sábado, agosto 26, 2006

O nada

Sou aquela que não é.
Não existo.
Sou o nada,
pois nada represento.

Tenho um corpo, uma mente,
uma alma.
Meu espírito viaja por
planícies e planaltos
desse mundo terreno.
Mesmo assim,
não me veêm.

Sou aquela que não
precisa de ajuda, que
não pede um carinho,
um alento.

Sou aquela para quem
ninguém telefona para
perguntar se está tudo bem.
E quando alguém telefona,
sempre pensa que aguento
tudo. Mas, não aguento
quase nada.

Sou fraca, sou pequena,
mas me faço forte,
onipotente,
onipresente.
Sou aquela que Deus fez bambu
e sei que vou vergar a vida inteira,
sem quebrar.

O que me prende, o que me amarra,
é este conhecimento maldito
que trago comigo.
Quanto mais aprendo,
menos espaço tenho.
Queria, só por um dia,
a ignorância.

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