domingo, abril 29, 2012

Vingativa, eu?

Eu não me considero uma pessoa vingativa. Não, não sou. Normalmente, sento e espero a raiva passar antes de agir com a cabeça quente.

Já me vinguei de uma pessoa, há muito tempo atrás. Quando ainda era muito jovem. Sabe aquelas coisas que você faz, intencionalmente? Pois é. Eu fiz. Não é nada agradável, se você tem no espírito a filosofia de ser bom, principalmente quando seu plano dá certo. Daí você fica remoendo o resultado e eu posso atestar: "não vale à pena"! Decididamente!

Meu vizinho no edifício anterior tinha um cachorro, um weimaraner. Eu até fiz um post sobre isso, certa vez.  Depois, comprou outro, um dinarmaquês. Morávamos num apartamento de 105 m2, eu em cima, ele embaixo com o filho adolescente, a mulher e os dois cachorros.

São esses aqui.

 O dinamarquês


O weimaraner


Confesso que, do dinamarquês, eu tinha medo. Quando sobre as duas patas trazeiras, ficava mais alto do que eu. Imaginava todo dia que ele me derrubaria no chão se resolvesse brincar comigo. Então, passva longe. Fora que meu vizinho não gostava de pet shop. Ou seja, sempre dava banho nos cachorros em casa, no banheiro embaixo do meu. O cheiro era insuportável. Parecia que tinha um bicho morto dentro da minha casa.

O dinamarquês era bem novinho, e como criança, grande e desengonçado, derrubava tudo a sua volta assim que chegava em casa de suas andanças pelo quarteirão. O weimaraner era bem mais velho, mais quietão.

Meu marido tinha um apreço especial pelos cachorros, talvez por ter tido cachorros na infância. Eu torcia fervorosamente para que Deus colocasse um pouco de sanidade na cabeça daquele vizinho e ele resolvesse se mudar para uma casa, onde os cachorros pudessem correr e brincar livremente. Com o tempo, os demais vizinhos de andar passaram a se queixar com o sindíco do mal cheiro dos cachorros e o pobre dono foi se sentindo rejeitado por todos, que torciam-lhe a cara quando passava e brigavam com ele invariavelmente em todas as reuniões de condomínio.

E, para a minha felicidade, houve um dia em que ele resolveu que era hora de se mudar para uma casa em Piratininga. Lá foi ele para Niterói com os dois cachorros. Eu só faltei soltar rojão!

Recentemente, me mudei de apartamento, deixando para trás as histórias daquele edifício. Não é que meu marido chegou em casa outro dia, munido das correspondências que ainda estavam sendo enviadas para o endereço antigo e com a triste notícia que os dois cachorros haviam morrido? O weimaraner, morreu de velho, não se adaptou. O outro, foi atropelado, pois alguém esqueceu o portão aberto.

Confesso que achei um triste fim para dois animais tão amados pelo dono. Porque eles podiam ser fedorentos, mas que aquele cara adorava aqueles cachorros, adorava. Ah, adorava.

Se um dia eu pensei nisso, ai, Deus, peço perdão. Aqui, em público. Pobres criaturas, à mercê dos humanos!

Música de hoje: Dust in the Wind - Scorpions
 

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