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quarta-feira, junho 27, 2012

Persistência e acaso

  E foi então que o galho retorcido encontrou finalmente a luz do dia...


Enquanto tentava se concentrar no trabalho, sabia que ele estava na outra mesa, olhando ela trabalhar, meio de rabo de olho. Então, mirou no painel que construía e deixou que ele se divertisse com o que via na tela de seu computador. De vez em quando, ele dava uma ou outra risada - nervosa, diga-se de passagem - e ela pensava em como ele era bobo - deliciosamente bobo.

Tinha dito que precisava sair às cinco em ponto, porque senão perderia seu ônibus. Ela já tinha avisado: são 5 para as 5. Vai perder o ônibus. Depois, percebeu que ele tinha que ir... mas não queria ir. Ela estava ali, trabalhando sentada de frente para ele, na sala dele, e ele estava incomodado...

Enquanto escrevia, ela pensava: aviso ou não aviso? Já deu cinco horas! Foi então que outro serzinho interior entrou em cena: Avisa nada, boba, ele já é bem grandinho. Se não foi, é porque não quer ir. Imediatamente, ela se viu numa cena de desenho animado em que anjinho e demônio ficam duelando como se fossem duas vozes de consciência distintas. A voz boa então replicou: mas se ele não for, vai ficar cansado. Amanhã, ele tem que estar inteiro para o evento. E a outra então retrucou: Que nada, boba, olha que delícia esse homem aí se exibindo todo pra você. Você está até gostando...

É, de fato, ela estava gostando. Tinha tanto tempo que havia esperado por esse momento, de estar assim perto. Mesmo que isso nunca desse em nada, finalmente, ela estava ali pertinho dele, usufruindo de sua companhia.

E pensando por que é mesmo que algumas pessoas insistem em fazer parte da nossa vida, não é mesmo?

Música do dia: Só Hoje - Jota Quest

-- Porque ao ouvir esta música, ela sempre se lembra dele.

domingo, maio 20, 2012

Traídos

 
Ele bateu a porta, deixando para trás 20 anos de vida em comum, 10 anos de prestações da casa própria ainda não pagas, muitas brigas, muitos sonhos e, principalmente, o amor da sua vida.

"Não tem volta!", pensou, "desta vez, não tem volta!".

Descobrira recentemente o caso de sua mulher. Não sabia se teria sido o primeiro. Já durava dois anos. Depois de um tempo de romance escondido, ela passou a lhe deixar pistas. Fazia de tudo para que ele descobrisse sua "pulada de cerca".

Ele, que havia meses já tinha percebido a mudança de comportamento de sua mulher, fazia que não via. "Ah, mas está bom assim. Ela mudou, se arruma mais, sai mais com as amigas, não me enche o saco e não me cobra mais aquele sexo banal de fim de semana. Ah, pra quê eu vou procurar saber o porquê. Está ótimo. Posso continuar aqui com o meu jornal".

Era isso que a torturava. Se sentia traída pela falta de interesse dele.

De repente, tudo ficou demais. Agora ela estava iluminada. Ria alto. Mudou o cabelo, emagreceu, fazia ginástica, yoga, pilates, com o maior afinco. Deu um jeito na carreira, arrumou novos amigos, saía para 'happy hours', vivia viajando. Ele havia sido relegado a um segundo plano bastante dolorido. "Não que eu me importe", pensava ele quando ela saía.

Ela já não falava mais com ele quando entrava em casa, não perguntava mais o que ele queria comer enquanto preparava o jantar e havia cismado em deixar a fatura do cartão de crédito aberta em cima da mesa... sempre!

Um dia, ele resolveu investigar onde ela gastava seu dinheiro. Começara a comprar numas lojas diferentes, lojas de homem, coisas que ele não vira pela casa, nem eram pra ele. Desconfiou, muito. Perguntada algumas vezes sobre aquilo, ela mudou de assunto, inventou descuplas rotas, saiu pela tangente. Mentiu de um jeito estranho, como que se não quisesse mentir.

Ele então sentiu falta de sua raquete de tênis, sa sua bola de voley, de tempos em tempos parecia que algo saía a passear com ela. Ela viajava a trabalho, mas levava maiô, chapeu de palha, chinelo e muitas, muitas roupas informais.

Um sábado de manhã, enquanto tomava seu uísque e esperava pelo almoço de família, assisitiu impávido a ela colocar um CD do Chico para tocar e sair cantarolando...


"...Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo por que choras, quando eu choro de rir
Te perdôo por te trair..."

"Aí, não". Catou o CD do Chico, mudou de roupa e saiu. "O Chico, não. Aí, não tem volta".


