Mostrando postagens com marcador Dia das Mães. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dia das Mães. Mostrar todas as postagens

domingo, maio 10, 2009

Sonhos e o dia das mães

Acho que este post vai ficar meio chato, mas é que eu estou precisando desabafar, e o blog às vezes serve pra isso. Hoje eu acordei meio melancólica. Pelo simples fato que hoje é o Dia das Mães.

Estive com uma amiga outro dia e ela me disse que há pouco tempo tinha se dado conta de que o Dia das Mães e o Dia dos Namorados são datas muito próximas. Estas duas datas são muito importantes para ela atualmente, e o fato dela não estar namorando e não ter filhos começou a incomodá-la agora mais do que antes.

Pra mim, a falta de filhos já me incomoda há muito tempo. Ter filhos sempre foi um grande sonho. Eu sempre pensei na minha casa cheia de filhos, nas festinhas que eu ia fazer para eles, nas brincadeiras de criança que eu ia tirar do fundo do baú da minha memória e na alegria de ler livrinhos infantis pra eles antes deles dormirem. Sempre me achei imatura para a vida, muito Poliana, mas tinha uma certeza dentro de mim de que quando eu tivesse filhos, essa imaturidade cairia por terra e eu me tornaria madura de uma hora para a outra: seria o peso da responsabilidade. Eu sempre me imaginei grávida e achava que seria uma linda grávida e mais bonita ainda quando mãe.

Tem horas, como hoje e o resto da semana passada, que eu fico pensando nessa perguntinha da foto aí de cima: será que eu não coloquei simplesmente o meu sonho de lado e comecei a pensar em mim mesma sem filhos pelo simples fato que esse assunto sempre leva a uma discussão tremenda aqui em casa? As conversas sobre este assunto são sempre difíceis e as últimas discussões tem levado sempre a uma saída que não nos leva a lugar nenhum.

Enquanto isso, eu fico me perguntando porque sou tão incompetente. Será que há algum motivo inconsciente que me impeça de engravidar? Será que a sabotagem é minha e é derivada de algum instinto de auto-preservação ou sou eu mesma que decidi que não quero perder a minha condição de filha para assumir a condição de mãe, de ser responsável, daquela que abre mão das coisas pelos filhos... Mas, que tantas coisas assim que eu teria para abrir mão?

Na médica, outro dia, me dei conta, no meio do nosso papo, que eu já levava vida de mãe sem ter filhos. Daquela que não vai pra farra, que não vira noite na rua, que usa os finais de semana para cuidar da casa, para cozinhar, enfim, é uma mãezona, com corpo de mãe, sem ter gerado ninguém. Tem alguma coisa muito errada nisso. A ginecologista me perguntou se eu estava disposta a envelhecer e abrir mão desse sonho, se eu queria isso pra mim, e eu não soube o quê responder.

Esta semana, fiquei danada porque o vendedor que me atende numa loja me ligou e me disse que tinha um presente do Dia das Mães para mim. Ele está cansado de saber que eu não tenho filhos e não foi capaz de anotar isso na minha ficha. Isso porque ele me atende há mais de cinco anos! Parecia que tudo contribuía para compor uma teoria da conspiração.

E as mães e futuras mães com as quais estou sempre esbarrando? No meu andar, lá no trabalho, tem mulher pra caramba. Todo ano, tem umas quatro ou cinco grávidas. Quando a gente entra no banheiro, lá estão elas falando de cremes, de fraldas, de móveis, de reformas no escritório de casa, na babá que elas vão precisar contratar, na roupa que elas tiveram que alargar... E eu, que sempre que me imaginei de bata, de vestidão, fico com horror àqueles assuntos, fico querendo mudar de banheiro, fico torcendo para que elas decidam ir conversar lá fora, para que eu fique um momento em paz.

Não fosse isso, a programação da tv é temática. Hoje, por exemplo, no Globo Esporte, a matéria principal foi sobre Hidroginástica e Ioga para grávidas!!! Demais, não?

Hoje eu sentei pra escrever um cartão pra minha mãe e fiquei pensando no texto:

"Mãe, me desculpa pelo neto ou neta que eu ainda não te dei.
Me desculpa pela minha incompetência."

Ao contrário disso, escrevi algo que eu sabia que ia fazê-la sorrir.

As minhas avós não tiveram o prazer de ver os bisnetos nascerem. Eu me ressinto disso. Pra piorar, quando olho pra minha mãe e vejo ela brincando com o filho do meu primo, vejo como ela queria ter um neto. Vejo o quanto o meu desejo fraco faz mal não só a mim mesma, como faz mal a ela e ao meu pai. Mas, eu ainda não encontrei o caminho. Espero que um dia eu encontre.