sexta-feira, novembro 23, 2007

Tsunami

As coisas estavam mudadas. Era como se a Terra tivesse levado dois anos para dar a volta ao redor do Sol. O tempo estava meio congelado, lento, devagar.

Durante esse período, ela sofrera com as mudanças inconstantes das marés, alterando sua regulação hormonal. Esteve duas vezes muito próxima do outro lado: como o bêbado que entrega a sua vida ao desequilíbrio no parapeito do terraço no alto do edifício, ela entregara a sua ao mesmo anestesista, fornecendo-lhe uma aura mística que ele não pedira, mas insistindo em debater-se como alguém que é quase um "herói da resistência".

Se em momentos de maré alta, ela fortaleceu-se, revelando-se uma mulher guerreira e corajosa, nos de maré baixa, ela surpreendeu-se e quase entregou os pontos. Entretanto, agora ela sabia que a grande onda estava de volta, feito tsunami, a devastar com a sua energia o que encontrasse pela frente.

Parte de um oceano sem memória, mas imponente e inebriante, a onda dificilmente a reconheceria. Não se lembraria que havia passado por ela há dois anos e levado tudo que ela possuía, deixando-a viva para assistir à reconstrução do mundo. Ela se perguntava se seria poupada, se a ela seria concedido o direito de sobreviver à onda, a chance de ver o desastre e ser imune a ele novamente. Se, ao menos, sofreria menos ao ver a morte alheia.

Ela sabia que o medo paralisa, mas, como dizia Vinicius, era preferível viver que ser feliz. O ritual era sempre o mesmo, havia um toque de sedução no ar, um cortejo, como que se fosse a preparação para aquela iniciação. A onda era tão forte, tão poderosa, ao mesmo tempo devastava, mas deixava saudade. Ela sentia arder dentro de si a energia. Como se pedisse a sua volta.

O dia da grande onda estava quase chegando. Só ela, como uma das pouco sobreviventes, havia recebido os sinais, havia sentido sua presença. De repente, a lua cheia se firmou no céu, deixando a todos mais sensíveis e abertos às mudanças, criando um clima de quase devoção àquela luz. No horizonte, só se podia ver a retração do mar.

Ela parou em frente à praia e abriu os braços. A brisa da noite enluarada envolveu-lhe o corpo. Pisou a areia úmida e esperou.

E, em segundos, em pleno janeiro de Capricórnio, sem medo, sem dor, sem razão, ela que sempre sonhou com o mar, olhando para aquele paredão de água salgada, entendeu o mistério da vida...

quinta-feira, novembro 22, 2007

Infinito Particular

Infinito Particular
Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou portabandeira
de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

quinta-feira, novembro 15, 2007

Os homens e seus barcos

Por que os homens constroem barcos? 'Navegando' pelas quase 50 mil fotografias de barcos disponíveis no Flickr, fiquei me perguntando o porquê dessa necessidade, quase uma obsessão, de construir barcos - e fotografá-los!

Barcos são os meios de trasporte mais comuns em praticamente todas as culturas - até para os índios eles são vitais! Aqui, eu incluo as canoas, os botes, as jangadas, os caiaques, os navios, os transatlânticos...

Os barcos servem aos homens para a prática de esportes e para a pesca, além de muitas outras funcionalidades. Mas, por trás deste artefato está o desejo desbravador, de conhecer outros lugares, vencendo rios e mares e descobrindo portos e marinas.


Como fizia o poeta, "navegar é preciso, viver não é preciso"! O que se vê numa carta de navegação é um caminho imaginário, uma rota intangível que viabiliza o desejo de ir de um ponto ao outro. Agora, experimente olhar para a linha do horizonte, deparando-se com o seu infinito particular, e me diga o que ves?

E o que leva os homens a abandonarem seus barcos? A descrença na existência de novos locais a descobrir, de novas paisagens a apreciar? Ou o medo da opressão desse inifinto que é a vida (ou você acredita que ela acaba depois que você morre)? Os barcos estão lá, esquecidos em alguma praia, entre algumas pedras, às vezes congelando, esperando por alguma nova estação ou pela maré cheia, batizados com o nome da mulher amada...



Mulher essa que espera seu homem regressar de sua aventura, dona do abraço mais gostoso do mundo...

segunda-feira, novembro 12, 2007

:: Paris

Meu amigo saiu de férias. Foi viajar. Deparou-se com Paris, em dia de pouco sol.

Tirou uma foto...


Fiquei imaginando o que mais ele viu por lá...

Mesmo sem sol, esta foto ficou linda...meu amigo é perfeccionista!

Desejo, necessidade, vontade...

