segunda-feira, janeiro 11, 2016

Uma busca (im)possível



Acabar um relacionamento nunca foi fácil para ela. Mas sempre foi mais fácil quando o relacionamento não era lá tão importante. Nessas horas, o ex-namorado virava amigo. E permanecia na vida dela, como aquelas pessoas interessantes que um dia deixaram uma lembrança boa, mas nada além disso.

Terminar um relacionamento onde havia muito amor envolvido, aí sim era difícil. Porque quando há amor, a gente não quer mesmo que acabe. Os relacionamentos eram interrompidos, mas o amor estava lá. Ficava uma ferida aberta, que só o tempo era capaz de apagar.

Curioso que em tempos pré-redes sociais, o contato simplesmente deixava de existir. Bastava que se esquecesse o telefone, ou deixasse de ir aos lugares frequentados pelo casal, a pessoa desaparecia. Era até engraçado quando ela se dava conta de que não via mais, de que não tinha mais notícia. A memória daquela pessoa tão amada ia desaparecendo. Primeiro, ela percebia que sumia a voz. Depois, o cheiro. Aí o rosto começava a esmaecer. Mesmo com todo o amor do mundo.

Encontrar alguém que decidia sumir por livre e espontânea vontade era algo quase impossível. Tarefa para investigador particular, muita grana, muito tempo investido.



 
Agora não. Você pode terminar com alguém e continuar tendo notícias dela. Você encontrar qualquer um facilmente, basta ter um pouquinho de inteligência. Mas, nem precisa isso. Já que todo mundo está conectado, e a teoria dos seis graus de distância entres as pessoas parece não mais se aplicar nos dias de hoje, é como se o mundo fosse uma ilha. Se o cara arruma outra, o seu mundo cai em dois tempos. Por isso, ela foi se tornando especialista em reclassificar os “amigos” nas redes sociais, de modo a tirá-los da pauta.

Melhor não ver do que saber. Afinal, os tempos mudaram, mas o ditado continua o mesmo: “o que os olhos não veem, o coração não sente”. E como se pode ser o que quiser numa rede social, a ideia das máscaras tornou-se cada vez mais forte para ela. Era como uma sensação: a pessoa está ferrada, deprimida, angustiada, mas sua vida é um “céu de brigadeiro, um mar de almirante”!

Por isso, a busca pela verdade acabou por se tornar uma missão (im)possível. O que é verdadeiro nos tempos de amor líquido? O que passa na cabeça daquele que evapora da sua vida? Vontade de não se envolver? Está feliz ou triste com a decisão? Não tem como saber... Ela ainda busca a fórmula do amor... Quem sabe um dia?


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