sexta-feira, setembro 27, 2013

Mundo louco

Tem como não se emocionar?




"A cada 3 segundos o mundo perde uma criança."

O público que assistia a um concerto de um coro infantil na Alemanha ficou estupefato, não só pelas fantásticas vozes mas pelo que aconteceu a seguir. Tudo aconteceu quando estavam cantando a música “Mad World” de Gary Jules.

Uma das crianças abandonou o coro, pouco segundos depois outra criança abandona também… A situação repetiu-se consecutivamente sem que os que iam ficando parassem de cantar. Até que só restou um menino... que revelou tudo: “A cada 3 segundos morre uma criança por causas simples de evitar”.

Na realidade esta surpresa se tratava de uma ação criativa da ONG International Children’s Fund no Dia Mundial da Criança.

A letra da música? É essa daqui...

Mad World
Tears for Fears

All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
And their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cause I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad world, mad world
Mad world, mad world

Children waiting for the day they feel good
Happy birthday, happy birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Now the teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cause I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad world, mad world
Mad world, mad world

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cause I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad world, mad world
Halogean world
Mad world, mad world

Se você não entende, segue a  tradução...

Mundo Louco

Tudo ao meu redor são rostos familiares
Lugares desgastados, faces desgastadas
Claro e cedo para suas corridas diárias
Indo a lugar nenhum, indo a lugar nenhum
Suas lágrimas estão enchendo seus copos
Sem expressão, sem expressão
Escondo minha cabeça, eu quero afogar meu sofrimento
Sem amanhã, sem amanhã

E acho isso meio divertido
Eu acho isso meio triste
Os sonhos nos quais estou morrendo
São os melhores que já tive
Eu acho difícil de te contar
Porque acho difícil para aceitar
Quando pessoas correm em círculos
Este é mundo muito, muito
Mundo louco, mundo louco
Mundo louco, mundo louco

Crianças esperam pelo dia que se sintam bem
Feliz aniversário, feliz aniversário
Feito para se sentir como toda criança deveria
Sentar e escutar, sentar e escutar
Fui para a escola e eu estava muito nervoso
Ninguém me conhecia, ninguém me conhecia
Olá, professor, me diga qual é minha lição
Olhe bem pra mim, olhe bem pra mim

E acho isso meio divertido
Eu acho isso meio triste
Os sonhos nos quais estou morrendo
São os melhores que já tive
Eu acho difícil de te contar
Porque acho difícil para aceitar
Quando pessoas correm em círculos
Este é mundo muito, muito
Mundo louco, mundo louco
Mundo louco, mundo louco

E acho isso meio divertido
Eu acho isso meio triste
Os sonhos nos quais estou morrendo
São os melhores que já tive
Eu acho difícil de te contar
Porque acho difícil para aceitar
Quando pessoas correm em círculos
Este é mundo muito, muito
Mundo louco, mundo louco
Um mundo jovem e explícito
Mundo louco, mundo louco
 
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O que andamos fazendo com nossas vidas, nosso mundo, nossas crianças? 
 
Você pode doar? Então vá lá!
http://www.internationalchildrensfund.com
 
 

quinta-feira, setembro 26, 2013

Timidez
















De tímida não tenho nada,
Mas não tento mais dividir minha solidão com qualquer um...

terça-feira, setembro 24, 2013

Gênios Indomáveis e solitários




Tenho pensado muito no filme Gênio Indomável esses dias por conta de algo que ocorreu no escritório. De novo, a cabeça fica rondando em torno do tema “Conhecimento tácito versus Conhecimento Explícito”.

Ocorre que há um tempo, um gerente me solicitou que indicasse um bom curso sobre Gestão do Conhecimento  no qual ele pudesse inscrever um dos membros de sua equipe, com menos de um ano de casa, de modo a acelerar o seu desenvolvimento. Eu, que já estava pensando em fazer o mesmo com os membros da minha equipe, sugeri que ele o inscrevesse num preparatório para a certificação MAKE (Most Admired Knowledge Enterprises, que ocorreria em SP, em pouco tempo).


Pelo que estava previsto na ementa do curso, este seria bastante completo e contaria com uma equipe fantástica de instrutores em sala de aula, profissionais vindos de fora, com bastante experiência no assunto.

Além do mais, para fazer o curso presencial, era preciso cursar um módulo introdutório pela internet, o que aumentaria ainda mais o nível de percepção e conhecimento destes empregados.


