sexta-feira, abril 17, 2009

O jogo [15]

Uma semana após aquele sorvete no Mil Frutas, ela fazia profundos esforços para não pegar no telefone e ligar pra ele e tentava estudar alguma coisa sem sucesso.

Cissa passava por ela e sempre dizia algo parecido como "eu não te disse?", o que a vinha irritando profundamente ao longo da semana. Ela não entendia porque ele não dava notícias e começou a acreditar que aquilo que viveram ia ficar só numa transa de final de noitada.

Sentia-se péssima pela falta de coragem de ligar, mas Cissa lhe dizia que ela estava correta em se preservar. Só que, no fundo, no fundo, ela não queria se preservar. O que ela queria era saber onde ele estava, o que ele estava fazendo e com quem ele estava, principalmente.

Sabia que, por estarem de férias, ela não tinha motivos para ligar para ele, se o fizesse seria apenas para saber como ele estava. Mas, havia se sentido tão infantil com aquela sua última reação, que preferiu esconder-se atrás da sua vergonha e não ligar... era melhor aguardar que ele desse notícias.

De repente, enquanto ela procurava algo descente na televisão em plena noite de sexta-feira, quando a única coisa que podia acontecer era o improvável, toca o telefone e ela reconhece a voz dele.

"Oi, tudo bem com você? Você pode conversar comigo um pouquinho?"

"Tudo bom, como você está? Como estão as suas crianças?", ela pergunta.

"Tudo bem. Eu queria te ver hoje, posso passar aí na sua casa?", ele sugere.

"Acho melhor não. A Cecília não gostou de te ver aqui da outra vez. Acho melhor eu não procurar sarna pra me coçar... porque afinal é com ela que eu moro, né?"

"Mas, eu preciso te ver. A gente mal conversou depois que eu te deixei na sua casa, você não me ligou mais - e olha que eu fiquei esperando - e acho que você quer saber mais coisas a meu respeito, né?"

"É, pode ser", ela diz, sem graça.

"E também tem um monte de coisas que eu quero saber a seu respeito e que eu ainda não sei. Vamos nos ver?", ele pede.

"Hoje não. Vamos nos ver amanhã de tarde. Passa aqui em casa, vou ficar te esperando às quatro".

"Bom... tá... eu queria te ver hoje. Mas, tudo bem, eu passo aí amanhã. Tchau. Beijo".

"Beijo, te espero".

2 comentários:

Lady Shady disse...

Não entendi, Lôca?
Porque não sair com ele na sexta à noite?
Já que a 'colegadeAPquenãotrepa' é uma mala, poderiam sair pra um bar, restaurante e tal...
Não entendi...

PS: Tudo bem que eu disse que ela não precisa broxar com ele por conta do passado cheio de 'informação' mas tb não precisa já ir perguntando das crianças na segunda frase do telefonema depois de uma semana sem se falarem, hehehehe!
Figura essa mulher!
bjs!!!

Rebecca Leão disse...

O pior é que ela realmente gosta dele. Mas, ela não sabe lidar direito com esse passado dele. Não tem maturidade. Se ela tivesse vivido isso uns 10 anos depois, a conversa seria outra.