segunda-feira, novembro 06, 2006

Verdades e consequências...

(toc toc toc)

- Quem é?, ela pergunta.

- Sou eu, me deixa entrar!

- O que é que você quer?

- Quero falar com você, me deixa entrar!, ele grita.

- Espera um pouco...

(tum tum tum)
- Me deixa entrar! Você não vai abrir esta porta?

(Ela abre a porta para ele)

- O que é que você quer falar comigo? (dando as costas)

- Tudo! Já chega! Chega da gente brincar que não está acontecendo nada entre nós! (nervoso)

- Mas, afinal, o que é que está acontecendo? (ansiosa)

(Ela caminha até a porta da varanda, abre uma fresta, sente o vento em seu rosto e fica segurando o choro)

- Por que você saiu da festa?, ele pergunta.

- Eu não estava me sentindo bem.

- Mentira! Não foi isso! Por que você saiu da festa? Fala de uma vez!, ele grita de novo com ela.

- Pôrra! Ciúmes! Eu estava morrendo de ciúmes! Satisfeito? Pronto, era isso que você queria ouvir!?

- Era.

(Ela senta na cama, apóia os cotovelos nos joelhos e segura a cabeça entre as mãos)

- Eu tô apaixonda por você, pôrra! Pronto, falei! Que saco! Já estou cheia de ficar escondendo isso! Ver você com aquela mulher dói mais do que tudo nesta vida! Eu tô de saco cheio de ficar sentindo isso...ainda mais porque eu sei que não vai me levar a nada! (ela esbraveja com ele)

(Ela então se ajoelha na beira da cama e chora).

- Por favor, me livra desse sentimento! (olhando para ele) Me deixa seguir o meu caminho, me deixa tentar ser feliz! De algum modo, eu tenho que tentar ser feliz longe de você! Você precisa me deixar ir!

(Ele puxa o corpo dela na direção do seu e lhe dá um beijo apaixonado, demorado, quase desesperado)

- Finalmente! Eu precisava provocar isso! Eu precisava que você tomasse coragem para me dizer o que está dizendo, que você se sentisse pressionada para dizer tudo isso para mim, porque eu queria muito te dar esse beijo, te abraçar, ficar com você...

- Eu...eu...nem sei o que dizer (chorando e rindo o mesmo tempo, e se sentindo patética)

- Não diz, me beija, me beija com vontade, me abraça forte...Dançar com ela foi só pra te fazer ciúmes...

(E ele a beija de novo, e ela o ajuda a despir-se e ele desabotoa a blusa dela, e eles se amam com uma intensidade, suam de pingar, impregnando nos lençóis e por todo o ambiente um cheiro de amor rasgado que jamais haviam sentido...era muita paixão represada...)

(Mais tarde...)

- Por que você não foi direto? Por que você não disse antes o que sentia?, ela o interroga...

- Mas eu disse! Várias vezes! Você é que não compreendia, ou fingia não compreender. Eu me declarava e você se recolhia. Aí você vinha com uma conversa "mole" e eu não entendia nada... já estava quase desistindo.

(Ela levanta e acende um cigarro, nua. Ele fica observando o corpo daquela mulher, sua mulher naquela noite, embevecido e orgulhoso.)

- Eu amo você, sabia? Eu seria capaz de mudar a minha vida completamente por sua causa. Mas, sinceramente, não sei o que você quer!, ela diz.

(Ele olha bem nos olhos dela e suspira...)

- Vamos deixar para pensar nisso depois? Deita aqui, vamos repetir a dose. Me deixa ser o homem mais feliz do mundo, só esta noite!?

(Ela deita, o amor recomeça. Eles dormem e sonham juntos. ... Antes que ele acorde, ela se levanta, toma um banho e sai para caminhar pelo hotel.)

- O quê que eu faço? Ele vai acordar... será que vai se lembrar de tudo que fizemos? Será que vai se arrepender? Será que gostou?, ela se pergunta...

(Volta ao quarto e encontra um ramo de bouganvilles sobre seu travesseiro, a cama ainda com os lençóis impregnados do amor que rolou. Também há um bilhete:

"Não pense, apenas sinta. Nossa noite foi demais. Beijos")

E amanhece.

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