O profissional que este gerente resolveu inscrever no curso é um administrador a quem eu venho observando há um tempo, por considerá-lo um tipo bastante específico dentro do que chamamos “Geração Y”. Ele precisa de tudo mastigado em suas mãos, tem uma dificuldade muito grande de mergulhar em um assunto e debulhá-lo até extrair informação relevante para a sua vida e, consequentemente, para o seu trabalho. Diante das observações recentes que tenho feito a seu respeito, pude concluir que ele nada extraiu do material que eu passei para que ele lesse. Não uma ou duas páginas que eu julgasse relevantes, mas todas as páginas. 


No curso que estamos fazendo juntos, ele vem, seguidamente, reclamando com as professoras/instrutoras que elas não apontam a quais paginas do livro os assuntos mencionados nos slides estão se referindo. Olha, não faz tanto tempo assim que eu deixei a faculdade, mas, pelo que eu me lembro, os professores não se davam a esse trabalho. O que me leva a questionar: será que ele acha mesmo que as instrutoras têm que relacionar as páginas para facilitar a vida dele?


Pois voltando ao curso que ele fez em SP, junto com um rapaz da minha equipe. Perguntados, ao final do curso, qual era a sua avaliação, ele, a despeito de haver três PhDs na sala, e dois doutores, disse que preferia ter se restringido ao curso online apenas, onde ele podia retomar quantas vezes quisesse os assuntos que não tinha compreendido bem. Desprezou ali a importância de se construir um networking, de estar com pessoas experientes, que dominam o assunto, que entendem do que estão falando profundamente, e ainda, de tirar suas dúvidas pessoalmente, no face-a-face, muito mais interessante do que o ensino à distância.


Será que eles preferem mesmo o isolamento e a descoberta por si só?... Não é a toa que esta questão me remeteu a esta cena do filme “Gênio Indomável”, no qual o professor aponta para o aluno que o quê ajuda a construir conhecimento não são meramente os livros. São os sentimentos, as emoções, as vivências, a interação com outras pessoas, o degustar dos sabores, os cheiros... a integração com a natureza, a observação do entorno...



Tenho muito medo desta geração e me preocupo seriamente com o que estamos fazendo para dar conta destes desvios, criados e consolidados em função das tecnologias e da profunda falta de convivência social. Que será de nossas empresas no futuro? E se elas sobreviverem sem eles, o que será destes meninos, pequenos gênios solitários?

segunda-feira, setembro 23, 2013

Utilidade e reinvenção


 

Em 2011, vivi uma crise. Negando-me a integrar uma nova equipe, fui posta de lado. Na minha empresa, isso é comum. Chama-se "geladeira". Vivi uma crise de utilidade. De repente, não tinha mais nenhuma, para nada mais servia. Uma cabeça pensante, pulsante, intensa, louca para trabalhar, produzir, não era mais envolvida em nenhum projeto. De um ano para o outro, deixei de conduzir um monte de iniciativas para não ter o que fazer.

Foi duríssimo.

A medida que eu ia perdendo essa utilidade, deixando de ter serventia, mudavam as pessoas com relação a mim. Paravam de enxergar, como num transe coletivo, que um dia eu tinha feito muito, que eu era uma máquina, e eu fui ficando invisível. Os meus pares não mais entravam no elevador comigo, com medo de que daquela "doença da inutilidade" os contaminassem. Paravam de me consultar, de querer ouvir minha opinião. Um ou outro se mantiveram fiéis a mim, não sei bem porquê.



Manter-se em queda livre de cabeça erguida só é possível quando se sabe que, no fundo do poço, há uma cama de molas para te impulsionar para cima com a mesma intensidade. Mas, tem-se que preparar os joelhos enquanto se cai. E o pescoço.



Dois anos passados desde aquela época, estou de volta a ativa, de volta ao meu momento útil. O tempo nos ensina muito, assim como os grandes escritores e os livros que caem nas nossas mãos. Lendo o "Variações sobre o prazer", do querido professor Rubem Alves, já mencionado aqui neste blog em alguns momentos, descobri que Santo Agostinho já se preocupava com o antagonismo entre a Utilidade e a Fruição. Diz Alves que...

