quarta-feira, abril 08, 2009

O jogo [6]

Durante o trimestre, eles se tornam cada vez mais amigos, parceiros de todos os trabalhos. Ela chega mais cedo à escola para se encontrar com ele. Ele, por sua vez, se sente feliz em ajudá-la com os textos que ela não compreende.

Nunca mais falam em sairem juntos de novo. Ela, como tonta, espera o convite, temendo que o fato de terem se tornado amigos tenha atrapalhado alguma coisa. E se pergunta todos os dias se não deveria tomar a iniciativa. Ele, por outro lado, fica esperando que ela dê abertura novamente. Nunca mais aceitou uma só carona, nem fez nenhum movimento mais claro em sua direção.

Estão como oponentes, se estudando, pensando em quem deverá dar o primeiro passo, mover a primeira peça, desbancar a rainha. Ninguém cede. Um pensa no outro e os demais colegas desaparecem, deixam de existir, de ter importância. Chegam a esquecer que estão sendo sistematicamente notados pelos demais.

O estrangeiro ainda vira personagem coadjuvante da história, fazendo propostas sempre sem nenhum sentido. Na última, ele pergunta se ela tem um cheque. Ela responde que sim, que tem talão de cheques. Ele então pede que ela lhe empreste um cheque no valor de R$ 800,00. "Mas é o valor da minha bolsa de estudos!", ela responde. No que ele diz que precisa pagar el alquiler (o aluguel), o senhorio está cobrando e ele não tem um tostão. E ela lhe pergunta se ele não quer plantar batatas.

Diante da briga dela com o estrangeiro, ele, que os observa, ri das suas reações de menina. E fica cada vez mais fascinado por ela.

Um comentário:

Lady Shady disse...

Lindinha essa novela!
Adoro 'o estrangeiro', hahahahaha, que figura vc inventou!
Muito bom!
bjs