxi arrumadinho, novinho, da cooperativa. E o cara ficou me esperando entrar no carro.

Tive alguns segundos para pensar se ia ou não ia. E fui. Quando entrei no carro, me dei conta de que conhecia ele, o motorista. Ele se virou pra mim e disse: "você vai pra onde?" E encerrou a pergunta com o meu nome. Eu me assustei. Eu então disse pra ele: "sei que eu te conheço, mas não me lembro de onde". E ele então disse seu nome, refrescando a minha memória. Começou a me perguntar um monte de coisas, e me proporcionou uma volta ao passado. Mais de vinte anos que eu não o via. Ele me contou que casou e teve três filhos e que, agora, mora pertinho de mim. O mundo é mesmo engraçado, eu tinha que entrar naquele táxi.

Agora, o que me surpreendeu é que tivemos um amigo em comum, de quem gostamos muito. Ele sofreu um grave acidente de carro, no qual morreu seu melhor amigo, e nós nos reunimos ao seu redor para confortá-lo. De repente, o destino nos afastou. Esse motorista de táxi era muito seu amigo naquela época. Agora não é mais. Esse cara se tornou diretor de uma grande multinacional e foi morar em São Paulo, aparecendo no Rio de Janeiro muito esporadicamente.

Eu me lembrei o quanto eu senti saudade dele quando nossos destinos se separaram, mas vi que a ambição, por vezes, determina o que somos e quem deixamos pelo caminho. Permanecer humilde é coisa rara, difícil mesmo. Eu espero, do fundo do meu coração, que esse meu antigo amigo tenha sido feliz, e que tenha encontrado sinceridade no caminho que ele escolheu.

O retorno do Ogro

[cena no escritório]

Dois colegas conversando no corredor, perto da máquina de café. Um deles, gerente. O outro, alvo do Ogro, que se aproxima sorrateiramente armando o bote.

De repente, a criatura mira o ombro do colega e dá um encontrão sinistro, só de "brincadeira". O outro percebe o ataque e firma o ombro, esperando a porrada. Dói no Ogro, que perde a reta e acaba rodopiando pelo corredor, para surpresa dos dois que estavam simplesmente conversando enquanto tomavam um café.

"Qualé, cara? Tá maluco?", pergunta o abalroado.

"É brincadeira, cara, só brincadeira...", responde o Ogro, sem graça.

"E tu já me viu brincando contigo dessa maneira?", insiste o pobre na berlinda.

"Ah, cara, é só brincadeira"... fica ali repetindo o Ogro, sem graça, e sai de fininho, sem resposta para uma pergunta tão simples.

[pano rápido]

E a gente ainda é obrigado a conviver com esse tipo de gente pelo bem da ambiência organizacional. Se eu pudesse, afogava o Ogro no tanque de casa e teria bons motivos para ser absorvida. Não pegava nem prisão temporária, tenho certeza.

Sempre acho que ações terroristas como essa querem dizer alguma coisa. Acho que esse meu colega devia ficar esperto. O veneno do Ogro pode ser poderoso, se não se tiver soro antiofídico por perto.

domingo, junho 06, 2010

A etiqueta dos primeiros encontros

Estou lendo o livro - divertidíssimo - da Glorinha Kalil, Chic[érrimo], e agora me deparei com um capítulo que trata da etiqueta do primeiro encontro.

O que pode e o que não pode ser dito, o que se deve e o que não se deve vestir e o que atrai e não atrai uma mulher ou um homem quando o assunto é "e aí, vai ter bis?"

Achei engraçadíssimo que a lista de o que não pode é maior do que a lista do que pode. Por exemplo, o que ajuda a mulher a ter um segundo encontro? Aqui vai a listinha da Glória:

  1. delicadeza;
  2. elegância;
  3. boa conversa;
  4. bons modos;
  5. cultura;
  6. e um "corpão"!
Nossa, já pensou a manutenção de tudo isso? Acho que o item 6 é o que todas perseguimos, todos os dias. Algumas estão sempre de dieta, mas não é só isso, como mostrou a Glória, não é mesmo?
Mas, as mulheres são também muito exigentes. Não pensem os homens que conseguir um segundo encontro é tarefa fácil não! Olha que a gente está sempre avaliando tudo. Já se sentiram numa entrevista de emprego, meninos? Pois é assim mesmo, a gente tem um check-list mental, e mesmo as que os utilizam de forma bem sutil, o utilizam sempre.