"... quando uma coisa é utilizada para obter outra, diz-se que ela é útil.  Na Feira de Utilidades, não há lugar para coisas inúteis. Tudo nela se justifica pela utilidade. Sem ser capaz de realizar uma obra para o qual foi criado, o objeto não mais se justifica. É jogado fora: uma lâmpada queimada, uma caneta esferográfica usada, um pneu que se gastou não merecem ser guardados. O mesmo se aplica às pessoas. As pessoas que perderam sua utilidade não mais se justificam numa sociedade utilitária. Ficaram obsoletas. Deixaram de poder ser utilizadas como ferramentas. Essa é a razão da crise de identidade das pessoas em nossa sociedade: ou elas perderam a utilidade ou provavelmente perderão a utilidade. (pag. 102)"

Como eu sei bem a dor de ser taxada de inútil, tenho certa compaixão por aqueles que agora se encontram na mesma situação. Trato-os com um certo carinho, mais ainda do que eu tinha antes, quando os tempos eram outros, por saber que eles terão um triste destino, os mais velhos, serão forçados a sair, se aposentar, buscar outros caminhos, como se todo o conhecimento que eles acumularam ao longo da vida não tivessem mais valor. É como se as empresas só quisessem agora contar com os meninos de fralda, recém saídos das escolas de MBA e Engenharia! É como se a experiência não contasse mais...



E como não existe acaso neste mundo, estou lendo no livro de Thomas Davenport sobre Judgment, "As melhores decisões são as mais difíceis", o caso sobre a escassez de talentos enfrentada pela McKinsey, uma das grandes empresas de consultoria do mundo, e eles abordam a dificuldade em conciliar a formação com a experiência necessária a uma boa atuação neste segmento, o da consultoria.



Enfim, o alerta que me fica é que temos que nos reinventar constantemente. Sempre. Porque de um dia pro outro, aquilo em que acreditávamos como a maior das verdades, deixa de ser importante. E só nos sobra frustração. Então, já que somos tratados como coisas, temos que pensar como a curva S dos produtos, como se rapidamente inovações surgissem e nos levassem a substituição, o que nos pressupõe atenção para os grandes saltos disruptivos.



E você, o que anda fazendo para se reinventar? Só para você se lembrar do que tem aí dentro, veja isso!



Sociedade dos Poetas Mortos, 1989

domingo, setembro 22, 2013

Pepeu, Moraes e Roberta no Rock in Rio 2013

Se teve uma coisa incrível no Rock in Rio 2013, foi o show meio "Novos Baianos" do Pepeu Gomes, Moraes Moreira, com a participação incrível do David Moraes e da Roberta Sá.



Ela vestia um maiô com o rosto da Baby Consuelo estampado, o que reforçava a homenagem. E para coroar a apresentação, o que fizeram foi uma releitura do "Acabou chorare", disco lindíssimo que está completando 40 anos.

Eu vi de casa, porque não me vejo no meio daquela gente toda, mas curti horrores! Valeu!

Quer ver um trechinho, clica aqui.


A Primavera chegou!


O Rio de Janeiro anda mais bonito com a campanha lixo zero. Eu, que tenho andado muito por conta de meu novo endereço comercial, tenho apreciado demais as belezas da cidade, as naturais e as arquitetônicas. Tão bonito ver as árvores florescendo! Tão bonito ver a nossa Catedral Metropolitana mudando de cor, indo do roxo, ao amarelo, passando pelo vermelho (e um verde maravilhoso)!




Só não enlouquece e se enamora por esta cidade linda, quem não tem os olhos abertos para a poesia. Essa cidade é poesia na forma urbana, no aglomerado de gente, na música, no suor, no dia e na noite quentes!

Vem pro Rio! Vem aproveitar a Primavera!



sábado, setembro 21, 2013

Bolinho!




Setembro é um mês de aniversários! Da minha irmã e do meu cunhado! Vem outubro aí e mais gente comemora virada de ano: mammy, minha tia (elas são gêmeas), meu primo, meu tio (o pai dele), meu marido, a avó dele... enfim... será que meu bolso sobrevive?

Acho que a solução é a gente ir comprando os presentes à medida que os encontra, procurando com calma, com a listinha na mão. Caso contrário, o risco de comprar o mais caro é grande!

Ai, ai...


 


sexta-feira, setembro 20, 2013

Dicas para levar uma vida bacana!!!!

Eu tenho tentado seguir algumas delas à risca, principalmente a que diz "gaste menos do que você ganha"...