Música do dia: Mil perdões - Chico Buarque


quinta-feira, agosto 27, 2009

Das máscaras que a gente usa

Tem um dia que você acorda e vê tudo nublado. Quando chega no trabalho, está todo mundo conversando alegremente. Você se pergunta prontamente o que está fazendo ali que não está na praia curtindo a vida, ou nas montanhas pisando a terra, cheirando o mato e ouvindo os grilos e passarinhos...

Aí alguém te dá um bom-dia e diz que sonhou com você. E é impossível não pensar que aquilo não foi sonho, foi pesadelo, porque a sua relação com aquela pessoa não anda lá das melhores, anda meio arranhada e te dá até medo de perguntar o que foi o sonho. Então, você opta por não perguntar e troca a pergunta por um sorriso amarelo.

Então, durante todo o dia, você fica o dia todo fugindo de reuniões. Não as quer, não precisa delas, elas também não precisam de você. Nada será decidido, nada que vale à pena será dito, apenas um monte de gente terá que se aturar e um ou outro vão se dignar a te dar um sorriso sincero no meio disso tudo.

E por mais que você use a máscara do sorriso perfeito e pense no quanto você precisa contribuir para o bem-estar de todos e para o bom clima organizacional, o copeiro nota que você não está lá nos seus melhores dias e que o Vertix que você está tomando está te deixando muito mal, muito apagada, muito sonada, muito sensível.

O colega ao lado tenta brincar contigo, e você tenta retribuir a gentileza porque sabe que ele está apenas procurando levantar o seu astral, quando na verdade o que você gostaria mesmo era pedir um abraço apertado, daqueles em que você diz, sem dizer: "Me tira daqui, me leva pra bem longe!", mas você não pede o abraço, e fica com o nó da angústia o dia inteiro te consumindo, mas pensando que hoje é dia dos "aniversariantes do mês" e você é uma das homenageadas, e que o tema é Folclore.

Aí você descobre que quem teve essa idéia de fazer festinha temática sobre Folclore, onde os grandes astros são a mãe-d'água, o boitatá, a mula sem cabeça, o saci-pererê e afins, foi uma grande amiga, e o chefe tentando ser simpático tem outra idéia - essa infeliz - e pede para as pessoas (a maioria mulheres) que estão comemorando o aniversário escolherem um dos personagens com as quais mais se identifiquem (!!!!! como assim ???? isso contribui para o clima organizacional????) e você pensa logo na mula (sem cabeça), mas no fundo quer mesmo saber o que está fazendo ali que já não foi embora. Ah, mas tem as fotos ainda!

E no final do dia, chega em casa e as coisas não estão lá muito bem, e você fica se perguntando onde estava o Caetano quando escreveu: "alguma coisa está fora da ordem...". Será que ele estava espionando a sua vida?

Certas máscaras acabam sendo mais pesadas do que a gente pensa. Certas máscaras são difíceis de usar. Elas nos mostram fortes, mas escondem quem de fato nós somos, como nós somos. Sinto falta do cafuné da minha mãe, quando eu deitava na cama à noite e precisava chorar. Hoje, não tenho mais isso. Sei até que quem tem, muitas vezes, não dá valor. Que pena...

Quando desabafamos com um amigo ou amiga e contamos que choramos mais de meia hora a ponto de soluçar por uma angústia inexplicável (que talvez possamos explicar, mas não a ele / ela), esperamos que ele apenas nos brinde com o silêncio compreensivo e acolhedor. Mas, e se ele nos vê tão forte que não acredita que haja motivo pra tanto choro? É a máscara e seu efeito. Aquela máscara que nos impede muitas vezes de dizer o que sentimos, de fazer o que queremos, de sumir, de dar o famoso "perdido"...

Um dia, quem sabe ela cai...

____________
PS.: Perdão, amigos, pelo péssimo português, mas foi um desabafo e não cabe à mim corrigir.

quarta-feira, maio 13, 2009

O mundo é uma coisa da sua cabeça!

Essa loucura é coisa da sua cabeça!
Esse amor é coisa da sua cabeça!
Esse stress é coisa da sua cabeça!
Essa amizade é coisa da sua cabeça!
Essa perseguição é coisa da sua cabeça!
Esse rolo com aquele cara gostosão é coisa da sua cabeça!
Esses maltratos são coisa da sua cabeça!
Essa safadeza é coisa da sua cabeça!
Essa sacanagem é coisa da sua cabeça!
Esse mal humor do chefe é coisa da sua cabeça!
Esse muleque cheirado que está te perseguindo na rua é coisa da sua cabeça!
Esse por do sol maravilhoso em Ipanema é coisa da sua cabeça!
...
Ou seja, você não existe! O mundo não existe! Isso é tudo 'coisa' que estão colocando na sua cabeça! Fique calmo, ou seu único traje será a camisa de força! Neste mundo, os fracos não têm vez! Easy, man!