Vamos ao que não pode, segundo a Glória:

  1. exibicionismo (emprego, dinheiro, conquistas, status);
  2. cabelo sujo, oleoso (eu diria ensebado, arght);
  3. roupa agarrada;
  4. calça santropeito (precisa dizer alguma coisa?);
  5. barriga de cervejudo;
  6. camisa transparente ou aberta ao peito, ou as duas coisas;
  7. camisa de cetim ou qualquer coisa que brilhe;
  8. falta de educação;
  9. tratar mal o garçom;
  10. falar alto;
  11. chegar com um amigo (ao encontro, qualé?)

Viram como é complicado? A gente tem que se esforçar, mas eles também. É isso que me consola.

Agora, vale para os dois: nunca passará desapercebido se tirar os sapatos debaixo da mesa, ou se partir em pedaços todos os alimentos antes de comer (a não ser que você tenha menos de oito anos).

O que não se fala à mesa (olha, é a Gloria que está dizendo, presta atenção, é tudo com "D"):
  1. Dieta;
  2. Doença;
  3. Depressão;
  4. Dureza;
  5. Diretrizes políticas;
  6. Doutrinas religiosas.
Acho que isso é algo que vale mais no Brasil do que lá fora. Recentemente, estive conversando com um inglês (tá bom, tá bom, não se tratava de um encontro), e ele me perguntou da minha religião e eu tive que explicar porque eu tinha escolhido a minha religião, em detrimento de todas as outras. Acho que o povo lá fora vai direto ao ponto.

Mas, em tempo de Dia dos Namorados, nada como se lembrar dessas dicas, para conseguir um par, não é mesmo?

Fotos em San Diego

Eu adoro tirar fotos. Esse é um lado que venho explorando pouco aqui no blog. Mas, achei que seria interessante mostrar algumas fotos que tirei na minha viagem a San Diego, em maio desse ano. Me interesso por esses ângulos tão inusitados. Repara só...

Jogando xadrez no shopping. Este é um shopping no centro de San Diego, onde as pessoas parecem dar um tempo na correria do dia-a-dia. Repare no velhinho acompanhando a partida. Ele parecia estar em stand-by.


Me encantei com as sombras e os lustres neste corredor de um outro shopping no qual estive, e onde tomava o café da manhã todos os dias. É ou não é incrível o efeito destas sombras no chão?

Esta árvore me chamou atenção por seu caule retorcido, e por não ter folhas, apenas flores, lindas flores.

Esta última imagem revela uma igrejinha. Eu estava fotografando quando uma senhora saiu e me convidou para entrar, o que considerei bastante simpático da parte dela. Mas, o que me chamou atenção foi o enorme pinheiro ali ao lado, que tratei de enquadrar também na foto. Não pude deixar de imaginar como seria vê-lo iluminado, na preparação para o Natal. Ninguém me disse, mas tenho certeza que ele foi plantado ali com esse fim.

San Diego foi para mim uma grata surpresa, por ser uma cidade limpa, organizada, bonita e bem cuidada. E com um povo muito tranquilo e educado. E receptivo, o que é mais interessante. Acho que tem a ver com a proximidade com o México e o contato permanente com a latinidade. Vale à pena conhecê-la.

sábado, junho 05, 2010

O Largo da Carioca

Todos os dias, praticamente, eu ponho os meus pézinhos no Largo da Carioca. Tem dias que eu passo ali apressada e nem tenho tempo de apreciar a paisagem. Mas, é lógico, que a gente nota coisas bacanas no Largo: a Igreja de Santo Antônio, os jardins de Burle Marx aos pés do prédio do BNDES, as árvores floridas, a diversidade de seres humanos que por ali circulam etc.

Mas, não só de coisas boas é feito o Largo. Também há muita coisa ruim pra se notar. O pior é que não é preciso muito tempo para perceber as misérias do mundo que insistem em passar na nossa cara, basta olhar um pouquinho pros lados. É a banca de jornal que vende CDs de música piratas, são os vendedores de software pirata, são os camelôs, que brigam por espaço como as p... de Copacabana brigam por um ponto na Avenida Atlântica, é o lixo, o esgoto, a montoeira de pombos que ficam empoleirados na principal árvore do Largo e que, qualquer dia, vão acertar a sua cabeça com um jato de escremento... e você, com certeza, vai se perguntar: "Por que eu?"

