quinta-feira, agosto 27, 2009

Das máscaras que a gente usa

Tem um dia que você acorda e vê tudo nublado. Quando chega no trabalho, está todo mundo conversando alegremente. Você se pergunta prontamente o que está fazendo ali que não está na praia curtindo a vida, ou nas montanhas pisando a terra, cheirando o mato e ouvindo os grilos e passarinhos...

Aí alguém te dá um bom-dia e diz que sonhou com você. E é impossível não pensar que aquilo não foi sonho, foi pesadelo, porque a sua relação com aquela pessoa não anda lá das melhores, anda meio arranhada e te dá até medo de perguntar o que foi o sonho. Então, você opta por não perguntar e troca a pergunta por um sorriso amarelo.

Então, durante todo o dia, você fica o dia todo fugindo de reuniões. Não as quer, não precisa delas, elas também não precisam de você. Nada será decidido, nada que vale à pena será dito, apenas um monte de gente terá que se aturar e um ou outro vão se dignar a te dar um sorriso sincero no meio disso tudo.

E por mais que você use a máscara do sorriso perfeito e pense no quanto você precisa contribuir para o bem-estar de todos e para o bom clima organizacional, o copeiro nota que você não está lá nos seus melhores dias e que o Vertix que você está tomando está te deixando muito mal, muito apagada, muito sonada, muito sensível.

O colega ao lado tenta brincar contigo, e você tenta retribuir a gentileza porque sabe que ele está apenas procurando levantar o seu astral, quando na verdade o que você gostaria mesmo era pedir um abraço apertado, daqueles em que você diz, sem dizer: "Me tira daqui, me leva pra bem longe!", mas você não pede o abraço, e fica com o nó da angústia o dia inteiro te consumindo, mas pensando que hoje é dia dos "aniversariantes do mês" e você é uma das homenageadas, e que o tema é Folclore.

Aí você descobre que quem teve essa idéia de fazer festinha temática sobre Folclore, onde os grandes astros são a mãe-d'água, o boitatá, a mula sem cabeça, o saci-pererê e afins, foi uma grande amiga, e o chefe tentando ser simpático tem outra idéia - essa infeliz - e pede para as pessoas (a maioria mulheres) que estão comemorando o aniversário escolherem um dos personagens com as quais mais se identifiquem (!!!!! como assim ???? isso contribui para o clima organizacional????) e você pensa logo na mula (sem cabeça), mas no fundo quer mesmo saber o que está fazendo ali que já não foi embora. Ah, mas tem as fotos ainda!

E no final do dia, chega em casa e as coisas não estão lá muito bem, e você fica se perguntando onde estava o Caetano quando escreveu: "alguma coisa está fora da ordem...". Será que ele estava espionando a sua vida?

Certas máscaras acabam sendo mais pesadas do que a gente pensa. Certas máscaras são difíceis de usar. Elas nos mostram fortes, mas escondem quem de fato nós somos, como nós somos. Sinto falta do cafuné da minha mãe, quando eu deitava na cama à noite e precisava chorar. Hoje, não tenho mais isso. Sei até que quem tem, muitas vezes, não dá valor. Que pena...

Quando desabafamos com um amigo ou amiga e contamos que choramos mais de meia hora a ponto de soluçar por uma angústia inexplicável (que talvez possamos explicar, mas não a ele / ela), esperamos que ele apenas nos brinde com o silêncio compreensivo e acolhedor. Mas, e se ele nos vê tão forte que não acredita que haja motivo pra tanto choro? É a máscara e seu efeito. Aquela máscara que nos impede muitas vezes de dizer o que sentimos, de fazer o que queremos, de sumir, de dar o famoso "perdido"...

Um dia, quem sabe ela cai...

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PS.: Perdão, amigos, pelo péssimo português, mas foi um desabafo e não cabe à mim corrigir.

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