E você, o que te preocupa agora? O que anda no teu radar?  ;-)



quinta-feira, setembro 19, 2013

Japonês no Rio

Neste dia aí da foto, nós nos acabamos no rodízio.

Está cada vez mais difícil desfrutar de um bom restaurante japonês aqui no Rio de Janeiro. Os preços estão nas alturas, e as porções, cada vez menores. Eu e meu marido frequentávamos o Manekineko ao menos uma vez por semana, somos sócios do clube, mas acabou ficando inviável. Para piorar, o serviço não anda lá grandes coisas, eles que me perdoem, mas é fato. Casa cheia, muitos garçons, e serviço confuso.

Pois, nas nossas andanças por aí, descobrimos dois muito bons, do tipo nos quais a gente tem escolha: ou vai no rodízio do balcão, pagando um preço fixo, ou encara o cardápio nas mesas, o que te permite conversar de forma mais reservada, se você for do tipo que fala berrando no restaurante.

Então, lá vai as nossas dicas:

1) Geisha Hi-Tech, no restaurante Casa Gourmet, em Botafogo. É esse aí da foto. Quer saber mais? Clica aqui.

2) Kaiten Sushi Bar, na Rua do Ouvidor, 77 A, subsolo. Onde era a loja da União, a famosa papelaria que vendia os fichários de capa preta. Mais informações aqui.

Como esse blog é livre de propaganda, eu estou fazendo a propaganda porque eu gosto dos restaurantes, do atendimento e da comida. Encarem como dicas, ok?

Inté!



Um outro jeito de continuar a ver o copo meio cheio...




Ele me pediu que continuasse sendo otimista, que evitasse o drama, que batalhasse para divulgar bons resultados do meu trabalho. Ele me pediu, eu atendi. Estou aqui, me esforçando para ver cada dia como uma oportunidade de acertar.

Ao invés de pensar que estou presa num "Dia da Marmota" como o personagem Phil Connors, interpretado pelo Bill Murray, no filme "Feitiço do Tempo".



quarta-feira, setembro 18, 2013

André Dahmer

Se tem um cara que eu admiro é o André. Ele desenha muito e, com seu senso de humor extremamente crítico, faz tirinhas incríveis que eu acompanho há tempos no jornal O GLOBO, diariamente, e agora, felizmente, pela internet.

André nasceu virginiano em 1974,  mais um cara bacana da minha geração, e escreve a tirinha dos Malvados, que meu marido também adora. Elas normalmente não seguem uma ordem cronológica, e têm como personagens dois seres indefinidos, que são costumeiramente comparados a girassóis tirando daí o apelido que têm, "As flores do Mal". Terêncio Horto e o Bom Emir são sensacionalmente ruins.

Esse aí é o Terêncio...


O de baixo, o Bom Emir...


Se você não conhece o trabalho do André, está na hora. Seguir seu site é algo que vai te divertir e te encantar muito. Porque a vida não é só televisão...

Se você quer conhecer o trabalho do André Dahmer, clica aqui...


terça-feira, setembro 17, 2013

Ipês

A primavera é a estação das flores... e dos ipês floridos pela cidade. Olha só que exemplar lindo eu encontrei perto da minha casa...


Acho que é isso que nos encanta nesta vida: a oportunidade que temos todos os dias de nos renovarmos, não é?





Piruá

Tenho pra mim que a Martha Medeiros é uma sábia mulher, assim como a Lya Luft. Elas conseguem filosofar sobre coisas simples e cotidianas. Esses dias, li um trecho de um livro dela (tenho vários) que dizia...


"Pesquisando sobre o tema, descobri que o milho que não estoura se chama piruá. Sabe aquele milho que sobra na panela e se recusa a virar um floquinho branco, macio e alegre? Piruá. E aí tenho que concordar com o escritor Rubem Alves, que já escreveu sobre o assunto: tem muita gente piruá neste planeta. Gente que não reage ao calor, que não desabrocha. Fica ali, duro, triste e inútil pro resto da vida. Não cumpre sua sina de revelar-se, de transformar-se em algo melhor. Não vira pipoca, mantém-se piruá. E um piruá emburrado, que reclama que nada lhe acontece de bom. Pois é. Perdeu a chance de entregar-se ao fogo, tentou se preservar, danou-se."


Pois é, depois de velha, esse se tornou meu maior medo. Não estourar, virar piruá. Quero muito do mundo, da vida, quero realizações, como se eu tivesse que realizar algo todos os dias para ser feliz! Por isso, anoto tudo que eu faço, como num diário. E como se eu pudesse quantificar e qualificar minhas realizações, vou levando a vida. Certa ou errada, esse é meu jeitim de viver...



