domingo, janeiro 30, 2011

PAZ

Arte de rua de Bansky


Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)
O Rappa
Composição: Marcelo Yuka

A minha alma tá armada e apontada
Para cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo!
(Medo! Medo! Medo! Medo!)

As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:

"Qual a paz que eu não quero conservar,
Prá tentar ser feliz?"

As grades do condomínio
São prá trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão

Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo!
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo, domingo!

Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido...
É pela paz que eu não quero seguir admitindo

É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir admitindo




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Veja o vídeo aqui.

sábado, janeiro 29, 2011

Para ver estrelas


As estrelas não foram feitas para serem tocadas. Se alguém lhe oferecer uma, desconfie, jogue-a fora com força, para bem longe, para que ela reencontre seu lugar no ventre do céu. Não se ganha nada de graça, ao menos nada que seja ao mesmo tempo puro e brilhante...

Martin Page

A gente se acostuma com o fim do mundo
2007

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Paz no Egito!


السلام في مصر

Salvador Dalí

Das coisas que eu vi em Paris, o museu de Salvador Dalí em Montmartre foi uma experiência sem igual...

Aprecie!






Ele é fundamental em qualquer visita à Paris. É um cara realmente genial! O que ele fez em vida foi um legado para a Humanidade...

terça-feira, janeiro 25, 2011

Vale tudo?




Está bombando no Canal Viva...
Vale Tudo!
Uma novela com uma abertura dessas, com essa música, com Lídia Brondi em sua última novela, Beatriz Segal como Odette Roitman e a Renata Sorrah como Heleninha é definitivamente imperdível!

Muito prazer



Essa é a Alice Muniz, está tocando no rádio!

Tofu Studio


Chapéu Ingrid

Carteira Paige



Chapéu Catherine


Meninas, vejam que lindos esses produtos! Meninos, vejam que idéias originais para presentes! São da Tofu Studio, que você pode conhecer AQUI. Nossa, tem cada coisa bacana na internet!

domingo, janeiro 23, 2011

Minha trilha sonora de hoje




Neneh Cherry & Youssou N'Dour - "7 Seconds"

Mais da Martha

A DOR QUE DÓI MAIS
Martha Medeiros

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

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Cara, ela disse tudo com esse texto.

sábado, janeiro 22, 2011

Sobre Rebecca Leão...


Há algum tempo atrás, movida pelo desejo de expressar meus sentimentos em algum tipo de arte, resolvi criar esse blog. Eu e uma amiga trabalhávamos juntas e, nas horas vagas, começamos a escrever estórias a quatro mãos. A brincadeira era que uma escrevia um pedaço do texto e a outra continuava.

Como várias pessoas no trabalho queriam acompanhar a estória, mas nós não tínhamos intenção alguma de sermos descobertas, criei o blog, sob o pseudônimo de Rebecca Leão. Acredito que vários de vocês já tenham se dado em conta de que Rebecca é um personagem, que reflete um lado meu livre-leve-solto, às vezes não tão livre, não tão leve, nem tão solto. Rebecca é uma homenagem a minha mãe, já que a vejo ruiva de cabelos cacheados, como a filha que a minha mãe gostaria de ter tido... (não que ela não goste e não admire as duas que ela tem). Os dois "c"s do nome de Rebecca tem um quê judeu, porque todos os meus amigos judeus acham que eu pareço uma "brima" distante (vai ver eu sou uma, e nem me dei conta... eu tenho é cara de árabe, por isso pareço "brima"). O Leão é o sobrenome do meu avô.

Acho que Rebecca Leão combina muito. É um nome forte, como eu. Sempre me senti forte, não vou mudar. Sou assim mesmo. Forte e de muita opinião (mesmo que para isso eu desagrade muita gente).

Escrever o blog tem sido uma grande diversão. Já passei por muitas fases aqui, as que eu soltei o verbo, e me abri, e me expus pra valer, e as nas quais me mantive mais contida, por que a vida é isso mesmo, cheia de transformações e reviravoltas. Quando a coisa ficou muito hard-core, resolvi escrever um diário, no qual registro as coisas mais íntimas, que me ajuda a apenas não perder o hábito de escrever sobre os meus sentimentos. Não dava mais para continuar criando personagens para falar de coisas pessoais, até porque, mesmo quando era tudo ficção, ninguém acreditava mesmo que eu não tivesse vivido aquilo.

Como no caso da novelinha "O Jogo", que eu escrevi em capítulos (25, acho, já nem me lembro mais). Só para se ter uma idéia dos desdobramentos da estória, ele ligou para ela com a seguinte fala: "Você viu que o Soundgarden vai voltar a tocar? Lembra como gostávamos de ouvir Soundgarden no carro?"