Desejo (substantivo)
1. Ação de desejar; 2. O que se deseja; 3. Anseio, aspiração veemente; 4. Cobiça; 5. Apetite, vontade de comer ou de beber; 6. Apetite carnal, concupiscência. 7. Desígnio, intenção (Michaellis).

Necessidade (substantivo)
1. Aquilo que é absolutamente necessário; 2. Indispensabilidade; 3. Inevitabilidade; 4. O que não pode ser de modo diverso do que é; 5. O que tem de ser; 6. Fatalidade; 7. Impulso orgânico (Michaellis).

Vontade (substantivo)
1. A principal das potências da alma, que inclina ou move a querer, a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa; 2. Capacidade de tomar livremente uma deliberação; 3. Energia, firmeza de ânimo, fortaleza e perseverança no querer realizar (Michaellis).

Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?

Traduza-me!

"De lo que no cuesta, se llena la cesta..."

(dicho popular de España)

Babel

Entrou no cinema sem saber do que se tratava aquele filme. Não se lembrava de ter visto o trailer e o resumo que o jornal trazia era simplório, não dava detalhe algum. Havia gostado do título e acreditava na força da atuação da dupla de protagonistas. O filme era "Babel", com Brad Pitt e Cate Blanchett, e ainda contava de quebra com a participação do Gael García Bernal.

À medida que a estória ia se desenrolando, ela ia ficando assustada, enjoada, desconfortável com a realidade nua e crua das cenas que iam aparecendo na telona, se descortinando diante de seus olhos. Todas elas lhe faziam refletir muito, sem exceção...chocou-se com a cena das crianças marroquinas que, sem noção do perigo e sem pensar nas consequências, brincam com uma arma de caça... com o pai irresponsável que dá a crianças de dez, doze anos no máximo, uma arma daquelas... com a mulher que fica entre a vida e a morte num vilarejo esquecido no Marrocos, onde ela não tem a menor condição de ser atendida e salva de uma bala perdida...do marido que se sente impotente ao ver a mulher à beira da morte e ele pouco pode fazer para salvá-la...dos companheiros de viagem que não são nem um pouco solidários com o casal, principalmente com a mulher, e agem como se não tivesse nada a ver com aquilo...




Assistindo ao filme, ela se pergunta o que passou pela cabeça do roteirista ao escrevê-lo? Como pode um diretor fazer algo tão impactante como aquilo, sem usar quase nenhuma tecnologia? Ela já havia tentado assistir a outro filme do mesmo diretor Alejañdro Gonzáles Iñárritu - "Amores Perros" - sem muito êxito. Desistiu, justamente por ser forte demais!

Agora, estava completamente aturdida com aquelas cenas... com a babá mexicana que decide ir ao casamento de seu filho no México, levando consigo os dois filhos do casal que está do outro lado do mundo, no Marrocos, vivendo o drama de uma bala perdida... com o sobrinho da babá que decide abandoná-la com as crianças americanas à sua própria sorte no deserto depois que eles são descobertos pela polícia de emigração americana... com a polícia americana que deporta a babá sem permitir que ela retorne à sua casa para buscar tudo o que conquistou durante 16 anos de trabalho ilegal nos EUA - a razão para viver fora de seu país... com a adolescente japonesa que tenta suicídio por ser surda-muda e nunca ter tido um namorado... com seu pai, um homem viúvo, que cinco anos antes havia presenteado um guia camponês marroquino com uma espingarda de caça, que daria início a essa história...



O que a chocou neste filme foram os acontecimentos em cadeia. Mostra-se, com tintas muito fortes, uma verdade inquestionável: o que se faz num determinado ponto do planeta tem consequências indiretas num outro ponto qualquer, ou em mais de um. Mesmo que não nos demos conta disso, temos que ser responsáveis pelos nossos atos.

Ela saiu do cinema ciente de que havia assistido a um grande filme, que lhe havia marcado para sempre. Mas, ao contrário do que ela imaginava, a repercussão em seu país não foi grande. Ela colocou então mais um item nas listas a fazer: comprar o DVD de "Babel", para rever o filme.

E você já viu "Babel"? Se não, vá até a locadora mais próxima: alugue, assista e reflita.

sábado, novembro 10, 2007

Entreouvido por aí...

Como eu adoro esta coluna publicada na Revista de Domingo, do jornal "O Globo", estou anotando algumas pérolas aqui no blog...

Ontem, na hora de nos trazer os talheres, o garçom soltou essa:
"A ordem dos tratores não altera o viaduto..."

Alterava e muito, menino, ou você queria que nós tomássemos a sopa com garfo e faca?

