segunda-feira, janeiro 07, 2008

Guerra

De tanta bala perdida, eu já estou toda furada, cheia de cicatrizes. Quando há uma guerra dentro da gente, há que se ter muito cuidado. É preciso tratar o caso com seriedade. Como cidade partida, sem lei, nem ordem, não! Como coração partido, não em dois, mas em mil pedaços, sem governo, sem rumo, sem direção.

Parece que Caetano sabe traduzir minha agonia interna muito bem... nas letras mais simples, ele expõe a minha angústia como se me conhecesse...

eu não me arrependo de você
cê não devia me maldizer assim
vi você crescer
fiz você crescer
vi cê me fazer crescer também
pra além de mim

Ao ouvir esta música, fiquei me perguntando do que eu gosto em você e, porquê depois de tanto tempo juntos, ainda vivo nesta guerra... a guerra da dúvida, do descaminho.

Gosto quando você me aperta, me esquenta, me faz suar, me cheira, me beija... gosto deste chamego. Mas, me aflige, me perturba o seu tempo de solidão. Até hoje, não sei lidar com ele. Vira guerra e quem está mais perto - você ou eu - acaba atingido.

E eu sei que não sei lidar com você. Este tempo de que você precisa, eu não sei dar. Se te sufoco, me repreendo. Se te abandono, me angustio mais. Se a gente cresce juntos, parece que não é no amor.

E quem eu amo? O que eu amo? Quem eu tenho sido neste tempo em que estamos juntos?

Eu sei que você me fêz crescer, assim como eu... mas crescer para onde? Viver o quê? E o quê temos vivido?

O quê que eu faço com esta sensação de ter vivido menos do que eu poderia ter vivido? Será que você poderia mudar de lado, deixar de ser país inimigo e passar a lutar junto? Será que sonhar o mesmo sonho é mesmo assim tão difícil?

Reflexões de uma guerra sem heróis, nem vitoriosos...

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