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sexta-feira, julho 05, 2013

Desejo...




Como não sucumbir ao desejo
se ele nos toma de assalto toda
razão existente?
E se se apossa de nosso corpo
como espírito perdido a procura
de abrigo?

Como fechar os olhos e os sentidos
diante do corpo desejado?
Se não se pode tê-lo, para quê
vê-lo nu em pelo?
Como disfarçar o desejo ardente, inebriante
e febril diante de objeto tão obscuro?

04.07.2013


quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Desassossego

 


Aquilo sim era um sentimento complexo. Eles não se desgrudavam. Mas, também, não passavam disso. Eram amigos. Durante muito tempo, não acreditaram que pudesse haver amizade entre homem e mulher. No entanto, naquele caso, era extremamente conveniente que se mantivessem apenas amigos, principalmente aos olhos dos outros.

Desde que se conheceram, viviam de perseguir um ao outro. Um desassossego. A vida dos dois seguia normalmente, namorados, noivos, parceiros apareciam. E eles insistiam em se manter próximos, amigos, para desconfiança geral.

Eles mesmo, como nunca haviam dito uma palavra sequer para o outro a respeito, permaneciam imersos numa névoa, numa desconfiança... um sofrimento, uma falta de sono.

Ele as vezes se perdia pensando em casa, sozinho, no que ela estaria fazendo. Estaria cozinhando, tomando banho, lendo?... e se estivesse lendo, estava lendo o que? Ela, por sua vez, pensava nele como um  dorminhoco, mimado, que gostava de agrados sem fim. Mas, também, um cara ativo, solar, que gostava de rua, de praia, de luz... O cara que uma vez ela sonhou em ter só pra ela. Sonhou mas abandonou o sonho. "Impossível!, pensou. E como tudo aquilo no qual a gente não crê, aquilo nunca se realizou.

Era um tal dele dizer como ela deveria agir, como deveria fazer, e de se preocupar com ela, e de querer cuidar. "Mas, que cara confuso!", ela pensava. Ele tinha um medo danado da força dela. Ao mesmo tempo que ela o atraia, ele sentia que não podia com ela, com o tamanho daquele desejo que transbordava nos olhos, que enxia o ambiente quando ela chegava, que pulsava naquele sorriso que ela dava só pra ele, que se revelava naquele jeito dela de deixá-los a sós mesmo quando estavam num ambiente lotado de gente. "Eu não tenho como lidar com isso, melhor deixar pra lá...", ele sentenciou, abrindo mão da vontade de viver aquilo até o fim.

Em silêncio, foram permanecendo juntos por muito tempo, enquanto havia um desassossego entre eles, uma faísca, uma energia ardida que nem pimenta... ainda que ambos achassem uma pena tanta covardia...

segunda-feira, outubro 29, 2012

Finalmente o início


Ela abriu a blusa pra ele, deixando revelar sutilmente o sutiã de renda. Ele passou a mão pelos cabelos daquela mulher que ele não conhecia. Onde ela tinha estado todo esse tempo? Uma mulher que seduz, uma mulher que é bonita, feminina, a mulher que ele queria ver há muito tempo... Ele estava feito louco, como alguém que percorre longos quilômetros num deserto com muita sede e se depara com um lago no meio de um oásis...

Pelo colo dela, pendia um colar de pérolas, comprido, que denotava pureza e sensualidade ao mesmo tempo. O movimento do colar, à medida que seu corpo se mexia, o hipnotizava. Ele não conseguia tirar os olhos da dobra dos seus seios, nem da brancura da sua pele. Ela supunha que o estava encantando, mas não tinha certeza de nada.

Ele havia derrubado suas convicções no último encontro. E, por fim, depois de todas as loucuras que ouviu dele, ela tinha desistido de jogar. E ele só sabia agir assim, jogando. Ela não jogava nunca.

Ele chegou perto dela, bem perto. À medida que ele foi se aproximando, ela foi sentindo o corpo esquentar, esquentar, esquentar... e à medida que o corpo esquentava, ela suava, e os pingos de suor pelo seu rosto lhe causavam ansiedade, medo de estar sendo inaedequada, aflição... enquanto que ele só conseguia pensar em lamber aquele suor salgado, do alto da testa até onde acabava aquele colar de pérolas, entre os seios dela.

Ele falou alguma coisa com pouco sentido a respeito do calor e abriu a camisa também, deixando os pelos brancos de seu peito aparecerem pra ela. Lá estava o homem vivido por quem ela havia se encantado desde o primeiro dia. Um homem que sabe ser suave quando quer, gentil quando quer, que tem cuidado dela há tanto tempo, repetindo que ela deve buscar seu oxigênio dentro de si, sem depender de ninguém.

A seu grosso modo, ele tenta ensinar alguma coisa para ela, e mostra que se importa, daquele jeito que ninguém consegue entender bem. Nem ela. Mas, olhar aquele peito fez com que ela esquecesse das sandices dos últimos dias, fez com que ela o quisesse muito, como nos velhos tempos, como se no mundo só existissem os dois, mais ninguém.

Sentados de frente para o outro naquele sofá, sem dizer nada, eles entrelaçaram uma das mãos enquanto ele acariciava os cabelos penteados dela. Ele sabia que aqueles cabelos poderiam ser suaves e macios. Ele queria sentir aquele toque. Ela olhou bem fundo nos olhos dele e ele entendeu que era hora do tão esperado beijo. Por que aquele momento tinha demorado tanto a acontecer? Por que eles tinham tanto medo?

Foi-se o tempo que ela teria dito não àquele homem. Foi-se o tempo que ele teria aceitado o não dela. Se ela estava com medo, ele iria demovê-lo, iria espantá-lo para bem longe dali. Porque aquele era o momento deles, e eles iriam até o fim.

Ou até o início...

E da carícia naquele cabelo, ele beijou-lhe a orelha esquerda com um toque que parecia mágico de tão especial. Ela tinha medo que acabasse, que aquilo fosse só um sonho e que estivesse prestes a acordar a qualquer momento... se isso é um sonho, que ele dure.

Veio da orelha para o rosto, beijou-lhe o nariz, os olhos, a testa, o espaço entre o nariz e a boca, o queixo, ... e ela foi se derretendo... e finalmente, beijou-lhe a boca, bem devagarinho, o lábio inferior, depois sugou-lhe o lábio superior, buscou sua língua, percorreu o céu estrelado da sua boca, encantou serpentes... e ela ali, sonhando com a realidade desejada.

Até que se abraçaram, ela sentou em suas pernas e sentiu, rapidamente, ele dentro dela. Foi encantado, foi mágico, foi sua primeira vez. Mesmo tendo vivido isso com outros homens, com ele foi tão perfeito, foi um encaixe tão certo, como se tudo tivesse sido programado para ser assim desde o início, que ela só entendeu naquele momento, enquanto trotava sobre o corpo dele, que ela tinha finalmente entendido o que era aquele amor todo, aquela paixão desenfreada, aquele sentimento que não acabava, que a mantinha perto, muito perto, por tanto tempo.

Passaram a noite ali, uma, duas, três vezes, se amando, grudados, sorvendo um do outro aquilo de que mais precisavam. Viram o amanhecer, a luz entrar pela janela. Evitaram dormir, para não acordar. Evitaram dormir, para não perder um segundo daquela respiração, da respiração do outro, do suspiro do outro...

Antes de voltar a vida real, ele passou o braço por trás dela e a trouxe contra seu peito, e ficou ali com ela, alguns minutos, acalentando sua menina-mulher, desabrochada pra ele, encantada e desencantada, finalmente dele...