domingo, abril 26, 2009

O jogo [25]

“Ai, graças a Deus, mais um dia de trabalho está chegando ao fim... como é que eu nunca esmoreço?”, ela se pergunta. "Tanto por fazer, tantos itens para preparar, tantos detalhes, o evento está logo aí, ela tem muitos acertos a fazer ainda". Ficar até tarde na empresa já algo corriqueiro, ela nem se importa mais. O importante é o resultado, não importa o quanto se sofra durante o processo. Também, se correr tudo bem, ela sabe que a chance de uma promoção é grande... "Finalmente, uma chance de ser promovida!" Ela não pode vacilar.

De repente, toca o telefone.

- “Meninas, deixa que eu atendo, deve ser o entregador dos folders, finalmente!”, ela diz para as colegas, que como ela, estavam atoladas de afazeres até tarde da noite.

- “Alô, Tamara falando”, ela diz, “quem é?”

- “Oi, Tamara, o que é que você ainda está fazendo aí essa hora da noite?”, ele pergunta, meio canastrão.

- “Oi, quem está falando? Você me desculpa, mas eu não estou reconhecendo a sua voz”, ela responde.

- “Sou eu, Tamara, João. Já esqueceu da minha voz?”

- “João? Ah, oi, João... Quanto tempo, né, que a gente não se fala? No quê que eu posso te ajudar?”

- “Ajudar? Não, eu não quero a sua ajuda. Quero te ver. Quando podemos nos ver?”

- “Nos ver? Qualquer dia desses, João, qualquer dia desses!”

- “Quando? Amanhã? Poderíamos almoçar juntos, que tal?”

- “Amanhã? Desculpa, João, mas amanhã não vai dar. A propósito, João, você tem certeza que não está precisando da minha ajuda?”

- “Tenho, tenho. Eu só quero te ver. Quando então? Vamos marcar um almoço?”

- “Semana que vem, pode ser?”

- “Quarta-feira está bom para você? Às três e meia?”

- “Três e meia? Impossível, João. Meu horário de almoço vai no máximo até às duas da tarde”.

- “Ah, mas às duas eu não consigo chegar aí. Não pode ser mais tarde?”

- “Então não é almoço, né, João? É qualquer coisa menos almoço, né?

- “Tamara, você não sente saudades de nós dois? Por que a gente não deu certo? Você acha que a gente teria dado certo?”

- “Aaaaaahhh, João. Você acha que vale à pena a gente retomar esta história? Eu acho que não! Eu estou ocupada, João. Não estou aqui no trabalho até essa hora à toa, estou trabalhando. Vamos deixar esse papo para outro dia, vamos?”

- “Tamara, estou com saudades de você”.

- “Quanto tempo tem que não estamos mais juntos, João?! Já passou... já se vão mais de dez anos. A gente sabia que ia ser assim. Desde a última vez que conversamos na faculdade, sabíamos que ia ser assim. João, me deixa ir, eu tenho que desligar agora”.

- “Tamara, eu quero te ver”.

- “João... nesse tempo...você aprendeu alguma coisa? Parece que não. Eu aprendi. Tchau. Beijo”.







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E assim eu encerro esta história e me preparo para outra. Espero ter a companhia de vocês na próxima! Bjs, Rebecca

Um comentário:

Lady Shady disse...

Pois é!
O cara mereceu o 'toco'!
Mereceu!
Não pelo passado mas pelo presente mesmo...
Bjs!