Só sei que essa gana de viver e de realizar me impulsiona a viver e a caminhar, mesmo naqueles dias piores, onde a gente não tem força nem para levantar da cama. E assim a gente vai vivendo, fazendo bonito...

A única coisa que falta é o RISCO. Tenho que me conscientizar que viver é correr riscos, e botar mais adrenalina na história... mas, isso é assunto pra outro post.

domingo, setembro 15, 2013

Deus da Carnificina

Depois de anos querendo ver a peça de teatro, eu e meu marido resolvemos ver o filme, que passou no cinema há bem pouco tempo, mas que não havíamos conseguido ver. Uma tosse seca e insistente está me tornando companhia desagradável para quem está comigo no cinema, então, como ninguém merece isso, resolvi ficar em casa mesmo.


O filme é de 2011, do Roman Polanski, diretor que sempre arrebenta, baseado na peça homônima da escritora francesa Yasmina Reza. A história passa-se em um apartamento em Nova York, o que torna o filme extremamente barato. Mas, não são os efeitos pirotécnicos que tornam um filme interessante, não é?

Pois bem, o casal Nancy e Alan Cowan (Kate Winslet e Christoph Waltz) vai até a casa de Penelope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly). O motivo do encontro: o filho do primeiro casal agrediu o filho do segundo. Eles tentam resolver o assunto dentro das normas da educação e civilidade, mas, aos poucos, cada um perde o controle diante da situação.

O quarteto é composto de personalidades muito diferentes: Kate Winslet interpreta Nancy Cowan, mulher acostumada à elegância e à cordialidade, tendo sempre que se desculpar pelo comportamento inadequado de seu cínico marido, Alan Cowan, interpretado por Christopher Waltz. O outro casal é composto por Michael Longstreet (John C. Reilly), um homem acostumado à imagem de bondoso, mas que esconde um temperamento mais forte do que se esperava, e Penélope Longstreet (Jodie Foster), uma mulher guiada por rígidos princípios morais. Então a luta psicológica começa...

O que se revela neste filme é uma profunda hipocrisia de quem diz lutar pelos direitos humanos, uma tentativa dos envolvidos de se manterem civilizados, envolvidos que estão no conceito chato do politicamente correto, que muitas vezes, impedem as pessoas de se mostrarem como realmente são ou pensam. Alguns tipos são bem marcados: o marido Alan Cowan, pai do menino que revida uma agressão verbal com uma porrada de um pedaço de bambu que arrebenta a boca do primeiro e o faz perder dois dentes, atua como se não estivesse nem aí para nada além de seu próprio trabalho e por isso, não larga o celular; sua mulher, Nancy, quer fazer o tipo de elegante e sensata, mas acaba vomitando de nervoso sobre toda a coleção de livros de arte da anfitriã, e enche a cara de uísque depois disso; a anfitriã, Penélope, que diz defender os fracos e oprimidos da África, mas é incapaz de se colocar no lugar de qualquer pessoa, e, principalmente, de seu marido bundão.

Enfim, a gente vê muita gente assim por aí, aliás, parece que o mundo está cheio de gente tentando ser o que não é, deixando de lado a espontaneidade, a veracidade de seus atos. E o nome do filme, Deus da Carnificina, tenta nos aproximar do nosso lado animal, grotesco, aquele que reage violentamente quando somos atacados, e que só se mantém sob controle porque estamos sempre submetidos à rigorosas leis morais, éticas, e até religiosas, que nos guiam e nos impedem de explodir diante dos outros.

Se bem que o que se vê pelas ruas não é bem isso... A gente vê as pessoas cada vez mais interessadas em cuidar do seu, em garantir o seu pedaço do bolo, em desfrutar antes dos outros do que a vida lhes reserva, tornando tudo mais complicado e difícil...

Fico me perguntando, muitas vezes, de onde vem esse nível de estresse a que estamos constantemente submetidos e chego a conclusão de que há 10, 15 anos, as coisas eram bem mais tranquilas, a sociedade em geral estava bem menos estressada... Enfim, ninguém faz nada mesmo para mudar este estado das coisas...

O final do filme, ah, esse merece ver para saber. Você vai gostar! Quer saber mais, clica aqui.