Como diria a Nair Belo, "Papagaio, já faz tanto tempo"... E a estória não foi adiante... não merecia recomeço, nem outro final...

Eu me coloco no mundo virtual como Rebecca, mas não se sintam traídos, sou eu quem estou lá o tempo todo, lendo vocês, me emocionando com as coisas que vocês postam, comentando seus posts, e me fazendo presente. Sempre leio vocês, tenham certeza disso. Aguardo os comentários de vocês, mas como leitora silenciosa que sou, entendo quando recebo visitas que não deixam sinais, seja por preguiça, seja por falta de tempo, seja por não ter o que me dizer, além de um silêncio que já diz tudo. Agradeço o carinho de todos, na forma de visitas, mais de 1000 por semana.

Vou continuar postando e exercitando esse meu alterego com a dedicação de sempre. Os mais atentos, vão me encontrar no Facebook com a identidade verdadeira... aqueles que não se importarem com isso, vão continuar curtindo a Rebecca e suas loucas idéias.

Sejam bem vindos!

R.

Fora de Mim

Não precisa comprar manual para entender a alma feminina, nada! Bobagem! "Fora de mim", último livro publicado pela Martha Medeiros dá o tom exato de como pensamos, como sentimos, o que nos faz felizes ou as pessoas mais tristes do mundo. Vale à pena, para quem ainda tenta entender o lado fêmea da Humanidade.

Comprei o livro no final do ano passado praticamente por acaso, por impulso, como faço muitas vezes. Era da Martha, e isso era passaporte para boa leitura. Não li crítica, nem resenha, apenas passei a mão no exemplar, na Livraria Saraiva, e levei para casa. Um dia chegaria a sua hora.

E a hora chegou. Hora de ficar quietinha, hora de desligar do trabalho, hora de me concentrar em mim, e no meu corpo, e observar as mudanças. Hora de deixar a cabeça tranquila para que o acaso faça a sua parte.

Olhei na minha estante o monte de livros que ainda me aguardam, e aqueles que estão pela metade, e decidi começar por esse, "Fora de mim", já que amanhã tem entrevista da Martha para a Marília Gabriela, e eu queria saber do que as duas falariam.

Confesso que, com o pouco que eu li (a metade, por assim dizer), me identifiquei com quase tudo que está escrito ali. QUASE TUDO! Parece que ela leu a minha cabeça. Posso arriscar dizer que muitas mulheres vão se sentir da mesma maneira, invadidas, desnudas, traduzidas.

Separei aqui alguns trechos interessantes...

"Dizem que as pessoas verdadeiramente ricas são aquelas que nada desejam..."

"Você não me enganou, eu é que adorei enganar a mim mesma..."

"(...) ainda não inventaram um recurso tecnológico para avisar que um homem vai entrar na sua vida e fazer o chão tremer. Você foi um abalo sísmico totalmente inesperado, e antes que eu pudesse me defender, deu-se o início da minha devastação".

"É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantem todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo - tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes. É uma morte experimental: um ensaio para você saber o que significa a morte ainda estando vivo, já que quando morrermos de fato, não saberemos".

"Um fracasso novo é o mínimo que se espera de qualquer relação".

A leitura é fácil, como qualquer texto da Martha. Comove, emociona, leva a gente a reviver situações que pareciam tão nossas, mas que, pelo visto, são compartilhadas por todas as mulheres contemporâneas. Não, deixa eu corrigir, as mulheres da nossa geração... porque eu não sei dizer se as mais novas têm mais ou menos "grilos" na cabeça do que nós...

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"Fora de Mim". Martha Medeiros. Editora Objetiva, 2010.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Para mudar o mundo, mude você primeiro


"Você tem recebido notícias de si mesma?" - Martha Medeiros

Uma idéia na cabeça e muita força de vontade. Foi assim que eu me senti quando voltei da Europa. Não aceitei ouvir opiniões negativas, do tipo "sinto muito, mas não vai dar" e corri atrás do meu sonho. Ele estava lá guardado, e enquanto eu não fazia nada para colocá-lo em prática, sofria à beça, como uma condenada numa cadeia de segurança máxima, daquelas que fazem você perder a fé na vida...

Para colocar a minha idéia em prática, eu comecei a pensar no que precisava mudar... Queria que as pessoas à minha volta se transformassem também, como o maridão, mas não conseguia fazê-lo ver que aquele caminho que estávamos trilhando não nos levaria à nada. O tempo foi passando, e eu comecei a me mexer. Comecei a fazer uma revolução pessoal, ao me dar em conta que eu precisava cuidar de mim, porque ninguém ia fazer isso por mim, no meu lugar.