Eu resolvi escrever sobre o Largo por dois motivos. Há uma propaganda na tv que mostra o Largo de uma perspectiva bastante particular - e todo mundo que me acompanha sabe que eu adoro propagandas, adoro reparar nelas. Eu tenho que confessar que não adorei a propaganda em questão (da Aquarius Fresh), apenas notei que com os ângulos corretos, é possível esconder todas as mazelas do mundo.



O que aparece aí na propaganda não é - definitivamente - o Largo da Carioca que eu conheço.

Outro dia, fomos almoçar num restaurante da Gonçalves dias, depois da rua do Ouvidor. Uma das pessoas que estavam conosco não comeu muito e resolveu levar o que sobrou de seu prato para dar para algum mendigo esfomeado. Ao chegarmos no Largo da Carioca, vimos o que parecia ser uma família num canto, num dos bancos. Tratava-se de uma mulher, um homem e duas crianças bem pequenas. A minha amiga se dirigiu a eles com a quentinha na mão - uma posta de bacalhau. Vi quando o homem se virou para a mulher e disse: "Olha, ela vai te dar comida".


A mulher se virou para a minha amiga e viu a quentinha. Quando a minha amiga estava bem próxima deles, a mulher virou o rosto na direção contrária e estendeu as mãos para segurar a quentinha. Não disse nem um "obrigada". A minha amiga pousou a quentinha em suas mãos. A mulher imediatamente entregou a quentinha para o homem, que a abriu e começou a comer com as mãos, sozinho. Sob o olhar "esfomeado" da mulher e das duas crianças, que o observavam e não ousavam a pegar um pouco da comida, aquela cena era como uma família de leões... primeiro o leão, depois, o que sobrar da carniça para os demais... horrível!

Eu até podia ter continuado a observar aquela bizarrarice, mas fui interrompida, de repente, por um garoto de uns dez, onze anos, completamente enlouquecido por cola, ou qualquer coisa muito forte, que veio da minha direção, falando uma língua incompreensível, a língua da droga, e que me deixou alerta para não perder a bolsa...

Esse é o Largo da Carioca que não aparece na tv, nem nas propagandas, nem nas transmissões do telejornal. É tudo muito bonito, mas esconde uma realidade que as autoridades insistem em não ver, porque dá trabalho tratar. E, se a gente está se preparando para receber uma multidão de turistas, por que não começar pelo centro da cidade, ainda tão abandonado? Por que não instalar placas que realmente expliquem as coisas?

Vimos um grupo de turistas perdidos no Largo da Carioca, há uma semana atrás, que buscava desesperadamente localizar a rua da Confeitaria Colombo. Tão simples chegar lá, né? Mas, só para quem sabe... nós até tentamos explicar para eles, mas, vimos que eram alemães e eles queriam se guiar por um mapa que não era o melhor dos mapas... Por que não temos placas indicando esses lugares famosos? Por que não há uma indicação para o Teatro Municipal, por exemplo?

Quando é que vamos acordar pra vida e deixar de pintar a realidade com as cores de uma lente de ultra definição, como as da tv Globo?

quarta-feira, junho 02, 2010

Por um pouco mais de coerência no trabalho

Eu juro que não queria roubar a idéia da minha amiga Flor de Lótus e escrever um blog sobre a esquizofrenia que assola o mundo corporativo. Mas, o quê que eu posso fazer se, duma hora pra outra, todos os assuntos que me aparecem dizem respeito a isso? Ela mesmo me dizia que tinha assunto à beça quando estava lá comigo, na mesma neurose. Agora, já em outra empresa, custa a postar ("é tudo tão normal").