A propósito, esse garçom deve ser um engenheiro frustado, né?

sexta-feira, novembro 09, 2007

:: Cinema :: Leões e Cordeiros

Estreou hoje no Rio de Janeiro o filme "Leões e Cordeiros". Fui ver. Muito interessante, este filme dirigido pelo Robert Redford, faz pensar. Não dá para sair do cinema com aquela sensação gostosa de estar "leve". Sobre a Guerra Norte-americana contra o "Eixo do Mal", a história leva a gente a se perguntar principalmente por que os Estados Unidos têm sempre que se meter em tudo. Recomendo, mas se você é "engajado", tome um antiácido antes. Veja aqui o trailer (http://leoesecordeiros.com.br/) e se inspire!

Antes do filme, paguei um super-mico! Fui convidada a fazer um vídeo de 15 segundos para a propaganda do celular Nokia que passou antes do filme começar! E fiz! Quando me vi na telona, pensei:"Ai, meu Deus, tomara que ninguém me reconheça depois!" Não é que uma moça me reconheceu na saída do Bistrô do Espaço Unibanco? Caramba! Meus 15 segundos duraram mais que alguns minutos!!!

Quando eu estava chegando em casa, crente que aquilo tudo já era suficiente por uma noite, vi um táxi rodar em quase 360 graus. Estava com passageiros... depois que controlou o carro, o motorista deu um cavalo de pau, e seguiu caminho.

Aí, vem cá, você não pedia pro cara encostar e descia do táxi? Que anjo da guarda poderoso esse!

quinta-feira, novembro 08, 2007

Família

Assistir pela televisão ao noticiário tem sido uma tarefa para lá de árdua. A gente vê cada coisa, que se assuta. Das últimas que vi, a mais chocante, com certeza, foi a queda do jatinho comercial que causou a destruição de uma casa onde estava toda uma família. Morreram oito pessoas, dois tripulantes do avião e seis membros da família. Sobrou uma menina de dezesseis anos, internada no hospital, que dizem ser autista. E seu cachorro (mais uma vez os animais, salve São Francisco de Assis!). Juro que fiquei pensando em como esta menina vai sobreviver sem os pais, sem sua família e sem sua casa.

Perdeu, literalmente, todas as suas referências.

Visitando o site do pintor espanhol Quintana Martelo, deparei-me com um quadro que retrata tudo o que é uma família...não preciso dizer nada...

A chuva, a união para vencê-la e se proteger dela, a mãe guiando os filhos, as sombras...simplesmente fantástico.

Bravo!

Pêlo marrom, olhos azuis

Pro cachorro não tem horário. Ele não segue convenções, nem estatutos. Teima em não ser educado. Não sabe, nem de longe, o que é "Lei do Silêncio". Não se importa com as tenras horas da manhã, nem com a calada da noite.

Se o deixam sozinho, ele chora. Chora muito. E uiva para a lua. Percorre a casa, desesperado, ora arranhando a porta, ora roendo a mesa de jantar.

Quando fica feliz, ele late. Late muito. E late alto, a plenos pulmões. Pula, salta, corre de satisfação.

Apesar de grande e bonito, o cachorro é novinho. Tem olhos azuis e pêlo marrom, de raça, um weimaraner. É tratado como um filho.

Ele é um bobo. E não é meu. Mas, eu até que gosto dele. Preciso descobrir o seu nome.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Playmobil - trauma de infância

Eu adorava brincar de playmobil com a minha irmã, quando éramos crianças. Espalhávamos tudo pelo chão do quarto, tínhamos um monte de bonequinhos, mais a casinha, o saloon, a delegacia, o circo...



Depois de tudo montado, a minha irmã sempre me dizia: "não quero brincar mais, não!" Até hoje acho que isso é um trauma. Acho que ela gostava de arrumar as coisas, de construir, mas odiava vê-las prontas, talvez porque quisesse ver tudo sempre inacabado e bagunçado!

Que frustação!

Entreouvido por aí...

Hoje comprei minha segunda saia florida para o verão.



Na hora de pagar, ouvi a seguinte história:

"Estava naquele emprego faziam apenas dez dias. Odiei! Como já tinha um outro em vista, mudei e estou mais feliz. Demorei a aceitá-lo porque era longe, mas vai ser legal. Esse emprego parecia amargo como um jiló, eu demorei a comer, mas ao contrário do que se imaginava, no final, era doce!"

Essa moça não disse tudo? Não é filósofa?

terça-feira, novembro 06, 2007

O Barquinho


Dia de luz festa de sol
E um barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão e o amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar...
Sem intenção,nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol
Beija o barco e luz
Dias tão azuis!
Volta do mar desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar!
Céu tão azul ilhas do sul
E o barquinho,coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz tudo isso traz
Uma calma de verão e então
O barquinho vai
A tardinha cai
O barquinho vai
A tardinha cai...