E ao começar a me cuidar, sem o suporte dos livros de auto-ajuda, nem nenhuma mudança brusca na linha de investigação da minha terapia, percebi o quanto era bom tirar um período do meu dia para olhar pra mim: pro corpo e pro espírito. Mens sana in corpore sano. Enchi a agenda de compromissos comigo mesma. Foi doloroso, me deixou exausta, mas eu quis tudo isso pra mim.

Como alguém que gerencia um projeto pra uma empresa, eu resolvi gerenciar o projeto da minha vida, a fazer as tarefas que eu precisava fazer para que o projeto desse certo. Foi só isso, eu listei as tarefas e com um pouco de disciplina e seguindo o cronograma, fui fazendo o que era necessário para seguir a minha vontade, para me realizar como pessoa e como mulher.

O grande barato desse processo foi ver que à medida que eu mudava, as pessoas mudavam comigo. No início, algumas não me reconheceram, porque a minha escala de prioridades passou a ser outra. Comer bem, praticar exercícios físicos, estar com os amigos, fazer massagens relaxantes, yoga, meditação, isso tudo era muito mais importante do que aquela teleconferência da hora do almoço que não levava a nada e que me fazia sentir uma escrava do trabalho.

Ah, o trabalho, esse componente maravilhoso e estressante. Rasguei o currículo, mudei tudo, abri mão de tudo que eu tinha construído. E, por incrível que pareça, estou me sentindo tão livre, tão disponível para fazer o que eu quiser... Por mais louca que as pessoas tenham me visto, hoje eu sinto que as rugas de tensão se foram, que nada me abala, e que nada melhor do que duas ou três respirações profundas para dar conta de qualquer ataque de esteria que tenham na minha frente. Por trabalho, eu não perco mais a minha razão... Como eu demorei pra aprender isso...!

Meu maridão é hoje meu melhor amigo, meu parceiro, ele entendeu, acordou, está tão bem. Estamos tão bem... Nem pareço aquela pessoa que procurou terapia há dois anos para me preparar para uma vida nova, de mulher sozinha... ficar junto não era mesmo a minha idéia. Hoje, tudo que eu posso fazer é agradecer a Deus por ter me dado mais essa chance.

Agora, é deixar tudo nas mãos do acaso, do destino, e torcer para que os Anjos dêem uma forcinha e me tragam boas novas daqui à dez dias...

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Lição

“You must give up the life you planned
in order to have the life that is waiting for you.”


Joseph Campbell

domingo, janeiro 09, 2011

Olhos nos olhos

Muito bacana o relançamento dos principais LPs do Chico Buarque em CDs remarterizados. A coleção Chico Buarque, da Abril Editora, traz pérolas da discografia do cantor a preços baixíssimos. Comprei "Meus Caros Amigos" e "Chico Buarque, 1978" na Livraria Saraiva, por R$14,90 e R$7,90, respectivamente. E nesta edição, há um encarte generoso com a explicação do contexto histórico do LP ao ser lançado no Brasil.

Agora, por exemplo, estou escutando "Olhos nos olhos"... linda, maravilhosa. Como ele entende (ou entendia) a alma feminina...

Olhos nos Olhos
Chico Buarque

Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.




A Diva está no Rio...


... e está se esbaldando! Eu não vou mostrar a foto dela com os seios à mostra, mas qualquer busca na internet mostra que ela não está nem aí pra Hora do Brasil!


Valores

Amor com amor se paga.
Quem ama, não mata.

sábado, janeiro 08, 2011

Crenças

Não devemos fazer aos outros o que não queremos que façam conosco.

Só fazem conosco aquilo que permitimos que façam.

Certo egoísmo é fundamental ao nosso espírito de auto-preservação: primeiro eu, segundo eu, terceiro eu, quarto eu, e em quinto, os outros, quem sabe! *

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* Créditos ao meu amigo querido Paulo Guerra.

terça-feira, janeiro 04, 2011

Xô!

Esse 2010 foi um ano cretino, que cisma em me perseguir. Vivi um monte de coisas boas, mas o inferno-astral invertido (depois do aniversário) insiste em me mostrar que tenho muito ainda a aprender.

Que 2011 venha, que 2010 vá pros quintos dos infernos!

O tempo não pára...


... e daqui a pouco vou ser 'tia-avó'!

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Insônia

É alta a madrugada. A culpa
joga dama comigo
no entressono. Cismo
que ela me engana
mas não bispo o seu logro.
Ganho? Perco? Blefo?
Afinal, qual de nós rouba no jogo?