Pois bem, a neura agora diz respeito a um contrato com terceiros. Os gestores tentam provar, por A+B, que têm razão em relação ao tal contrato. E no tal contrato, existe uma cláusula que diz que os terceirizados têm que trabalhar 220 horas por mês, ou seja, 8 horas e 48 minutos por dia. Tem gente que simplesmente não consegue. A gente vê as pessoas se esforçando, mas elas não conseguem. Quando começaram, só precisavam trabalhar oito horas por dia. Isso tinha sido acordado com elas. As horas extras eram esporádicas, e todo mundo organizou a sua vida neste sentido. Agora mudou a regra do jogo. Tenho visto as meninas cortarem um dobrado para conseguir deixar filho na escola, organizar a casa, pegar filho na escola, e fazer todo o resto (aulas de idiomas, ginástica etc) com esse "novo" horário. Quem não conseguir se adequar, que procure outra coisa pra fazer, outro lugar pra trabalhar. É como diz a minha mãe, nessas horas paga o justo pelo não-justo.

Mas, o que me incomoda é o seguinte: a mesma empresa que oferece prestadores de serviço nas áreas de manutenção do prédio e faxina, é a fornecedora dos trabalhadores do conhecimento que nos assessoram nos nossos projetos. Por isso, as tais 220 horas, porque os trabalhadores "braçais" trabalham aos sábados pela manhã. Já os que estão diretamente conosco nos projetos, fazem o mesmo horário que fazemos, isto é, o horário do escritório. E nem precisava mais, pois somos trabalhadores do conhecimento. Creio que somos auto-gerenciáveis na maior parte do tempo. Quando temos que trabalhar mais, trabalhamos; quando temos que fazer hora-extra, fazemos, e ninguém precisa pedir.

Ou seja, se estivéssemos adotando as práticas das empresas de ponta, estaríamos preocupados com a produção das pessoas, e não com o tempo que elas passam no escritório. Eu vejo que o meu chefe até fica incomodado com esta situação, mas volta-e-meia ele diz que são ordens superiores, que o recomendado é que quem não se adequar seja dispensado, e ele acha melhor esperar a poeira baixar.

Só que, em tempos de teletrabalho, uma época em que as pessoas podem fazer o seu horário, e trabalhar no período em que se sentem mais produtivas, fica quase inviável prender as pobres criaturas sem alma no pé da mesa, trancar a baia e só permitir a saída depois que as 8 horas e os 48 minutos diários sejam cumpridos.

Estive recentemente numa conferência nos EUA e conheci o gerente de logística da Boeing, um cara muito bacana. Ele disse que tinha resolvido reformar a casa dele, apliando jardins, construindo um novo andar, mudando o encanamento, enfim, fazendo uma obra grande. E que, para isso, tinha feito umas contas e percebido que estava gastando muito dinheiro tendo que ir ao escritório todos os dias. Então, chegou a um acordo com a direção da Boeing que o levou a trabalhae em casa três dias por semana, usando todos os recursos disponíveis atualmente no mercado.

As reuniões, ele fazia através de Skype ou qualquer outra tecnologia de comunicação e informação. E-mail e blackberry (bb) eram usados o tempo todo. Ele até me apresentou a um termo que eu desconhecia: crackberry, que é o viciado no bb (coitado, ele já estava virando um!).

E é por isso que essa coisa toda me deixa tão desconfortável. Se as pessoas estão estudando novas tendências, elaborando relatórios, lendo e corrigindo documentos, redigindo textos e procedimentos, por que elas não podem fazer isso de qualquer lugar? Por que não endereçar a questão para o ponto correto? Se não existe encomenda bem feita, aí você tem que se preocupar com o horário e não com a produção.
Já que a participação das pessoas em reuniões é pontual, a agenda pode ser previamente elaborada e as pessoas podem se organizar para estar no escritório naqueles momentos... Isso não vale só para os terceirizados, não. Vale para os empregados da empresa também. Se eu sou mais produtiva num canto silencioso como a biblioteca, por que eu tenho que estar na minha mesa atendendo a telefone, quando eu preciso estar concentrada e produzindo? Se eu preciso de espaço para espalhar os meus livros, buscar referências, consultar diversos autores, por que que esse locus criativo não pode ser a mesa da minha casa e o meu notebook conectado a empresa? Será que não existe uma outra maneira de aferir produtividade e desempenho?

Às vezes, sinto que o meu dia se esvai respondendo a e-mails com solicitações que chegam de todos os lados... e me sentir produtiva que é bom, neca! Eu sei que isso é tudo muito muderno para uma empresa com práticas tão conservadoras, mas será que já não era hora de começar a se reinventar?