Quando foi a última vez que você experimentou pela primeira vez uma coisa diferente?

Depois de ouvir esta pergunta em uma propaganda de televisão, ela ficou a semana inteira se perguntando a mesma coisa, só que de formas diferentes: quais são os meus projetos? o que eu tenho vontade de fazer que ainda não fiz? o que me desafia? quem eu sou afinal?

As respostas para tudo isso não vinham, não surgiam, e ela ia ficando angustiada. Parecia que a sua vida tinha entrado numa monotonia sem fim, que ela não tinha ânimo para nada...não malhava, não dirigia, não podia comer quase nada, já que estava numa dieta infernal, não saía para dançar, não bebia... enfim, tinha pouco para contar... e tudo que ela sempre quis na vida era ter história!

Estava aos poucos aprendendo a gostar de si mesma, mas queria experimentar algumas novas sensações. Então, pegou um bloco e começou a fazer uma lista:

1 - voltar a andar de bicicleta - a de verdade, não a da academia!
2 - aprender a dirigir motocicleta - carro não é o lance dela!
3 - saltar de asa delta, parapente, pára-quedas, enfim, correr um certo risco!
4 - aprender a fazer escalada...
5 - conhecer algumas trilhas, do Rio e de outros lugares.
6 - visitar o Caribe Colombiano, que dizem que é lindo!
7 - aprender dança de salão!
8 - entrar para um curso de ourivesaria!
9 - escrever um livro...
10 - apaixonar-se, sem medo de ser feliz!

Achou que estes dez itens da sua lista já eram suficientes para programar 2008. Resolveu que não podia perder tempo, que ações tinham que ser tomadas, que aquilo tinha que deixar de ser desejo e passar à realidade. Afinal, só faltavam dois meses para 2007 acabar. Quem sabe ela não se descobria por ali.

Arrancou a folha do bloco e saiu correndo contra o vento, mas a favor do destino!

domingo, novembro 04, 2007

Lente

Lente
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes / Roberto Frejat

Mudou a minha lente
De repente ficou tudo maior
Mudou a sua lente
De repente ficou tudo menor
Mudou a nossa lente
Ficou tudo do tamanho da gente

A lente não mente
Mente quem está detras da lente
A lente não mente
O objeto transparente
Me deixe ver o que sempre foi aparente

Mudou a minha lente
De repente ficou tudo diferente
Mudou a sua lente
Você estranha o que vê a sua frente
Mudou a nossa lente
Agora você vê e eu te vejo claramente

A lente não sente
Sente quem está detras da lente
A lente não sente
Objeto transparente
Me deixe ver qualquer coisa que eu invente

Depende do ponto de vista
Depende do ângulo certo
Deixa que eu vejo, observe
Um pouco mais longe
Um pouco mais perto
Mas vitrine é vitrine
Depende do ângulo certo
Às vezes me confunde
Às vezes nem define

Objeto trasparente
Me deixe ver qualquer coisa que eu invente

Segredo [4]

De uns tempos para cá, fiquei muito covarde. Principalmente, no que diz respeito às relações humanas. Quando não tenho certeza de que tipo de reação esperar das pessoas, não dou o primeiro passo,..., nem o último.

Tenho sido covarde até com a família, não telefono como medo de incomodar. Este medo de incomodar é que acaba incomodando, eu sei. Acho que a terapia não ajudou.

Esta insegurança me mata! O pior é que eu acho que poucos percebem.

Segredo [3]

Na época que eu era magrinha, roía as unhas. Elas eram horrorosas. Olhava as unhas vermelhas da minha avó e pensava: como eu queria ter as unhas iguais às dela!

Trabalhei para isso, fiz um esforço danado e passei a controlar o meu ímpeto de roê-las.

Hoje, minhas unhas são bonitas! Largas, estão sempre bem cuidadas e pintadas. Gosto de esmaltes claros e dos escuros. Eu mesma as pinto. Minha segunda profissão (fome, não passo!).

Outro dia, ouvi de uma amiga que minhas mãos eram lindas! Fiquei vaidosa!

Segredo [2]

Eu sempre fui muito magrinha. Naquela época, eu tinha inveja das meninas que tinham um corpo bem feito.

Procurei a cura: encontrei uma receita para engordar. Fiz tudo bem direitinho. Direitinho até demais!

Cheguei a ter o corpo que invejava durante um ano: tive até bunda bonita!

Hoje, neste corpo que mais parece a estrada Rio-Santos, com todas estas curvas, não me reconheço.

Tenho inveja das magrinhas.