__________________________
GULLAR, Ferreira. Em alguma parte alguma, José Olympio Ed., 2010.

Saquarema

Saquarema é de novo lembrada. Está na novela. As imagens de Saquarema que me entram pela casa através da novela, são o maior barato, me remetem à bagunça da infância. Eu passei as férias em Saquarema. A última vez foi com 23 anos, e já faz algum tempo. Que saudades de Saquarema...

Quando íamos pra lá, o grande barato era ir à praia, não saíamos da praia. Chagávamos bem cedo e quando dava fome, comprávamos risole de camarão ou cochinha de galinha, uma delícia! Mamãe, tia Lola ou quem estivesse conosco, tinha que ter um troco para comprar o salgado, mas se não tivesse, comprava fiado, porque o seu Astrogildo sabia onde ficava a nossa casa e passava à tarde para apanhar o dinheiro. Aliás, casa de praia em cidade pequena é bom porque à tarde, sempre vem alguém vendendo alguma coisa de bicicleta, um sorvete, um doce... Tudo que ofereciam a gente queria e, nas férias, mamãe deixava a gente se fartar de gulodice. Sempre íamos todos juntos comprar bala 7Belo, ou Samba, no bar do seu Manoelzinho. Eu tomava conta dos pequenos, que fingiam que me obedeciam para fazer sempre o que queriam com as moedas que os pais davam. Eu e essa mania de ser controladora desde criança...

Mas, até hoje quando quero me sentir em Saquarema, passo na banca de jornal em frente ao meu trabalho e compro um punhado de 7Belo e bala Juquinha, sem esquecer de distribuir para as “crianças” que trabalham comigo...

Saquarema era sinônimo de banho de mar e de banho de mangueira... A gente não tinha piscina na casa, nem de plástico... então, pra tirar o sal do corpo sem ter que trocar o biquini ou a sunga, a gente tomava banho de mangueira, pra curtir a praia depois, quando o sol já estivesse mais baixo. E o sol demorava a abaixar... enquanto isso, era aquela correria de criança descalça pela casa, os pais tentando tirar uma soneca na rede na varanda igualmente quente por estar inundada com os raios do "sol da tarde", e o jardim pequeno pra tanta bagunça...


Quando penso em Saquarema, tenho a certeza de que a felicidade está nas coisas simples...

domingo, janeiro 02, 2011

Album de família...

De tempos em tempos, eu sento à mesa com um saquinho de um quilo de feijão e cato montinho por montinho. Não tenho quem faça pra mim, e mesmo que tivesse, não terceirizaria. Essa é uma atividade que me faz muito bem, e eu faço devagarzinho, calmamente. Lembro-me de minha bisavó, sentada à mesa da cozinha na Rua das Palmeiras, catando feijão, com uma perna cruzada em baixo do corpo para que ficasse um pouco mais alta, a pequenina. Ela fazia aquilo como que se para estender o tempo, já que àquela altura da vida, com pouco mais de 90 anos, tinha o tempo que quisesse ter. Catar feijão hoje é como estar conversando com a vó Santinha, que faleceu quando eu ainda era garota, mas que me deu muito do seu tempo livre em papos e estórias da sua infância, tão diferente da minha.

E assim venho fazendo ao longo da vida, repetindo gestos de meus queridos só para estar um pouco mais perto deles. Quando dou uma gargalhada, lembro da minha avó Maria, que gostava de rir de tudo, era uma pessoa simples, e como eu, mostrava logo na sua expressão quando não estava gostando de alguma coisa. Ah, como a gente gostava de jogar buraco. Eu ficava horas olhando o jogo, e eu para pegar a de fora, porque as avós Maria, Irma, Yolanda, Eudete e Lourdes não paravam o carteado para me dar uma deixa. Eram as noites em Saquarema. Ainda hoje, ao jogar buraco, é impossível não lembrar de todas elas.

E também faço barquinhos de pão francês e molho no café com leite, como fazia meu avô Alcir, e me lembro dele todas as vezes. E quando faço o meu arroz soltinho, lembro da primeira vez já casada em que quis fazer um arroz, e liguei pra minha avó Irma pra pedir a receita... e ela me perguntou: mas você não sabe fazer um arroz??? Eu quase desesperada porque não sabia fazer nada, e ela ralhando comigo... Eu consegui, custou um pouco, mas hoje meu arroz é uma delícia...

Eu lembro deles em cada gesto, em cada ato, e me confortam essas memórias. Eu gosto de tê-las... ah, como gosto! Sem nostalgia...